Dirigente do Fed defende ajustes nos juros, mas alerta para risco de recessão
Em ata da última reunião, dirigentes do Fed avaliaram que juros devem subir em breve
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Chicago, Charles Evans, defendeu um "reposicionamento" da política monetária nos Estados Unidos por conta da alta inflação local, cuja perspectiva ainda é incerta e pode requerer um ambiente financeiro mais restritivo.
Ainda assim, o banqueiro central afirmou que é ideal que se evite um aperto excessivo "desnecessário", a menos que o nível inflacionário fique incompatível com a meta de 2% ao ano no longo prazo.
"A fim de reduzir as pressões inflacionárias, políticas monetárias restritivas levaram repetidamente a perdas de emprego e recessões", alertou Evans, receoso de que os EUA possam entrar em um ciclo econômico parecido ao que se seguiu ao forte aperto monetário do Fed na década de 1970. "Não há necessidade de adotar uma política monetária tão restritiva como em episódios anteriores", avaliou, durante evento da Universidade de Chicago nesta sexta-feira.
Segundo Evans, a inflação implícita nos EUA parece "bem ancorada" na meta de longo prazo do BC, e o choque visto recentemente é impulsionado pela pandemia de covid-19, na sua visão.
Também presente no evento, o membro do Conselho do Fed Christopher Waller comemorou o fato de que o ritmo "aquecido" da economia dos EUA melhora as condições de trabalho para alguns grupos da população norte-americana.
Ata da última reunião do Fed
Na ata da última reunião, os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) avaliaram que a taxa de juros segue como principal ferramenta para ajustar a política monetária e que em breve será apropriado elevá-la. A avaliação será feita, no entanto, a cada reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc).
O documento destaca entre os fatores para tanto a inflação bem acima da meta de 2% ao ano e um mercado de trabalho forte.
Segundo a ata, os membros do Fed concordaram que os indicadores de atividade econômica e emprego continuaram se fortalecendo, sendo que os setores mais afetados pela pandemia melhoraram nos últimos meses.
"Os ganhos de emprego foram sólidos nos últimos meses, e a taxa de desemprego caiu substancialmente", diz o texto.
No entanto, os membros reconheceram que o caminho da economia continua dependendo do curso do vírus.
"Esperava-se que o progresso nas vacinações e a redução das restrições de oferta apoiassem os ganhos contínuos na atividade econômica e no emprego, bem como a redução da inflação, mas os riscos para as perspectivas econômicas permaneceram, inclusive de novas variantes do vírus."