BTG compra Elite, corretora carioca, e amplia carteira de pessoas física
Setor de corretoras está aquecido neste começo de ano
O BTG Pactual anunciou na última terça-feira, dia 1º, a compra da Elite Investimentos, uma das corretoras mais tradicionais do Rio de Janeiro, fundada na década de 1980. Foi a segunda aquisição do banco em uma semana - no dia 26 de janeiro, comprou a carteira de clientes pessoas físicas da Planner -, o que comprova sua proposta agressiva para elevar a plataforma de investimento para esse público.
As aquisições do BTG dão sequência a um início de ano bastante aquecido nesse mercado. A XP comprou uma fatia da Suno e o banco Modal em janeiro. O Itaú Unibanco, por sua vez, ficou com 50,1% da Ideal, por R$ 650 milhões. O Itaú possui ainda o direito de comprar mais 11,38% da XP, conforme o acordo celebrado há mais de quatro anos.
Sinergias com a compra da Elite pelo BTG
Segundo o sócio responsável pelo BTG Pactual digital, Marcelo Flora, que comanda a plataforma de investimento, a aquisição da Elite é estratégica e traz ganhos de sinergia.
"A aquisição vai permitir unir a expertise dos funcionários e assessores da Elite com a estrutura de produtos, serviços e tecnologia do BTG, permitindo ganhar ainda mais escala, com diluição de custos, ganhos de eficiência, sinergia e produtividade".
Marcelo Flora, em comunicado
Para o sócio da consultoria Spiralem, Bruno Diniz, a transação do BTG reforça a consolidação das plataformas de investimentos no País. "Vamos ver os players independentes e regionais na mira das plataformas", prevê o especialista. Ele citou o ganho de escala que será agregado ao BTG com a carteira de clientes da Elite.
Setor de corretoras registra explosão de aquisições
O aquecimento desse mercado não deve arrefecer nos próximos meses, pois há mais negociações na mesa, apurou o jornal O Estado de S. Paulo. O período de volatilidade da Bolsa, aliado à alta dos juros - que incentiva investimentos mais conservadores -, de forma geral enfraquece a operação das corretoras. E é justamente isso que abre o apetite dos grandes grupos para a compra de outras empresas a preços mais convidativos, segundo fontes do setor.
Essa queda dos preços se evidencia no caso do Modal. O banco, que abriu capital no ano passado, já tinha visto sua ação cair 50% quando a XP anunciou sua aquisição. No processo de venda privada, no entanto, o Modal acertou um prêmio de 35% em relação ao preço médio das ações da instituição financeira.
Segundo dados da B3, há hoje no Brasil 49 corretoras certificadas para atuar no mercado, mas o número não reflete o total de empresas independentes. Desses 49 negócios, pelo menos um terço pertence a grandes grupos - apenas o BTG e a XP já concentram sete marcas.
As corretoras independentes
Ainda fora de grandes grupos estão as corretoras Genial, Ativa e Nova Futura, por exemplo. Há também a Guide, do grupo chinês Fosun, que anunciou na semana passada a incorporação da carteira de clientes da corretora digital gaúcha Sim;Paul. Além de muitas corretoras já pertencerem a grandes grupos, muitas ficaram pelo caminho nos últimos anos: na década de 2000, por exemplo, havia nada menos do que 80 empresas do gênero em operação.
O movimento não é novo no mercado
De certa forma, o movimento das corretoras repete a onda de enxugamento de marcas que se viu no mercado bancário brasileiro a partir dos anos 1990. E não é um movimento novo: tudo começou, na verdade, ainda em 2008, quando o Bradesco comprou a corretora Ágora - que, na época, tinha um domínio de mercado comparável ao da XP atualmente.
"O mercado bancário no Brasil já é bastante concentrado, e estamos vendo um movimento das grandes corretoras na mesma direção. XP, BTG e Nubank têm adquirido empresas menores, diversificado seus portfólios e isso pode provocar, no futuro, um mercado também muito concentrado entre as corretoras. O problema disso seria, para o consumidor, uma perda de concorrência e aumento de preços."
Henrique Castro, professor da Escola de Economia da FGV
Outras movimentações entre as corretoras além da compra da Elite pelo BTG
Entre as maiores corretoras do País em termos de ativos sob gestão, muitas mudaram de dono nos últimos dois anos. Além do Modal, figuravam entre as grandes a Easynvest, que foi para o Nubank e já foi rebatizada de Nu Invest; e a Toro, que teve uma fatia relevante vendida ao Santander.
Fora das gigantes, a Warren tenta subir no ranking com negócios como a compra da corretora Renascença; já a Avenue se movimentou ao incorporar a Coin.
Especialista em inovação no mercado financeiro e sócio da consultoria Spiralem, Bruno Diniz acredita que outras aquisições serão anunciadas em breve, mas com foco mais especializado, como a onda das criptomoedas. "Não tem como negligenciar outras vias de investimento. Se o cliente não achar na plataforma aquilo que quer, ele vai para a concorrência", afirma. / As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.