Vale e Weg lideram as recomendações de cinco casas de investimento para setembro
Os setores de consumo e varejo, financeiro e de transportes também são destaques nas carteiras de setembro
Marcado pela tensão no cenário político, perspectivas de risco fiscal, crise hidrológica dando sinais de um possível racionamento de energia e elevação da inflação e da taxa de juros, agosto foi um mês de muita volatilidade para a Bolsa de Valores brasileira. Neste contexto, inclusive, especialistas consideram que muitas das ações que compõem o Ibovespa estão descontadas, com um valuation bom para a entrada dos investidores.
A partir dessa análise, as casas de investimentos renovaram suas recomendações de ações para setembro. Reunimos as avaliações de cinco instituições financeiras para o mês e, entre elas, o destaque fica para os papéis da Vale e da Weg, ambas presentes em quatro das carteiras recomendadas. O setor de consumo e varejo também marcou forte presença, bem como o financeiro e o de transportes.
Vale: volatilidade no curto prazo, mas boa visão futura
De acordo com os especialistas do Banco Safra, a Vale é uma empresa que deve continuar gerando um bom fluxo de caixa, mantendo níveis atrativos de remuneração aos acionistas mesmo com a queda recente do minério de ferro. Embora a visão futura seja otimista e os ativos da mineradora sejam considerados de qualidade e mais estáveis pelo mercado, o banco reduziu em 1 ponto percentual a participação da Vale em seu portfólio - de 14% para 13%.
A XP investimentos, que também manteve a mineradora entre suas recomendações, destaca que a desvalorização dos papéis da companhia em agosto se deve à queda acentuada do minério de ferro. A baixa na commodity vem do aumento da tarifa de exportação de aços na China e das preocupações com os impactos econômicos da variante delta, principalmente depois da paralisação de duas semanas do porto de Ningbo no país asiático.
Apesar da possibilidade de volatilidade no curto prazo devido aos preços do minério de ferro, os analistas mantêm suas apostas no papel diante do anúncio feito pela Vale de dividendos extraordinários e forte geração de caixa.
Além do Banco Safra e da XP, a Vale também aparece entre as recomendações de ações do BTG Pactual Digital e da CM Capital.
WEG: fortes resultados operacionais
Outro papel que se destacou em meio à diversidade de opções foi o da Weg, uma empresa de bens de capital especializada na fabricação e comercialização de motores elétricos, transformadores, geradores e tintas. A companhia está entre as recomendações de ações da XP, BTG Pactual, CM Capital e Genial Investimentos.
Os papéis da empresa caíram 22% desde seu pico em janeiro deste ano, o que os operadores do mercado consideram exagerado. Em relatório, a CM Capital ressalta que a Weg ainda defende uma região de suporte e busca uma recuperação, projetando a região que vai de R$ 38 a R$ 43. No último pregão, quarta-feira, 1, a ação fechou cotada a R$ 36,29.
Para os analistas do BTG Pactual Digital, "essa recente queda está levando as ações da Weg a retomar níveis de valuation mais razoáveis", o que eleva o entusiasmo com a empresa.
A XP afirma que vê a companhia bem posicionada para continuar entregando fortes resultados operacionais, com a retomada de investimentos globais e devido ao "portfólio altamente diversificado suportando um sólido crescimento de receita no curto prazo".
Os analistas da corretora afirmam, ainda, que "dada a exposição da companhia a diversos mercados, os riscos políticos num âmbito doméstico podem ser compensados por uma maior relevância de mercados externos". Cerca de 55% da receita da Weg vêm do mercado internacional.
Levando em conta o agravamento da crise hidrológica no País, o BTG considera, também, que a companhia de bens de capital traz "defensividade" ao portfólio, "ao destacar a importância de diversificar a matriz energética do Brasil para outras fontes, como a eólica e a solar".
Setores de consumo, financeiro e transportes
Alguns setores também marcaram forte presença nas recomendações de ações das casas de investimento, assim como a Vale e a Weg se destacaram individualmente.
As empresas do setor financeiro, tradicionais na maioria dos portfólios e responsáveis por cerca de 17% da composição da carteira teórica da B3 estão presente em todas as cinco carteiras que reunimos nesta matéria. Os bancos e outras companhias do setor são ativos que oferecem alta liquidez, atraindo, inclusive, os investidores estrangeiros.
Também estão presentes nas cinco carteiras os papéis de consumo e varejo. Genial, XP e CM Capital apresentam três das empresas do setor em seus portfólios, enquanto o Banco Safra tem duas posições e o BTG, uma. Entre as análises, o consenso entre os especialistas é que as ações do setor estão bastante descontadas.
Se por um lado a escalada de preços que atinge o País reduz o poder de compra dos consumidores, por outro, a elevação da taxa de juros para tentar controlar a inflação aumenta o custo para financiamentos e crédito.
Essa situação, inclusive, é comprovada pelos dados do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2021, divulgado na manhã desta quarta-feira, 1, pelo IBGE. No trimestre, embora o setor de serviços tenha avançado 0,7%, o consumo das famílias ficou no zero a zero.
No entanto, as expectativas futuras são de uma retomada na economia um pouco mais forte para os próximos meses. Assim, os analistas consideram que os papéis de consumo e varejo, que estão com um valuation atrativo, devem se beneficiar e valorizar.
Por fim, o setor de transportes e logística figurou em quatro das cinco carteiras de recomendações de ações. O Grupo Vamos aparece no portfólio da Genial e do BTG, enquanto a XP optou pelos papéis da Localiza e o Banco Safra, pelo CCR.
XP Investimentos
A XP Investimentos fez apenas uma troca na sua carteira de ações de setembro. O time de especialista optou por retirar a exposição aos papéis da SulAmérica por conta de preocupação crescente em relação à disseminação da variante dela do coronavírus. Além disso a "expectativa de sinistralidade ainda é elevada no curto prazo, devido ao volume ainda alto de procedimentos eletivos e sinistros decorrentes da pandemia", explica a corretora em relatório.
No lugar da empresa de saúde, espaço para a Weg.
Composição da carteira Top 10 ações XP
- B3 (B3SA3) com peso de 10%
- WEG (WEGE3) com peso de 10%
- Arezzo (ARZZ3) com peso de 10%
- Localiza (RENT3) com peso de 10%
- Klabin (KLBN11) com peso de 10%
- Multiplan (MULT3) com peso de 10%
- Rede D'or (RDOR3) com peso de 15%
- Vale (VALE3) com peso de 10%
- Lojas Americana (LAME4) com peso de 5%
- Assaí (ASAI3) com peso de 10%
Banco Safra
Em setembro, o Banco Safra optou por retirar os papéis da Klabin de sua carteira recomendada, pois "apesar do início da operação da primeira fase do projeto Puma II e das boas perspectivas para a demanda de embalagens", a empresa teve um desempenho positivo em agosto, fazendo com que o banco optasse pela realização dos lucros.
Substituindo a empresa de papel e celulose, entra para o portfólio do Safra as ações do BB Seguridade. O banco afirma que as perspectivas para a companhia são de normalização dos resultados negativos, além de ser "um interessante case defensivo, por conta da sua boa distribuição de dividendos".
As trocas não pararam por aí e, ainda na exposição ao setor financeiro, saiu o Bradesco e entrou o Itaú, porque a visão futura para o segundo é mais positiva, explicam os especialistas do Banco Safra.
Composição da Carteira Safra Top 10 Ações
- Itaú (ITUB4) com peso de 12%
- BTG Pactual (BPAC11) com peso de 8%
- Rede D'Or (RDOR3) com peso de 8%
- Petrobras (PETR4) com peso de 15%
- Vale (VALE3) com peso de 13%
- BB Seguridade (BBSE3) com peso de 8%
- Lojas Renner (LREN3) com peso de 10%
- Assaí (ASAI3) com peso de 9%
- CCR (CCRO3) com peso de 8%
- Multiplan (MULT3) com peso de 9%
BTG Pactual Digital
Em relatório, o BTG Pactual Digital explica que, para setembro, mantém um portfólio equilibrado, com foco em ações líquidas de empresas de qualidade. Os analistas afirmam que aproveitaram "a recente correção para adicionar nomes de qualidade a valuations atraentes" à carteira. Dessa forma, Magalu e B3 entraram nas recomendações, bem como Gerdau e Vamos.
O banco destaca ainda que a siderúrgica vê sua receita crescendo bem num cenário onde os preços internacionais de aço estão bem sustentados pelas restrições de produção na China. Além disso, os especialistas consideram que a Vamos é "uma ação que deve se beneficiar da penetração estruturalmente baixa do aluguel de caminhões no Brasil" - a empresa espera aumentar em seis vezes a sua frota até 2025.
Abrindo espaço para essas mudanças, foram retirados do portfólio do BTG os papéis da Lojas Renner, BR Distribuidora, Equatorial e Oi.
Composição da carteira do BTG
- Vale (VALE3) com peso de 15%
- PagSeguro (PAGS34) com peso de 10%
- Rede D'Or (RDOR3) com peso de 10%
- Magazine Luiza (MGLU3) com peso de 10%
- B3 (B3SA3) com peso de 10%
- WEG (WEGE3) com peso de 10%
- Porto Seguro (PSSA3) com peso de 10%
- Gerdau (GGBR4) com peso de 10%
- Cyrela (CYRE3) com peso de 10%
- Vamos (VAMO3) com peso de 5%
Genial Investimentos
Foram cinco as alterações que a Genial Investimentos fez na sua carteira recomendada de ações de agosto para setembro. A corretora optou por reduzir sua exposição ao setor financeiro, retirando as ações do Bradesco e do BTG Pactual, e zerar a exposição ao setor de saúde, com a saída da Rede D'Or.
O portfólio conta agora com as ações da Moura Dubeux, de construção civil, da petroleira Petro Rio e da Vamos, companhia de transporte e logística.
Duas empresas de varejo, Grupo Mateus e Lojas Renner, também foram substituídas. Entraram em campo os papéis da Via (antigas Via Varejo) e Vulcabras.
Composição da Carteira Ibovespa 10+
- Moura Dubeux (MDNE3) com peso de 10%
- Petro Rio (PRIO3) com peso de 10%
- MPM Corpóreos (ESPA3) com peso de 10%
- Vamos (VAMO3) com peso de 10%
- WEG (WEGE3) com peso de 10%
- Neogrid (NGRD3) com peso de 10%
- Mosaico Tecnologia (MOSI3) com peso de 10%
- Itaú (ITUB4) com peso de 10%
- Via (VIIA3) com peso de 10%
- Vulcabras (VULC3) com peso de 10%
CM Capital
A corretora de valores fez duas substituições nos ativos de sua carteira de investimentos, com a retirada da Petrobras e do Banco Brasil, dando espeço para Natura e Marfrig.
Sobre a escolha da empresa de cosméticos brasileira, a CM Capital afirma em relatório que "os preços do ativo trabalham em uma região de suporte onde atua força compradora".
Já a respeito da Marfrig, a empresa considera que os papéis trabalham dentro de um canal de alta buscando o seu topo histórico.
Composição da carteira da CM Capital
- Vale (VALE3) com peso de 15%
- BTG Pactual (BPAC11) com peso de 15%
- WEG (WEGE3) com peso de 15%
- Magazine Luiza (MGLU3) com peso de 15%
- Equatorial (EQTL3) com peso de 10%
- Usiminas (USIM5) com peso de 10%
- Natura (NTCO3) com peso de 10%
- Marfrig (MRFG3) com peso de 10%