Economia

XP prevê estagflação com explosão das commodities e recomenda proteção em ativos reais

Alta agora é generalizada entre as commodities com forte impacto na inflação em economia global

Data de publicação:10/03/2022 às 03:41 - Atualizado 2 anos atrás
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Um cenário de estagflação no ambiente macro, acompanhado por um mercado dominado pelo estresse e volatilidade, com explosão no preços das commodities. É assim que Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP, projeta a economia, diante da tensão geopolítica criada pela guerra da Rússia na Ucrânia.

Em evento online realizada na tarde desta quinta-feira, 10, Ferreira aponta como efeito imediato a disparada nos preços das commodities, com impactos diretos na economia via inflação e aumento de taxa de juros.

Segundo ele, há um temor no ar com o choque de oferta de insumos e de alimentos, provocada a partir das sanções econômicas impostas à Rússia. E também com as dúvidas sobre a duração da guerra - quanto maior o tempo do conflito, maior o contágio econômico.

Foto: Envato

Estagflação

Um dos efeitos desse conflito sobre a economia global é o risco latente de estagflação, com o impacto muito grande sobre os preços das commodities. “Um impacto que será maior e mais prolongado quanto mais tempo a guerra durar”, acredita o estrategista.

Ele acredita em um possível cenário de estagflação (com inflação elevada e economia travada) ou recessão, em que o banco central não teria controle. “A proteção para os investimentos são os ativos reais, como títulos atrelados à inflação, ações de boas empresas, imóvel, ouro, terras.”

“O grande efeito do conflito é sobre custos de produção e preços de commodities”, avalia o economista-chefe da XP, Caio Megale. Os preços já vinham em alta desde o início do ano e se diversificaram agora, com a crise, para todas as commodities.

Commodities e inflação

Esse movimento gera um impacto intenso sobre a inflação em uma economia global que já estava desorganizada e desaquecida, com inflação em alta e em processo de recuperação da pandemia da covid. “É um choque adicional agora”, e os bancos centrais terão que lidar com muita cautela nesse cenário, avalia.

Megale diz que está bastante claro um cenário de estagflação e a preocupação cresce porque não se sabe “a extensão e a duração desse choque. O desafio é bastante grande”.

O Brasil já vem sofrendo com inflação alta, reforça Megale, e o Banco Central vem aumentando os juros. “O reajuste adicional de 20% nos combustíveis que a Petrobras anunciou agora é inflação na veia.”

O economista prevê que, com o aumento dos insumos, a inflação, estimada anteriormente em 5,50%, termine o ano entre 6,00% e 6,50%. Só não fica maior, avalia, porque o governo tem feito manobras como redução de redução de impostos sobre combustíveis e energia elétrica.

Com inflação alta e persistente, “o Banco Central não vai conseguir cortar o juro no curto prazo”. A previsão é que a Selic chegue a 12,75% ao ano.

Megale afirma que a economia vai sofrer com os juros altos e a recessão global, mas o País tem uma atenuante, que é a recente melhora do PIB.

Sobre o câmbio, o estrategista da XP acredita que o dólar continue oscilando na faixa entre R$ 5,00 e 5,20, “um patamar de equilíbrio, já que o cenário impede que venha para R$ 4,50”, um nível em que, segundo ele, deveria estar pelos fundamentos econômicos.

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Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.