Dólar vai abaixo de R$ 5,00 na mínima do dia; entenda os motivos
Entrada de capital estrangeiro na bolsa e renda fixa é o principal motivo
Na mínima do dia, o dólar chegou a ser cotado abaixo de R$ 5,00, em exatos R$ 4,99, na menor cotação desde o dia 30 de junho de 2021. Nesse dia, a moeda americana fechou cotada a R$ 4,97. Em fevereiro, a desvalorização do dólar é de 5,09%, e no ano, chega a 9,69%. Às 16h35 a cotação estava em R$ 5,00, com queda de 1,12%.
Especialistas apontam a entrada de capital externo no mercado doméstico como o principal fator para a queda do dólar frente ao real. Esses recursos estariam ingressando por aqui por duas portas: a da bolsa de valores e a de renda fixa.
Na Bolsa, investidores em busca de ações que podem ser consideradas baratas, em decorrência do recuo do mercado no segundo semestre do ano passado. São papeis de empresas bem administradas, com potencial de bons resultados em seus balanços e, portanto, a seus acionistas.
"Os estrangeiros injetaram em torno de US$ 9 bilhões no mercado financeiro brasileiro nos primeiros 45 dias do ano - foi muito mais do que o volume esperado", afirma o economista e consultor, José Faria Júnior.
Como consequência, explica ele, a posição comprada dos estrangeiros em dólares na B3 caiu 25% (U$7,5 bilhões, considerando os contratos grandes de dólar e de cupom cambial) e isso foi fundamental para a valorização do real.
Esses recursos seriam os protagonistas pela alta do IBovespa nesse início de ano: o índice acumula alta de 7,20%.
Mas além dos atrativos das ações, a diferença entre os juros, mais altos no País do que no mercado internacional, permite fechar operações com retorno interessante. Com a Selic em 10,75% ao ano, a renda fixa também é responsável por parte do fluxo de recursos internacionais no País.
A entrada de dólares como resultado das exportações ajuda a engrossar a aumenta da oferta e, portanto, queda das cotações da divisa americana.
"Os juros reais no Brasil voltaram a ser positivos e podem fechar o ano no patamar de 5%. Por outro lado, os juros dos títulos de 10 anos dos Estados Unidos estão em sua taxa real mais negativa desde 1951. Esse diferencial é favorável à nossa moeda", destaca Faria Júnior.