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Focus: projeção para a inflação em 2022 sobe de 7,46% para 7,65% e segue longe da meta
Mercado Financeiro

Bolsa cai 2,11% com IPCA-15 e expectativas com a nova Selic; dólar sobe a R$ 5,57

O mercado está em compasso de espera pela decisão do Copom sobre a Selic, o que penalizou a Bolsa e elevou o dólar e os juros futuros

Data de publicação:26/10/2021 às 18:02 -
Atualizado 2 anos atrás
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A Bolsa de Valores fechou o pregão desta terça-feira, 26, em queda de 2,11%, aos 106.419,53 pontos, em um movimento de correção da alta registrada na véspera, com o mercado digerindo os últimos dados econômicos do Brasil e na expectativa para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa básica de juros, a Selic. A maior parte das empresas que compõem o Ibovespa acompanharam o movimento do índice e fecharam em baixa.

Durante a manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os números do IPCA-15 de outubro, que é considerado a prévia oficial da inflação do País. O indicador veio bem acima da mediana das projeções dos analistas: enquanto o mercado esperava alta de 1%, o IPCA-15 avançou 1,20% em outubro, chegando ao maior patamar para o mês desde 1995.

Foto: Freepick/jcomp carteira bolsa
Bolsa fecha em baixa após divulgação do IPCA-15

Cenário interno

A sinalização de uma inflação que continua em um movimento de escalada reforçou as expectativas dos especialistas de que o Copom pode elevar a Selic em até 1,50 ponto percentual. Na última ata da entidade monetária, o colegiado informou que previa um avanço de 1 ponto percentual para a reunião de outubro, que termina na quarta-feira, 27.

Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, explica que, diante do compromisso do Banco Central em subir os juros para cumprir a meta da inflação para 2022 - uma vez que o teto da meta para 2021 já foi corrompido -, "já existem apostas para um aumento de 1,50 p.p. para o Copom de amanhã e um recado ainda mais duro, com Selic chegando na casa de 9% já neste ano e na faixa de 11% no final de 2022".

O analista comenta ainda sobre a percepção de risco com a economia brasileira que cresce a cada dia com o "imbróglio com relação ao fiscal". Na última semana, o mercado de ações do País foi bastante penalizado com as notícias de que o governo Jair Bolsonaro vai mudar a fórmula do teto de gastos para custear o Auxílio Brasil com parcelas de, no mínimo, R$ 4000.

A notícia, que levou ao pedido de demissão de integrantes do alto escalão da equipe econômica do Ministério da Economia, preocupa o mercado porque, mesmo com a mudança no teto de gastos, o programa social neste valor eleva os gastos do governo em bilhões de reais, aumentando, também, a pressão inflacionária sobre a economia. Mais um fator que deve levar o BC a adotar uma postura mais firme e contracionista com a política monetária.

De acordo com os analistas do BTG Pactual, resta agora saber se o Copom irá divulgar no comunicado os próximos passos da política monetária e, principalmente, se os ajustes serão mais duros em um prazo mais curto de tempo ou se o ciclo de aumento de juros será alongado.

O dia na Bolsa

Neste contexto, o dia foi de baixas para boa parte das empresas listadas na B3. Liderando as quedas, empresas que são prejudicadas em um cenário de juros altos, o que encarece os financiamentos e a tomada de crédito pelos consumidores.

As construtoras Eztec e Cyrela registram baixa acentuada de 7,64% e 5,07%, respectivamente. Já as varejistas Magazine Luiza, Americanas e Via recuaram 2,92%, 6,03% e 6,06%.

Os bancos também foram bastante penalizados no pregão, com os investidores em compasso de espera para a decisão do Copom. Itaú, Bradesco e Santander caíram 1,08%, 2,26% e 1,90%, na sequência.

Após operar em alta durante parte do dia, a Petrobras mudou o sinal e fechou em queda de 0,96%. Na véspera, foi divulgado pela CNN que há estudos em andamento sobe a desestatização da companhia. A petroleira informou, em comunicado, que questionou seu acionista controlador, por meio do Ministério da Economia, sobre a existência dessas pesquisas.

Embora o preço do minério de ferro tenha fechado em alta nos mercados internacionais, a Vale também teve um dia negativo impactada pelo cenário interno. As ações da minerado caíram 1,06%, enquanto CSN e Usiminas derreteram, respectivamente, 6,40% e 3,13%. A Gerdau, por outro lado, subiu 0,32%.

As maiores altas do dia ficaram por conta de empresas do setor de energia, que são consideradas utilities - ou seja, mesmo em momentos de crise, a demanda por seus serviços permanece. Os papéis da EDP Brasil e CPFL Energia avançaram 2,23% e 0,78%.

Juros futuros e dólar

Com as expectativas de uma elevação mais acentuada na Selic, a curva de juros futuros fechou majoritariamente em alta nesta terça-feira. Alguns vencimentos chegaram, até mesmo, a entrar em leilão mais de uma vez após bater máximas, como o janeiro de 2023, que abriu 60 pontos-base, refletindo os dados do IPCA-15, e fechou o dia com avanço de 45 pontos-base, estiado a 11,80% ao ano, uma das maiores altas do dia.

Os únicos contratos a registrarem recuo neste pregão foram os com vencimento em janeiro de 2031 - que caiu 0,03% a uma taxa de 12% ao ano -, e os que vencem em janeiro de 2033, registrando uma leve variação negativa de 0,01%, a uma taxa de 11,99% ao ano.

Acompanhando o mesmo movimento, o dólar fechou em alta de 0,28%, cotado a R$ 5,572. A moeda americana é considerada uma moeda forte, se tornando uma das principais opções para os investidores que querem proteger seu patrimônio em momentos de aversão ao risco.

Além dos cenários fiscal, político e econômico do Brasil, a escalada dos preços nos Estados Unidos e as perspectivas de que a economia mundial está desacelerando também contribuem para uma maior cautela dos investidores, que priorizam os investimentos considerados mais seguros.

Neste contexto, os juros das Treasuries - títulos da dívida pública americana, considerados os mais seguros do mundo -, também registram alta, penalizando os mercados mais voláteis, principalmente em países emergentes, como o Brasil.

Apesar da preocupação com a inflação americana, consequentemente, as medidas de política monetária nos Estados Unidos, os principais índices da bolsas de Nova York viveram um pregão de alta, refletindo a temporada de balanços do terceiro trimestre. O S&P 500, Dow Jones e Nasdaq 100 subiram 0,18%, 0,04% e 0,29%, respectivamente.

Nesta semana, o grande destaque fica por conta das big techs, as gigantes de tecnologia americanas. Na véspera, foi a vez da Tesla ganhar os holofotes, que atingiu US$ 1 trilhão em valor de mercado, além de ter impulsionado a renovação do recorde histórico do S&P 500 com a disparada de 12,66% de suas ações na bolsa americana.

Com o noticiário favorável e os resultados positivos, a Tesla se tornou a quinta empresa dos EUA a ter valor de mercado igual ou superior a US$ 1 trilhão, atrás apenas de Microsoft, Apple, Amazon e Alphabet, companhia controladora do Google.

Após o fechamento das bolsas, o Facebook, que subiu 1,26% nesta segunda-feira, também informou seu desempenho no trimestre passado. A empresa de Mark Zuckerberg registrou lucro líquido de US$ 9,194 bilhões no terceiro trimestre deste ano, alta de 17% sobre o mesmo período de 2020. O lucro por ação foi de US$ 3,22, acima da previsão dos analistas de US$ 3,19.

Sobre o autor
Bruna Miato
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