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Mercado
Mercado Financeiro

Balanços corporativos no 3º trimestre: quem ganhou e quem perdeu; confira

A alta na demanda global e valorização do dólar favoreceram as empresas de commodities, sobretudo as petrolíferas

Data de publicação:09/11/2021 às 07:00 -
Atualizado um ano atrás
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A temporada de balanços corporativos no terceiro trimestre de 2021 por aqui, apesar dos pesares, trouxe surpresas positivas como a Gerdau, mas outras nem tanto, que acabaram frustrando expectativas, como o Pão de Açúcar.

A reabertura econômica no País, com o avanço da vacinação e a flexibilização das medidas restritivas, além de uma maior demanda vinda do exterior por diversos produtos de exportação, foram fatores que aqueceram a economia doméstica.

balanços corporativos
Commodities são destaque da temporada de balanços corporativos, com exceção do minério de ferro

No entanto, especialistas ressaltam que a inflação e os juros altos - que levam a um crescimento econômico mais fraco - já impactaram os números de alguns setores, como o varejo, e devem impactar, ainda mais, nos resultados do quarto trimestre. Além disso, a forte desvalorização do preço do minério de ferro, reflexo das novas leis ambientais chinesas, contribuíram para que as mineradoras e siderúrgicas entregassem um balanço aquém do esperado.

Rodrigo Crespi, especialista de mercado da Guide Investimentos, considera que "o saldo da temporada do terceiro trimestre, da perspectiva microeconômica, sem dúvida, foi bem mais positivo, com diversas empresas reportando resultado acima do consenso de mercado, com exceção das empresas de setor de mineração e varejo".

Já para Gabriela Joubert, head da equipe de Research do Inter, os resultados, até aqui, vieram conforme o esperado, no geral. A especialista explica que o banco vê a alta nos custos e a inflação pressionando as margens. As receitas das companhias, porém, avançam, acompanhando a retomada econômica do País.

"Contudo, o quarto trimestre de 2021 deve vir com desafios maiores, em meio a um cenário interno conturbado pela elevação do risco fiscal e, consequentemente, da maior percepção de risco que tem afetado fortemente a precificação dos ativos", pondera Gabriela.

A head de Research ressalta, no entanto, que, para o longo prazo, os fundamentos das companhias seguem positivos. "Neste momento é preciso focar nos balanços corporativos e separar aquelas empresas que têm apresentado desconto mais em virtude da atual conjuntura do que em razão de uma deterioração dos seus fundamentos", destaca a especialista.

Commodities são destaque entre os balanços corporativos

De acordo com Crespi, um dos principais destaques do trimestre, até o momento, fica por conta das empresas ligadas ao petróleo. O especialista afirma que, principalmente a Petrobras e a PetroRio, apresentaram uma forte geração de caixa, surpreendendo o mercado, impulsionada pela valorização da commodity nos mercados internacionais, a alta demanda pelo produto e a oferta que não avança na mesma intensidade que o consumo entre os países.

Ao mesmo tempo, essas empresas, que trabalham muito com a exportação, são beneficiadas pela alta na cotação do dólar. Vale lembrar que a moeda americana é negociada em patamares bastante elevados desde o começo da pandemia de Covid-19 no Brasil.

A Petrobras registrou um lucro líquido de R$ 31,14 bilhões no terceiro trimestre, refletindo também a escalada do preço dos combustíveis no Brasil. O resultado veio bem acima das projeções do mercado e reverteu o prejuízo de R$ 1,5 bilhão reportado no mesmo período do ano passado. Já a PetroRio teve um lucro líquido de R$ 125 milhões neste trimestre, ante prejuízo de R$ 117 milhões em igual período de 2020.

Crespi considera que o setor de petróleo deve continuar se beneficiando das cotações elevadas da commodity e do patamar alto do dólar. Simultaneamente, "o nível de investimento em petróleo está estruturalmente menor por conta de políticas para o ambiente, o que deve sustentar os preços (altos) por mais tempo", explica ele sobre a oferta menor que a demanda.

O especialista comenta, também, sobre a Marfrig, produtora e exportadora de proteína animal. A companhia registrou um lucro líquido de R$ 1,675 bilhão, alta de 148,7% ante os R$ 674 milhões reportados em igual período do ano anterior.

O destaque, para Crespi, ficou por conta da operação norte-americana da Marfrig. Ele explica que o avanço da imunização somado ao pacote de estímulos monetários beneficiou a renda da população dos Estados Unidos, que acabou consumindo mais carne bovina.

Ainda no campo das commodities, Gabriela considera que o setor de papel e celulose surpreendeu positivamente. Um das maiores representantes do setor no Brasil, a Klabin reverteu o prejuízo do terceiro trimestre de 2020 com lucro líquido de R$ 1,215 bilhão entre julho e setembro.

"Esperávamos mais pressão de custos pressionando margens, além de receitas menos expressivas em razão do cenário mais desafiador na China. Contudo, o que vimos foram volumes crescendo e preços realizados em bons patamares, compensados por forte demanda global. As margens também avançaram e as companhias superaram nossas estimativas, no geral", explica a especialista do Inter.

Minério de ferro

"Já esperávamos preços menores em razão da forte queda dos preços do minério de ferro no período, contudo os volumes de vendas acabaram decepcionando também, colocando em dúvida o ritmo de demanda que devemos observar nos próximos meses", afirma Gabriela sobre o setor de mineradoras e siderúrgicas.

A Vale, empresa com o maior peso individual na composição do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, a B3, apresentou lucro líquido de US$ 3,886 bilhões no trimestre. Entretanto, a receita operacional líquida de vendas da mineradora foi de US$ 12,682 bilhões no período, uma queda de 24% em relação aos três meses imediatamente anteriores.

O especialista da Guide considera que as perspectivas para o minério de ferro não são tão positivas quanto as para o petróleo. A China vem adotando uma série de medidas restritivas para reduzir a produção de aço no país e, além disso, a crise no setor imobiliário chinês - um dos maiores demandantes de minério do mundo -, impactam negativamente no preço da commodity e ainda devem aparecer nos próximos balanços corporativos do setor.

Contudo, a head de Research do Inter ressalta que "a Vale está muito bem posicionada, é uma das melhores companhias do setor, com custo de produção muito baixo comparado aos seus pares e com portfólio de produtos premium acima da média. Seguimos otimistas com a capacidade de entrega da companhia e geração de caixa para o futuro".

Outra gigante do setor, a CSN Mineração mostrou um "desempenho aquém da capacidade da companhia, vindo fortemente abaixo do esperado, tanto na comparação anual quanto na trimestral", afirma Gabriela. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) ajustado da companhia foi de R$ 911 milhões no trimestre, queda de 66% na comparação com o mesmo período do ano passado e redução de 82% ante o segundo trimestre de 2021.

Embora os resultados para as companhias ligadas ao minério de ferro tenham ficado, majoritariamente, abaixo do projetado, também houve uma surpresa positiva. Gabriela conta que a Gerdau conseguiu superar "de longe" as estimativas do Inter, com receitas 13% acima do esperado.

"Entretanto, o destaque ficou mesmo por conta do seu EBITDA, que fechou em R$ 7,023 bilhões, 19% acima do segundo trimestre de 2021 e 34% maior que nossas projeções, resultado não só de um melhor top line, mas também de um controle estrito de custos e despesas", diz a especialista, que recomenda a compra da ação a um preço-alvo de R$ 38.

Impactos da inflação nos balanços corporativos

Quando perguntados sobre os destaques negativos dessa temporada de balanços, tanto Rodrigo Crespi quanto Gabriela Joubert mencionam o Grupo Pão de Açúcar (GPA). A empresa reportou prejuízo de R$ 88 milhões entre julho e setembro, piora de 39,6% em relação ao terceiro trimestre do ano passado, quando a empresa teve um prejuízo menos expressivo, de R$ 63 milhões.

A companhia informou, por meio de seu balanço, que os números são um reflexo da deterioração do cenário macroeconômico brasileiro, principalmente com a alta da inflação.

Crespi explica que o GPA tem mais dificuldade em repassar o aumento de preços em seus produtos por ser um segmento mais "premium" entre os supermercados. "O brasileiro, com a queda de renda (ocasionada pela inflação e os juros subindo), tende a procurar um formato mais econômico, como o atacarejo.

Para a equipe de Research do Inter, no entanto, "a companhia tem a capacidade de entregar resultados melhores nos próximos trimestres. A estratégia de investimentos no digital e last mile é capaz de prover melhores margens e eficiência operacional", explica Gabriela, que mantém recomendação de compra para os papéis do GPA, a um preço-alvo de R$ 43 por ação.

Já o especialista da Guide considera que as empresas do setor de varejo devem continuar sentindo o impacto da inflação, da alta nos juros e consequente queda na renda do consumidor nos próximos trimestres.

Bancos

Em relação aos resultados apresentados pelos chamados "bancões" privados em seus balanços corporativos, os especialistas consideram que os resultados foram positivos.

O Itaú Unibanco registrou lucro líquido gerencial de R$ 6,779 bilhões no terceiro trimestre, uma alta de 34,8% na comparação anual. Já o lucro do Bradesco foi de R$ 6,8 bilhões entre julho e setembro, crescimento de 34,5% ante o mesmo período de 2020. Por fim, o Santander teve um lucro líquido gerencial de R$ 4,340 no trimestre, alta de 12,5% contra o ano passado.

"Os resultados foram positivos. Lucratividade já bem em linha com níveis pré-pandemia, nível de rentabilidade também. As atividades voltando ao normal têm beneficiado algumas linhas de serviços dos bancos, como cartões, o segmento de seguros das instituições financeiras também vem apresentando recuperação", comenta Gabriela.

Sobre a inadimplência, a head de Research do Inter considera que, apesar da tendência de alta, ainda está em níveis abaixo da média histórica. "O Itaú teve uma surpresa negativa, com aumento da inadimplência de alguns casos específicos no Brasil e na América Latina, mas os demais bancos apresentaram um leve aumento, já esperado pelo mercado", explica ela.

Crespi considera que o lucro dos bancos pode aumentar, ainda, por conta da alta na Selic, taxa básica de juros, que hoje está em 7,75% ao ano. Ele ressalta que, aos poucos, as instituições financeiras vão repassando essa elevação, o que tende a beneficiar o setor.

No entanto, o especialista pontua que, "se a Selic se acelera de maneira muito veloz, sem haver um crescimento de Produto Interno Bruto (PIB) e de emprego, a inadimplência tende a se elevar, o que acaba sendo mais nocivo do que benéfico para os bancos".

Sobre o autor
Bruna Miato
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