Misallocation
O que é misallocation?
Misallocation vem do Inglês e significa má alocação de recursos ou ineficiência alocativa, especialmente nas economias. Esta problemática provoca diferenças entre as trajetórias de crescimento dos diversos países e também variações na produtividade e crescimento de uma mesma nação ao longo do tempo.
Na "má alocação", podem ocorrer alta produtividade, mas com pobreza, inflação ou, ainda, como o que ocorreu na Tailândia, em 2004, quando 11% dos empreendedores apresentavam menos de 3 anos de estudo, enquanto 14% dos que estavam fora do setor produtivo tinham entre 5 a 16 anos de educação.
Essa estatística não é capaz de, por si só, definir a capacidade dos indivíduos, é claro, mas ela pode sim ser um indício de misallocation.
Por que há misallocation no Brasil?
Estádios de futebol destinados à Copa de 2014, refinarias Premium I e II (no Maranhão e no Ceará, respectivamente), ferrovias e outras construções interrompidas e, mais pontualmente, um projeto de aquário público não concluído que custou R$ 130 milhões no Ceará… não é difícil encontrar exemplos da ineficiência alocativa brasileira.
Recentemente, o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do segundo semestre de 2020 trouxe a misallocation e a falta de expansão do setor privado como pautas novamente pelo Ministério da Economia.
A própria Secretaria de Política Econômica apontou três causas principais da má alocação brasileira:
- Regras estatais: regulações e normas podem ser obstáculos, isto é, custos excessivos para o aporte de mão de obra ou capital nas empresas;
- Provisões discricionárias concedidas pelo governo: prover determinados negócios com subsídios e isenções de impostos de forma arbitrária e à livre escolha prejudica outros empreendimentos;
- Imperfeições de mercado: monopólios, restrições de crédito a firmas pequenas, porém produtivas, também contribuem para a misallocation.
Já existem algumas soluções para combater essa ineficiência, como o aprimoramento da lei de recuperação judicial, privatizações e abertura econômica.
No entanto, conquistar esses resultados nem sempre resolve todo o problema. O economista Santiago Levy fez um levantamento no México e garantiu que estabilidade macroeconômica, abertura comercial, aumento de investimento e de escolaridade não garantem um bom dinamismo econômico.
O PIB do país, de 1996 a 2015, cresceu apenas 1,2% mesmo com todas essas vantagens — fruto da má alocação persistente, que estimula informalidade no mercado de trabalho e dificulta, assim, a geração de receita suficiente para ampliar a produtividade da nação. A informalidade, por exemplo, reflete na falta de economia de escala, de alcance, inovação tecnológica ou qualquer investimento na capacitação dos próprios colaboradores.
Como combater a misallocation pode ajudar nos investimentos?
Produto original e de qualidade, grande fluxo de caixa, competitividade… tudo isso pode ser inútil se os recursos de uma empresa não estão bem alocados e, no geral, os investidores percebem isso.
No contexto empresarial, a misallocation é de capital, quando o excesso de caixa gerado não é bem distribuído e impacta negativamente na lucratividade a longo prazo. Com frequência, a preocupação com o curto prazo é a maior motivação dessa misallocation.
No geral, a alocação de capital fica sob responsabilidade dos diretores — presidente, diretor financeiro e de operações. Porém, nem todos possuem esse conhecimento estratégico e passam a seguir apenas as orientações dos bancos, gestores financeiros e subordinados.
Os destinos mais recomendados para o excesso de caixa gerado são:
- Aquisições de outras empresas;
- Crescimento orgânico, como com a abertura de novas filiais;
- Pagamento de dívidas que foram feitas para financiar seus próprios ativos;
- Distribuição de dividendos, na proporção de 25% do lucro líquido, no mínimo, aos acionistas.