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Renda Fixa

Como ficam as aplicações de renda fixa com a nova Selic de 11,75%

Em relação à inflação acumulada em 12 meses, de 10,54%, juro real é de 1,09%

Data de publicação:17/03/2022 às 00:30 -
Atualizado 3 anos atrás
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A alta da taxa básica de juros, a Selic, de 10,75% para 11,75% ao ano, fortalece a atratividade das aplicações de renda fixa. A decisão, tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), nesta quarta-feira, 16, torna mais encorpado o ganho nominal e mais robusta a fatia de rendimento real, acima da inflação. O avanço da Selic beneficia todas aplicações atreladas a juros, como os títulos e fundos de renda fixa.

A Selic chega a 11,75% em um momento que a inflação oficial, calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumula alta de 10,54% em 12 meses. Em relação a essa inflação, a nova Selic está embutindo margem real positiva, acima do IPCA, de 1,09%. Como a Selic é a referência, toda remuneração na renda fixa acima dela estaria proporcionando juro real superior a 1%.

Simulação para aplicação de R$ 1 mil com nova Selic

Aplicação Rend.
bruto R$
Desconto
I.R. R$
Rend.
Líquido R$
Rend.
real R$
CDB117,5026,44 91,0620,69
LCA113,98 -.-113,9842,12
LCI 94,00-.- 94,0020,69
TESOURO
SELIC
114,7122,94 91,7721,35
FUNDOS DI109,5721,91 87,6617,51
POUPANÇA 82,25-.- 82,2512,44
Fonte: Mais Retorno

A Selic está para a remuneração de títulos públicos, ou de ativos atrelados a esses papeis, assim como o CDI, o chamado juro interbancário, está para os títulos privados ou ativos ligados a eles. Ambos caminham de mãos dadas. Quando sobe, como agora, a Selic leva junto o CDI.

A inflação passada é apenas um dado de referência para comparação e ter ideia de como anda o desempenho da renda fixa, à medida que a Selic sobe. E para deixar claro que o persistente ciclo de elevação das taxas de juro virou o jogo em favor da renda fixa na batalha contra a inflação. 

A expectativa do mercado financeiro é que a Selic siga em marcha batida de alta antes da conclusão do atual ciclo de elevação, iniciado em março de 2021. Movimento inverso está previsto para a inflação, que embora alta seguiria em trajetória de desaceleração.

É o sentimento do mercado apontado pelo boletim Focus, com projeções de economistas consultados pelo BC. A estimativa é que 2022 termine com a Selic em 12,25% e a inflação, em 6,45%.  Pelas previsões atuais, a Selic passaria a transitar com intervalo quase dobrado acima do IPCA.

Victor Zucchi Meneghel, especialista em Renda Fixa da Valor Investimentos, diz que os ativos pós-fixados ganham maior atratividade com a elevação da Selic. E também com a perspectiva de que os juros continuem subindo.

“A expectativa é que o ciclo de alta termine com a Selic em tor0214 no de 12,75% até 13% ou pouco mais”, diz Meneghel. “Um cenário muito bom para quem já está ou vai entrar em um título pós-fixado, de dois ou três anos, porque vai surfar na alta da Selic”, acredita. Especialistas indicam opções como CDB e Tesouro Selic, já que sua rentabilidade é atrelada à Selic ou ao CDI. “Quanto mais as taxas sobem, melhor para essas modalidades de renda fixa.”

Selic
Ganho nominal aumenta com Selic a 11,75%, mas descontada a inflação ganho real não muda muito

Confira como fica o rendimento

Na tabela de simulação de rendimentos, que está acima, você confere o desempenho de uma aplicação de R$ 1.000 por um ano em vários ativos de renda fixa remunerados pela nova taxa básica de 11,75% ao ano.

O investidor que aplica R$ 1.000 em um CDB remunerado pelo juro CDI igual à Selic de 11,75% ao ano terá obtido, após o período de 12 meses de aplicação, um rendimento bruto de R$ 117,50.

Somado à quantia inicial de aplicação, o valor bruto será de R$ 1.117,50, mas, descontado o imposto de renda, de R$ 26,44, a quantia líquida encolherá para R$ 1.091,96. Esse é o valor nominal que vai para a conta, mas, se descontada a inflação projetada no período, o valor real, medido pelo poder de compra, cairá para R$ 1.020,69.

Uma aplicação de R$ 1.000 no Tesouro Selic, título público com rendimento atrelado à Selic, renderá ao investidor, ao cabo de 12 meses, R$ 114,71, já descontada a taxa de custódia.

Somado ao valor do capital inicial, isso dará R$ 1.114,71. Com o desconto de R$ 20,95 de imposto, o valor líquido que cairá na conta recuará para R$ 1.091,77. É a quantia nominal que o aplicador recebe, mas a real, medida pelo poder de compra, após o desconto da inflação, será de R$ 1.021,35.

Quem aplica R$ 1.000 em um fundo DI, atrelado à nova Selic, obterá um rendimento de R$ 109,57, já descontada a taxa de administração. A soma com o capital inicial resulta em R$ 1.109,57. O desconto de imposto de renda, de R$ 21,91, abaixará o líquido para R$ 1.087,66.  Essa quantia nominal, avaliada pelo seu poder de compra, terá o valor real reduzido para R$ 1.017,51, após o desconto de inflação projetada para o período.

Uma aplicação de R$ 1.000 em uma poupança, com remuneração equivalente a 8,23%, renderá R$ 82,25, isento de imposto de renda. Somado ao valor inicial, o de resgate será R$ 1.082,25, que recuará, medido pelo poder de compra, para R$ 1.012,44, com a dedução da inflação estimada para o período.

Quem aplica R$ 1.000 em uma LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) por taxa equivalente a 97% do CDI ou 11,40% terá um rendimento de R$ 113,98. Somado ao capital aplicado, isso dá R$ 1.113,98. Isento de imposto, esse é o ganho líquido, mas que terá o poder real de compra rebaixado para R$ 1.042,12, descontada a inflação.

Uma aplicação de R$ 1.000 em uma LCI (Letra de Crédito Imobiliário) por taxa equivalente a 80% do CDI ou 9,40% obterá um rendimento de R$ 94,00, que, somado ao valor inicial, sobe a R$ 1.094,00. O valor de poder aquisitivo, contudo, será de R$ 1.023,44, após o desconto da inflação.

A elevação da Selic para 11,75% ao ano reforça a rentabilidade bruta nominal de quem aplica R$ 1.000 nessas modalidades de renda fixa. Mas não a ponto de evitar que, descontada a inflação, o valor líquido de resgate fique abaixo do definido pela Selic anterior de 10,75% ao ano.

O motivo está na inflação mais elevada, de 10,54% acumulada no período, superior à de 10,06% considerada na comparação anterior, feita quando a Selic subiu para 10,75% ao ano.

Sobre o autor
Tom Morooka
Colaborador do Portal Mais Retorno.