Economistas sobem projeção e esperam Selic a 12,75% no fim de 2022
Haveria mais três ajustes da Selic este ano: em março, maio e junho
O cenário atual com conflitos geopolíticos no exterior, que tem alimentado as pressões inflacionárias em todo o mundo, e perspectivas de que o movimento possa empurrar ainda mais para cima os índices de preço também por aqui, estão levando a uma revisão nas projeções dos juros.
Economistas da Tendências Consultora Integrada acreditam que cresceram as chances de o Banco Central estender o atual ciclo de ajuste da Selic. Com isso, eles estimam uma taxa de juros em 12,75% ao término do ciclo, em vez de 12,25% do cenário anterior, que seria também o patamar de encerramento de 2022.
Os aumentos da Selic
Para a próxima reunião do Copom, que acontece na próxima semana, nos dias 15 e 16, Silvio Campos Neto um dos economistas da Tendências, afirma que foram mantidas as expectativas de uma alta de 1 ponto porcentual. Isso, se concretizado, elevaria a Selic para 11,75%.
Já na reunião de maio, a elevação seria de 0,5 ponto porcentual, colocando o juro básico em 12,25% ao ano. Campos Neto explica que foi acrescentado um novo ajuste residual de mais 0,5 ponto porcentual para a reunião do Copom, em junho, elevando, a Selic para 12,75% ao ano, nível que deve permanecer até o fim do ano.
Segundo o economista, a conjuntura internacional reforça a expectativa de alta da inflação e dos juros:
É significativo o risco de contágio das recentes pressões nos preços globais de commodities e matérias-primas, movimentos que foram drasticamente intensificados nos últimos dias com a escalada do conflito no Leste Europeu. Ainda que a duração dos eventos seja incerta, é pouco provável uma rápida normalização de cenário, capaz de reposicionar os preços dos diferentes itens em seus níveis anteriores.
Silvio Campos Neto- Tendências Consultoria Integrada
Com a economia globalizada, as pressões inflacionárias vão respingar no País: " É fato que há também incertezas quanto aos repasses aos preços finais, em especial no caso dos combustíveis, onde há uma clara tentativa do governo de mitigar os impactos aos consumidores."
Ele ressalta, no entanto, que atenuantes às pressões de curto prazo, como a contenção de repasses de preços ou mesmo a recente redução do IPI, devem ser avaliadas com cautela pelo Banco Central.
Não apenas porque esses movimentos não alteram os fundamentos dos mercados, mas também porque incorporam um risco fiscal adicional em um cenário já delicado para as contas públicas - no caso dos combustíveis, relatos apontam a existência de propostas de subsídios e desonerações.
Nesse sentido, a última ata do Copom já trouxe um alerta a esse respeito, de que o uso fiscal para conter a inflação pode gerar efeito contrário sobre as expectativas.
Assim, com o risco de uma inflação maior em 2022 e potencial contágio em 2023, o que pode começar a aparecer mais claramente nas expectativas de mercado, o Copom deverá posicionar a Selic em nível um pouco superior às projeções anteriores, que não consideravam os fatores novos trazidos pela guerra, destaca, o consultor. O objetivo é o de manter o grau de aperto desejado em termos de taxa real de juros.
"Assim, passamos a contemplar o alcance de 12,75% para a Selic neste ano, com redução a ser iniciada apenas em 2023, cuja expectativa de final de ano permanece em 8,50%", afirma ele.