Viés da Crença
O que é o Viés da Crença?
Viés da Crença (ou Belief Bias, em Inglês) é o nome dado a um tipo específico de viés cognitivo.
A sua principal característica é narrar a tendência que nós, seres humanos, possuímos de, ao analisar argumentos em uma discussão, julgarmos a sua força de acordo com quão plausível é a conclusão - e não com a contribuição precisa que aquele argumento teve para que aquela conclusão fosse declarada.
Lendo apenas essa definição, pode ser difícil visualizar como o Viés da Crença se apresenta na nossa vida cotidiana. Nós sabemos! Mas não se preocupe: daqui em diante, vamos nos debruçar sobre esse fenômeno psicológico e explicar, de forma mais clara, o seu funcionamento.
Inicialmente, é importante ressaltar que, naturalmente, nós rejeitamos quaisquer opiniões, dados e afins que contrariam as nossas crenças de mundo. O mesmo não acontece com os elementos que reafirmam o nosso ponto de vista: com estes, somos muito mais receptivos.
Isso significa que somos mais críticos com o que nos critica e menos desconfiados com o que nos valida.
Existem, inclusive, vieses cognitivos destinados especificamente a explicar cada etapa desse "filtro de validação" - sendo o viés de confirmação, a percepção seletiva e o efeito backfire os melhores exemplos!
Como o Viés da Crença funciona?
Podemos vê-lo em ação de forma fácil, acessando alguma rede social. Nela, as pessoas discutem a todo vapor quem está certo ou está errado, em toda sorte de temáticas. Para tanto, elas sustentam os seus julgamentos com argumentos, de modo que mostrem o quão verdadeiro (e "tão claro e óbvio" e "como você não concorda com isso?" e "meu Deus, você é um idiota") a sua conclusão é.
Contudo, desde os tempos de Aristóteles, o Pai da Lógica, se sabe que os silogismos correm soltos pelo mundo.
Se essa é uma palavra nova para você, saiba que um silogismo é um modelo antigo de dedução. Composto por duas premissas e uma conclusão, ele pode ser organizado da seguinte forma:
- Premissa 1: Todos os animais que voam possuem asas;
- Premissa 2: Aves voam;
- Conclusão: Aves possuem asas.
Parece lógico, correto? O problema é que nem sempre os silogismos estão corretos. Um silogismo composto por uma premissa falsa ainda pode apresentar uma conclusão válida, enquanto o contrário também é possível: uma conclusão equivocada pode surgir, mesmo que as premissas sejam verdadeiras.
E o nosso cérebro é péssimo em lidar com esse fato, muitas vezes. Quando falhamos em identificar o erro existente em um silogismo (que, como veremos, estão presentes continuamente no nosso dia a dia) é que nasce o Viés da Crença.
Um exemplo de silogismo com uma conclusão válida e alguma premissa falsa seria:
- Premissa 1: Todos os animais com asas, voam;
- Premissa 2: Águias têm asas;
- Conclusão: Águias voam.
Veja bem: as águias realmente voam, mas será mesmo que todos os animais com asas fazem o mesmo? É claro que não.
Analisando assim, racionalmente, o erro é fácil de ser encontrado.
Na vida real, contudo, você se lembra que dissemos que o nosso julgamento é afetado conforme os argumentos e conclusões validam ou confrontam nossas crenças?
Pois bem, se a conclusão exposta nos "confirmar", teremos uma dificuldade maior em questionar (e até mesmo enxergar) os seus erros. Isso é o Viés da Crença!
Outro exemplo, dessa vez de um silogismo composto por duas premissas verdadeiras e uma conclusão falsa, vemos a seguir:
- Premissa 1: Todos os investimentos possuem riscos;
- Premissa 2: Títulos de capitalização não são investimentos;
- Conclusão: Títulos de capitalização não possuem riscos.
Percebe o quanto essa dedução é perigosa? Se essa é a sua opinião, é possível que essas duas premissas apenas façam com que você acredite mais ferozmente em uma mentira.
E nisso o Viés da Crença é mestre: te cegar para que o status quo prevaleça, mesmo que isso signifique prejuízo (na cabeça e no bolso) para você.