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Curva de Phillips

Autor:Equipe Mais Retorno
Data de publicação:11/09/2019 às 09:52 - Atualizado 5 anos atrás
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O que é a curva de Phillips?

A curva de Phillips foi desenvolvida pelo economista neozelandês William Phillips há aproximadamente 60 anos atrás.

De acordo com ela, inflação e desemprego possuem uma relação estável e, ao mesmo tempo, inversa. 

Usada para fins de política econômica por vários governos, a curva de Phillips representa um instrumento para se chegar à meta de inflação. É por meio dela que se estimula ou se desestimula a economia, via mecanismos fiscais e de política monetária.

Qual a relação entre a curva de Phillips e a estagflação da década de 70?

Apesar de ter direcionado boa parte das políticas públicas, a curva de Phillips foi questionada durante a estagflação, época em que a alta inflação e o alto desemprego conviveram com o baixo crescimento.

Situação inédita nos EUA, entre os anos de 1973 e 1975 (período em que os países da OPEP boicotaram os EUA pelo seu apoio a Israel na Guerra do Yom Kippur), a economia norte-americana se retraiu por 6 trimestres consecutivos ao mesmo tempo em que a inflação triplicou.

Foi a partir desse cenário que os economistas começaram a olhar com mais atenção o papel das expectativas racionais dos agentes.

Como a população se antecipa a aumentos de preços à medida em que toma conhecimento de novas políticas expansionistas, os seus efeitos sobre o desemprego são limitados, o que mostra que a curva de Phillips só se mantém no curto prazo.

A curva de Phillips se aplica aos dias de hoje?

Essa é uma pergunta que todos estão fazendo. O nível de desemprego nos EUA nunca foi tão baixo e ainda assim o Fed, banco central norte-americano, tem dificuldade para conduzir a economia para a meta de inflação (próxima, mas abaixo dos 2% ao ano).

O fato é que muitos economistas apontam para a globalização como responsável pelo ambiente de baixa inflação em função de:

  • Maior abertura comercial;
  • Existência de fornecedores globais;
  • Maiores fluxos de capital e investimentos circulando pelo mundo.

No caso do Brasil, a não aderência de nossas variáveis de inflação e desemprego à curva de Phillips se dá pelos seguintes fatores:

  • Pouca abertura comercial;
  • Baixa produtividade;
  • Gargalos de oferta.

Não fossem por eles, a inflação no país seria muito menor, dada a enorme capacidade ociosa atual.

O que é o “achatamento da curva de Phillips”?

Em boa parte da década de 70, acreditava-se que a curva de Phillips tinha uma inclinação acentuada, ou seja, os preços reagiam bruscamente às oscilações de demanda. Com base nessa lógica, pequenas variações na demanda agregada geravam grandes impactos na inflação e também nas expectativas dos agentes em relação ao seu comportamento no futuro.

Porém, desde a crise financeira de 2008, a relação entre inflação e desemprego se enfraqueceu ao redor do mundo. Apesar do uso de uma política monetária agressiva, a reação da economia não ocorreu na mesma intensidade. Mesmo quando houve a redução na capacidade ociosa, a inflação ficou persistentemente distante da meta.

Diante das evidências, os banqueiros centrais afirmam que enfrentam um maior grau de incerteza para projetar elementos não observáveis da curva de Phillips tais como:

  • Taxa de desemprego compatível com a estabilidade de preços (Nairu, na terminologia em inglês); 
  • Juros neutros (que não comprometem a meta de inflação).

Isso explica porque as autoridades monetárias têm defendido oscilações, tanto positivas (acima) como negativas (abaixo) em relação à meta de inflação, levando em conta também a inflação passada para fundamentar as suas ações.

O resultado prático disso é o uso de novos estímulos para se evitar a falta de margem de manobra, em um ambiente de taxas de juros tão baixas, quando o ciclo econômico inevitavelmente se reverter.

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