Bolsa cai com exterior, diante de dados de inflação mais alta nos EUA; dólar sobe
Mercado doméstico assimilou bem dados mais fracos da economia e recado do BC
A Bolsa de Valores bem que ensaiou novamente engatar uma alta no pregão desta terça-feira,14. Chegou a subir 1,5% na abertura, embalada pela falta de novidades na ata do Copom, divulgada logo cedo. No entanto, o mercado não encontrou sustentação e passou a cair junto com as bolsas internacionais.
O Índice Bovespa fechou com queda de 0,58% aos 106.759. E o dólar fez exatamente o caminho inverso, ficou no terreno em negativo o dia todo para fechar com alta de 0,35%, cotado em R$ 5,694.
Na ata, o Banco Central manteve o discurso duro com a perspectiva de elevar os juros em mais 1,5 ponto porcentual, na próxima reunião, em fevereiro. Mas do que isso, deixou em aberto a possibilidade de aumentar até mais a Selic, até que a inflação mostre sinais de recuo e as expectativas estejam devidamente ancoradas.
Mas não foi nem o recado do BC nem dados mais fracos da economia, setor de serviços caiu 1,2% em outubro, que afetaram a bolsa. As pressões de queda vieram de fora. Rafael Ribeiro da Clear Corretora explica que os números da inflação ao produtor nos EUA, divulgados pelo Ministério do Trabalho americano, ficaram acima do esperado.
Segundo ele, o indicador avançou 0,8% em novembro na comparação com outubro, enquanto o consenso de mercado estimava uma variação positiva de 0,5%. No acumulado de doze meses, o índice apresenta variação de 9,6%, a maior em onze anos.
A questão é que esse número impacta diretamente na expectativa pela reunião do Fed, banco central americano, que será amanhã às 16h.
Analistas esperam que o Fed anuncie que irá dobrar o ritmo da retirada de estímulos da economia, com dois aumentos da taxa de juros no segundo semestre do ano - em setembro e em dezembro. Segundo eles, a autoridade monetária age na tentativa de evitar que a inflação se enraíze na economia, mas avalia que os EUA vivem já um ponto de inflexão da inflação à medida em que o crescimento continua forte.
Há gestoras trabalhando com uma perspectiva bem mais curta, como a SPX que espera por elevação dos juros americanos já no primeiro trimestre de 2022.
Assim, os investidores temem que o dado divulgado hoje possa exercer novo impacto na decisão do Comitê de Mercado Aberto do Banco Central dos Estados Unidos (Fomc, na sigla em inglês), a ser anunciada nesta quarta-feira, 15.
Espera-se um comunicado com sinalização do aumento do ritmo da retirada de estímulos e, com isso, do aumento dos juros ainda no final de 2022. Mas ninguém cogita que seja anunciada elevação dos juros, e sim que o processo de contenção da economia será acelerado e reforçado.
Foi com essa percepção, e expectativa negativa, que as bolsas em Nova York fecharam em queda: o Dow Jones apresentou recuo de 0,30%, o S&P 500, de 0,75%, e o Nasdaq, de 1,04%.
Confira as maiores altas e as maiores baixas da Bolsa
Bancos compõem a lista das maiores quedas no pregão de hoje, enquanto as exportadoras de alimentos, a de maiores altas.
Maiores quedas
BANCO PAN (BPAN4) | -12,18% | R$ 10,82 |
LOCAWEB (LWSA3) | -11,11% | R$ 13,20 |
MELIUZ (CASH3) | -10,68% | R$ 3,26 |
BANCO INTER (BIDI11) | - 8,29% | R$ 33,51 |
BANCO INTER (BIDI4) | - 7,69% | R$ 11,07 |
Maiores altas
MARFRIG (MRFG3) | 6,80% | R$ 23,57 |
JBS (JBSS3) | 5,34% | R$ 37,28 |
BRF (BRFS3) | 3,58% | R$ 20,26 |
RUMO (RAIL3) | 2,32% | R$ 18,54 |
BADESCO (BBDC4) | 1,51% | R$ 20,14 |