Bolsa fecha em queda de 0,98% com aversão ao risco no exterior e PEC dos combustíveis
Novos sinais de enfraquecimento econômico mundial e de inflação alta por mais tempo do que o esperado ajudou a deprimir os mercados
Em um dia marcado pela aversão ao risco no exterior, a Bolsa fechou o pregão desta quarta-feira, 29, em baixa de 0,98%, aos 99.603 pontos. Já o dólar recuou 1,39%, cotado a R$ 5,193.
O mercado repercutiu os novos sinais de enfraquecimento econômico mundial e de inflação global alta por mais tempo do que o esperado, o que impactou na tentativa de recuperação das bolsas americanas e, consequentemente, na alta do Ibovespa.
Internamente, o temor fiscal ganhou mais um ingrediente após a apresentação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Combustíveis. Ao detalhar a proposta, o senador Fernando Bezerra Coelho, relator do texto, afirmou que haverá estado de calamidade para permitir a adoção das medidas sociais. Porém, adiantou que "estado de emergência não é um cheque em branco."
No entanto, a indicação de que a PEC reconhecerá estado de emergência elevou a desconfiança do mercado em relação à gestão das contas públicas do País.
"Se tiver calamidade, o governo vai ter cheque branco para fazer tudo isso. Com sinais de um fiscal pior, o mercado pode ajustar a curva de juros, principalmente nos vértices intermediários".
Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos
Bezerra confirmou que a PEC terá aumento do Auxílio Brasil para R$ 600,00, que haverá voucher para caminhoneiro de R$ 1 mil e que vai subsidiar um botijão de gás - o custo é de R$ 1,05 bilhão.
O dia na Bolsa
Maiores altas
Empresa | Ticker | Variação |
MRV | MRVE3 | +3,54% |
Rede D'Or | RDOR3 | +3,39% |
SLC Agrícola | SLCE3 | +2,44% |
SulAmérica | SULA11 | +1,67% |
Cyrela | CYRE3 | +1,37% |
Maiores baixas
Empresa | Ticker | Variação |
Qualicorp | QUAL3 | -8,38% |
CVC | CVCB3 | -6,62% |
Positivo | POSI3 | -6,02% |
Marfrig | MRFG3 | -4,87% |
Minerva | BEEF3 | -4,79% |
Mercado internacional: EUA e Europa fecham em baixa
No exterior, as bolsas americanas fecharam sem direção única e as principais praças financeiras europeias terminaram o pregão desta quarta-feira em baixa, devolvendo os ganhos do dia anterior.
O cenário de baixo apetite por risco ocorre à medida que indicadores nos EUA e no Velho Continente renovaram temores acerca da desaceleração da economia global. Ao mesmo tempo, presidentes de alguns dos principais bancos centrais do mundo mantiveram retórica agressiva contra a inflação, durante o Fórum do Banco Central Europeu (BCE) realizado em Portugal.
Indicadores na Alemanha e zona do euro pesaram sobre o apetite por risco na zona do euro. No bloco monetário, o índice de sentimento econômico caiu para 104 pontos em junho, enquanto a inflação ao consumidor da Alemanha desacelerou neste mês, para alta anual 7,6%, segundo dados preliminares.
Para o Commerzbank, embora tenha ficado abaixo do esperado e tenha reduzido alta em relação ao resultado de maio, a inflação da maior economia europeia seguirá elevada por conta de problemas enfrentados com as cadeias globais.
Já a Capital Economics comenta que o índice de sentimento do consumidor na zona do euro apontou para "pressões inflacionárias que permanecem fortes, o que provavelmente pesará sobre a demanda e o sentimento mais à frente" no bloco.
Nos EUA, a revisão em baixa do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro semestre pesou sobre os negócios em Wall Street, tirando fôlego também das praças europeias, diante dos temores de que a principal economia global enfrente uma recessão.
Na seara monetária, os presidentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, e do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, reforçaram suas posturas duras quanto ao combate à escalada dos preços.
Lagarde disse que é improvável que a zona do euro volte ao cenário de inflação baixa visto antes da pandemia de covid-19.
Já Bailey não descartou aumento de meio ponto porcentual da taxa bancária no Reino Unido e disse esperar por mais avanço inflacionário no país.
Powell, por sua vez, reforçou que o BC não pode assumir que as expectativas inflacionárias seguirão ancoradas, e por isso um aperto monetário mais agressivo é necessário.
Bolsas americanas/fechamento
- S&P 500: -0,12% (380,20 pontos)
- Dow Jones Industrial Average: +0,27% (31.029 pontos)
- Nasdaq 100: +0,18% (11.658 pontos)
Bolsas europeias/fechamento
- Stoxx 600 (Europa): -0,67% (413,42 pontos)
- DAX (Frankfurt): -1,73% (13.003 pontos)
- FTSE 100 (Londres): -0,15% 0,15% (7.312 pontos)
- CAC 40 (Paris): -0,90% (6.031 pontos)
Com Agência Estado
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