Bolsa fecha em alta de 0,43% com ata do Fed; dólar encerrou a R$ 5,42
Internamente, investidores acompanharam a PEC dos Benefícios, que aguarda votação na Câmara
Depois de abrir e percorrer a maior parte do dia em queda, sinalizando mais um dia de baixa, a Bolsa de Valores, a B3, inverteu o sinal e fechou no azul, com alta de 0,43%, aos 98.718 pontos. Já o dólar concluiu o período com avanço de 0,60%, cotado a R$ 5,422.
A reação do Ibovespa teve suporte no comportamento positivo das bolsas americanas após a publicação da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Internamente, as atenções foram voltadas para o risco fiscal, com a PEC dos Benefícios, que turbina os gastos sociais em ano eleitoral.
Ata do Fed: luta contra a inflação
Segundo Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, a ata do Fed chega defasada, baseada em um cenário que já mudou, com o o recuo das commodities, tanto de energia, metais e, principalmente, agrícolas.
"Esse recuo, influenciado pelo medo da recessão, deve tirar a pressão da inflação alta. Por isso, estamos vendo o dólar se fortalecer e as commodities perdendo valor, além da taxa de juros de 10 anos americana ficando mais baixa", argumenta Oliveira.
Marcelo Oliveira, da Quantzed
A ata não cita e nem reflete as indicações mais firmes de recessão, diz ele, já que a reunião do Fed foi há três semanas e antes do cenário se modificar. Como reflete o passado, a ata chegou a impactar as bolsas.
No documento, os dirigentes do Fed se mostram muito preocupados com os riscos de alta da inflação. Tanto que estão considerando elevar os juros, se necessário, para uma direção mais restritiva. Porém, deixaram aberto que podem elevar os juros em 50 ou 75 pontos.
"Os dirigentes do Fed deixam claro que vão lutar para frear a velocidade de avanço da inflação, mesmo que isso implique em desaquecer a economia", aponta Pedro Gosuen, especialista da Blue 3.
Os representantes da autoridade monetária americana abordaram também a preocupação com a guerra na Ucrânia, lockdowns na China que podem intensificar problemas na cadeia de produção e reforçam que continuam monitorando inflação a risca.
E deixam claro que, devido às perspectivas de inflação terem se deteriorado, agiram de forma mais firme elevando os juros na última reunião em 75 pontos.
O problema todo é que nesse momento o mercado já precifica uma recessão. "O que vemos é que o Fed já tem espaço para ser mais frouxo no aperto monetário. A curva já não mostra uma alta de 75 pontos, mas sim de 50 pontos. As preocupações agora são com os dados futuros, que vão fazer preço, e saber qual será a conduta da autoridade monetária, se vai impedir ou não a recessão nos EUA nos próximos meses", avalia Oliveira.
O dia na Bolsa
Maiores altas
Empresa | Ticker | Variação |
Via | VIIA3 | +13,24% |
Americanas S.A | AMER3 | +11,92% |
Yduqs | YDUQ3 | +9,28% |
Cogna | COGN3 | +9,26% |
Locaweb | LWSA3 | +8,35% |
Maiores baixas
Empresa | Ticker | Variação |
Azul | AZUL4 | -5,51% |
3R Petroleum | RRRP3 | -5,30% |
Braskem | BRKM5 | -4,45% |
Gol | GOLL4 | -4,81% |
Cielo | CIEL3 | -1,04% |
Mercado internacional
Nos Estados Unidos, as bolsas fecharam no positivo, após a divulgação da ata do Fed. Um dos destaques econômicos do dia foi o PMI de junho do país, que veio um pouco acima do esperado: 52.3 pontos ante projeção do mercado de 51 pontos.
Na Europa, as principais praças financeiras concluíram o dia em alta. O clima é de recuperação após as perdas da véspera, apesar de temores com a possibilidade de recessão ainda persistirem.
Os investidores monitoraram novos indicadores econômicos da região e a escalada de demissões de integrantes do governo do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson.
Para a Eurasia, a crise deve derrubar Johnson. A consultoria projeta 90% de chances de que o premiê seja alvo de nova votação de confiança e apenas 10% de que ele lidere o Partido Conservador nas próximas eleições.
Além disso, o mercado seguiu na expectativa pela divulgação da ata da última reunião do Banco Central Europeu (BCE), que será publicada nesta quinta-feira, 7.
"O desafio para os bancos centrais é muito grande no momento. É muito importante que eles comuniquem claramente sua determinação em combater a inflação", disse o Santander Asset Management. / com Regina Pitoscia e Agência Estado
Bolsas americanas/fechamento
- S&P 500: +0,35% (383,28 pontos)
- Dow Jones: +0,24% (31.041 pontos)
- Nasdaq 100: +0,62% (11.852 pontos)
Bolsas europeias/fechamento
- Stoxx 600 (Pan-europeu): +1,66% (407,34 pontos)
- DAX (Frankfurt): +1,56% (12.594 pontos)
- FTSE 100 (Londres): +1,17% (7.107 pontos)
- CAC 40 (Paris): +2,03% (5.912 pontos)
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