Confira quatro fundos de renda fixa que superam o CDI (e a inflação) para investir a partir de R$ 100
Fundos exigem aporte inicial baixo e trouxeram rendimento anual acima do CDI, de 12,37%, e da inflação de 5,90%, em 2022
Com volume de aplicação baixo, a partir de R$ 100, quatro fundos de renda fixa se destacaram em 2022 por baterem o CDI, taxa que anda de mãos dadas com a Selic, e que fechou o ano em 12,37% e por pagarem mais que o dobro da inflação.
Os produtos são recheados de crédito corporativo, dívidas de empresas emitidas via mercado financeiro, e que segundo especialistas podem repetir a boa performance neste ano.
Em 2023, segundo analistas econômicos, a taxa básica de juros deve se sustentar em patamares próximos aos atuais, de 13,75% ao ano, com inflação entre 5% e 6%.
Confira os fundos de renda fixa
Fundo | Rend.2022 | Liquidez |
Santander Renda Fixa Cred.Priv. VIP Dinâmico | 14,28% | D+30 |
Selection RF Light FIC FI RF CP LP | 13,83% | D+10 |
Bradesco RF Multíndices Max | 13,43% | D+1 |
Bradesco RF Multiíndices plus | 12,94% | D+1 |
CDI | 12,37% | |
Inflação | 5,90% |
Pedro Tiezzi, especialista da SVN, diz que, pelo lado do cenário macro, um título de crédito privado pode tornar-se mais arriscado, mas ficaria mais atraente, do ponto de vista de rentabilidade, “porque passaria a ter, com possível alta de juros, uma taxa de carrego mais elevada que a bolsa”.
Entre os quatro fundos do ranking, o líder foi o Renda Fixa Crédito Privado Dinâmico VIP, da Santander Asset Management, que rendeu 14,28%, em 2022. Mas é o que tem a menor liquidez entre os selecionados
O segundo colocado foi o Selection RF Light FIC FI RF CP LP, com uma rentabilidade de 13,83%.
Todos os fundos que compõem esse seleto grupo renderam bem acima da inflação estimada para 2022. O IPCA fechado do ano ficou em 5,90%
Na comparação com a inflação estimada, quem aplicou no Renda Fixa Crédito Privado Dinâmico VIP teria embolsado um ganho real de 7,91% e no Selection RF Light, um ganho real de 7,49%.
No Bradesco Multi Índices Max a parcela acima da inflação terá ficado em 7,11%, e no Bradesco Multi Índices Plus, em 6,65%.
Trunfo no crédito privado
A Selic alta é um trunfo para a renda fixa. E muito mais para os títulos de emissão privada que compõem a carteira desses fundos. Principalmente para os produtos que fazem uma escolha adequada para o portfólio.
Os fundos de crédito privado são produtos de renda fixa em que os gestores assumem mais risco em troca da perspectiva de maior retorno. E se deram bem nessa estratégia em 2022 que teria todas as condições, para especialistas, de ser reprisada com sucesso neste ano.
Os títulos da carteira, de emissão privada, costumam render mais, representada por um prêmio adicional, porque supostamente oferecem risco maior que os títulos públicos.
A flexibilidade de gestão é ampla. Há desde os fundos referenciados em DI, que seguem a taxa Selic, até os com portfólio indexados ao CDI, os chamados high grade, que rendem mais de 100% do juro DI, e as debêntures incentivadas, isentas de imposto.
E há espaço na carteira ainda para os papeis estruturados, como Fidcs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio).
São títulos que podem ser corrigidos pelo IPCA ou estar atrelados ao CDI. Em 2022, boa parte dos papeis na carteira desses fundos estava indexada ao IPCA, por causa da escalada da inflação, mas a partir de meados do ano foram sendo substituídos pelos atrelados ao CDI. Isso ocorreu à medida que a inflação cedia e a Selic avançava para novos patamares.
A nova estratégia de troca de inflação pelo CDI, segundo especialistas, atende ao objetivo dos gestores de surfar na temporada de juros altos que tendência de duração por bom tempo.
A perspectiva de que isso se concretize cresce à medida que incertezas fiscais lançam mais dúvidas sobre a trajetória da inflação. Um movimento que poderia voltar a atrair o interesse dos gestores por títulos com IPCA.
Os fundos de crédito privado tendem a vitaminar a rentabilidade com pitada mais de risco nos títulos que formam a carteira. Mas especialistas dizem que é possível minimizar o risco, sem abrir mão da rentabilidade, com uma análise cuidadosa dos papeis que compõem o portfólio.
A indicação é por fundos alocados em títulos high grade, emitidos por empresas como solidez financeira e bom fluxo de caixa.
E a liquidez?
Outra diferença desses produtos em relação a um fundo de renda fixa tradicional, com títulos públicos, por exemplo, costuma ser a maior demora no crédito dos recursos após o pedido de resgate.
Embora não seja a regra, alguns pagam em poucos dias, outros podem levar mais de um mês para atender ao resgate do cotista. Como são papeis que em geral têm menos liquidez que os públicos, o gestor precisa de mais tempo para não vender o papel a qualquer preço para fazer caixa.
Os fundos do Bradesco Multi Índices Max e Plus, que alocam a carteira preponderantemente em títulos de renda fixa, pagam ao cotista no dia seguinte ao do pedido de resgate.