Logo Mais Retorno

Siga nossas redes

  • Instagram Mais Retorno
  • Youtube Mais Retorno
  • Twitter Mais Retorno
  • Facebook Mais Retorno
  • Tiktok Mais Retorno
  • Linkedin Mais Retorno
dólar
Economia

Após oscilações nos primeiros dias do ano, o que esperar do dólar para 2023?

Moeda deve enfrentar volatilidade no primeiro semestre, mas aposta é que possa cair pouco mais

Autor:
Data de publicação:12/01/2023 às 08:00 -
Atualizado 2 anos atrás
Compartilhe:

Após as fortes oscilações na primeira semana do novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as cotações do dólar entraram em aparente processo de acomodação. Uma trajetória de relativa estabilidade que tampouco foi abalada pelos atos golpistas do último domingo em Brasília. O que esperar da moeda americana em 2023?

Bruna Centeno, especialista em renda fixa da Blue3, diz que a expectativa é que o dólar continue com oscilações mais acentuadas no primeiro semestre, mas com tendência que recue pouco mais. O foco do mercado, segundo ela, permanece sendo o cenário de uma política monetária mais agressiva nos Estados Unidos.

O que esperar do dólar no patamar de R$ 5,20?

A especialista diz que os episódios de domingo, em Brasília, não surpreenderam o mercado financeiro, que já havia precificado os eventos de violência, e tampouco assustou o investidor estrangeiro.

Foi muito positivo para os mercados, sobretudo para o de dólar, a percepção de fortalecimento das instituições após o episódio, com a tomada de medidas bastante assertivas pelas autoridades”, analisa Bruna. “A rápida ação do governo e a união dos Poderes deram tranquilidade ao mercado”, reforça Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos.

De olho no Fed

“O foco para o investidor, principalmente ao estrangeiro, continua sendo o Fed (Federal Reserve, banco central americano) e sua política monetária”, aponta a especialista da Blue3.

A grande expectativa que guia as decisões de investimento é de uma inflação mais elevada nos EUA, com o risco, segundo alguns relatórios, de uma segunda onda de inflação, aponta Bruna. “Isso demanda uma postura mais agressiva do Fed em meio a dados de uma economia aquecida e a dados de emprego ainda no patamar positivo”, avalia.

Com inflação que segue elevada nos EUA, é natural, segundo a especialista, que o Fed aponte para nova subida de juros e “é essa possibilidade que tem impactado e puxado os mercados para baixo (pelo temor de que deixe uma recessão em seu rastro)”.

 A atual dinâmica do dólar, mais inclinado à baixa, faz parte desse cenário, porque com esse aperto monetário mais duro “as principais economias globais podem dar de cara com uma recessão”.

Além da alta de juros americanos, que deve atrair os investidores para a moeda vista como porto seguro, e o risco de recessão nos EUA e na Europa, para explicar o atual momento de apatia do dólar, o economista da Valor Investimentos, Piter Carvalho, aponta ainda o impacto do processo de reabertura da economia chinesa.

“A China passa a pisar o acelerador e isso deve puxar as commodities, que já começam a subir de preço e devem ajudar a pressionar o dólar”, para baixo, analisa Carvalho. “Principalmente em economias emergentes, em países exportadores de commodities, como o Brasil.”

Inflação e risco fiscal no radar

Marco Noemberg, líder de renda variável da Manchester Investimentos, considera as variáveis doméstica e externa, mas entende que a interna, ligada à política econômica e fiscal, pode ser mais determinante para o rumo do dólar. Seja para a alta como para a baixa da moeda americana.

“Se o governo conduzir uma política que controle a inflação e os gastos públicos, haverá um efeito positivo no câmbio, com queda do dólar ou uma alta menor da moeda. Se o governo gastar mais, sem preocupação com o fiscal, a tendência é que o dólar suba”, acredita Noemberg.

A estimativa para o dólar no relatório Focus também segue uma visão conservadora, mais ou menos em linha com o preço da moeda americana, no momento. Analistas e economistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central (BC) projetam o dólar a R$ 5,28 no fim de 2023 – a cotação de fechamento desta terça-feira, 10, ficou abaixo, em R$ 5,20.

Rodrigo Simões, especialista em Finanças e Economia e professor da FAC SP, diz que a cotação de R$ 5,28 prevista para o dólar no fim do ano pelo Focus destoa da de R$ 5,57 projetada nos contratos futuros de dólar.

Essa distância, de acordo com ele, reflete as diferenças de critérios de análise adotados entre os cálculos do boletim Focus e os do mercado de contratos futuros de juros e moedas.

“Com uma taxa de juros projetada em 13,69% pelos contratos futuros contra 12,25% do boletim Focus, a moeda poderá encerrar o ano próximo de R$ 5,50, na medida em que inclui nesse valor todas as expectativas dos consumidores e empresas na demanda por essa moeda, além do cenário de incertezas sobre a política econômica do novo governo”.

Os prognósticos sobre onde o dólar deverá estar variam amplamente de acordo com as diversas métricas ou réguas adotadas nas projeções. Um intervalo que situa o dólar entre R$ 5,20 e R$ 5,50 faz parte da lógica de cálculo na equivalência pela inflação, de acordo com as contas do matemático financeiro José Vieira Dutra Sobrinho.

Leia mais:

 

Sobre o autor
Tom
Repórter da Mais Retorno