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Mercado Financeiro

Superquarta: veja as apostas do mercado para os juros em meio à crise de bancos

Para especialistas, a decisão do Fed será pressionada por crise atual e impactará todo o mercado, inclusive a decisão do Copom

Data de publicação:20/03/2023 às 11:07 -
Atualizado 2 anos atrás
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Após uma semana de nervos à flor da pele no mercado global, com a ruína do Sillicon Valley Bank, o sobe e desce do Credit Suisse e a aliança para salvar o First Republic Bank, a superquarta bate à porta. 

Na quinta-feira, 16, o Banco Central Europeu (BCE) manteve sua reunião para decisão da taxa de juros e optou por manter a alta de 50 pontos-base já prevista. Em entrevista coletiva logo após a divulgação da decisão, a presidente do BCE, Christine Lagarde, declarou que não há “escolha” entre inflação ou estabilidade financeira. 

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O Banco Central Europeu elevou suas taxas de juros em 50 pontos base 

A semana se encerrou com um sentimento misto de alívio, após a atuação do governo Biden no SVB e a junção de bancos como JP Morgan Chase, Morgan Stanley e Bank of America para prover fundos para o First Republic; e temores, com a dúvida se o empréstimo do Swiss National Bank ao Credit Suisse será suficiente. 

Com todos os acontecimentos dos últimos dias, o que especialistas esperam das decisões do Federal Reserve (Fed) e do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na semana que vem? 

Fed em compasso de espera

Para Marcello Oliveira, CFA e co-fundador da Quantzed, ainda que os episódios não levem a um movimento de baixa de juros pelo Fed, com certeza impactarão decisões futuras. “Provavelmente, eles viriam com alta de 0,25%, mas agora acredito que podem vir a não aumentar nada”, opina. 

Para ele, há necessidade de maior análise da situação dos bancos, em especial considerando investimento em títulos que passam a valer cada vez menos. "Então, é possível que os membros esperem e não subam dessa vez, mas voltem a subir nas próximas reuniões. Com certeza, esse episódio já está impactando na decisão do Fed", explica.

Na visão de Alex Kim, sócio da A7 Capital, a atuação do Fed no caso SVB trouxe alívio para os temores de uma contaminação do sistema. Ele entende que essa postura se manterá em relação à política de juros do banco, que adotaria uma “postura mais dovish para as próximas reuniões”, segundo Kim. 

Para o sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, Idean Alves, o preço dos juros altos e da falta de crédito para controlar a inflação está sendo cobrado agora. 

Em seu entendimento, esse ajuste começa a ser cobrado “via bancos pequenos, médios e empresas altamente endividadas, que não devem aguentar por muito tempo esse patamar de juros.” 

Idean prevê, ainda, que é possível esperar outras consequências: "podemos ter o consumidor "fugindo" da alta de preços, mas quase que como um beco sem saída, vendo o mundo entrar em recessão”.

O impacto também é considerado por Carlos Hotz, sócio-fundador da A7 Capital. 

“Se a gente tem o FED sinalizando um aumento de juros menor do que o mercado esperava, temos outros bancos centrais trabalhando com um spread, um diferencial de taxa de forma mais atrativa”, entende Hotz. 

Em seu entendimento, decisões tomadas pelo Fed impactam todo o mundo, então poderão trazer mudanças para a Selic. 

Copom deve manter taxa 

Para Hotz, a queda de juros pelo Copom não acontecerá nesta reunião mas certamente poderá haver alguma indicação no comunicado em relação sobre diminuição próxima da taxa. 

"Com isso, a gente pode ter Copom não reduzindo juros, mas já trazendo a pauta de eventual redução para próximas reuniões. Com isso, a taxa de juros negociada no mercado vai trabalhar sempre com um nível menor”, opina Carlos Hotz. 

O fator externo também é foco da análise de Acilio Marinello, coordenador do MBA Executivo em Digital Finance da Trevisan Escola de Negócios, sobre as expectativas para o Copom, na semana que vem. 

“Influencia aqui no Brasil, porque estamos chegando ao momento em que tanto os meios de produção como o próprio mercado financeiro e as pessoas em geral estão sentindo cada vez mais a escassez de crédito, seja porque os bancos temem ofertar crédito por inadimplência ou porque as pessoas acabam não o adquirindo porque os juros estão muito altos” pontua Marinello. 

Entre os pontos internos que destaca, a apresentação do novo arcabouço fiscal pode impactar a decisão do Copom, se a proposta vier a público antes da reunião. 

Sobre as expectativas do mercado, Acilio Marinello entende que não há um consenso sobre o valor que será alcançado para a taxa de juros até o final do ano. O que ninguém discorda é que a redução não deve ser antes do segundo trimestre de 2023. 

“Resumindo para essa quarta-feira, a tendência é que os juros se mantenham e os fatores externos, principalmente a nova proposta do arcabouço fiscal aqui no Brasil, possam mudar a sinalização do Banco Central e do Copom de quando a taxa pode voltar a baixar aqui no Brasil”, conclui. 

Se há tantas dúvidas em torno dos próximos capítulos envolvendo a crise e seu impacto nas taxas de juros, o investidor também hesita em tomar riscos maiores no cenário. 

Como investir neste cenário?

Para esse contexto de indefinição que se apresenta, Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, entende que o clima de temor faz com que os investidores fiquem avessos a maiores riscos. 

Para que haja uma tranquilidade e menor impacto pelas quedas das bolsas, o segredo é manter a diversificação e apostar em ativos que tornem o investidor seguro.  

"Uma carteira, em que independente do que aconteça, pode até perder para um lado ou desvalorizar em parte o patrimônio, mas, pode ganhar de outras formas. Então, o ideal é diversificar de acordo com o seu perfil de investidor, seu perfil de risco, de acordo com a sua sensibilidade ao risco, e conhecimentos, além do prazo com que precisa sacar o dinheiro para não ter que sacar antes da hora certa e acabar tendo prejuízo”, diz.

Entre os ativos que entregam boa performance enquanto a Selic estiver elevada, Carlos Hotz indica os ativos pré-fixados. “Travar a taxa em um momento em que a Selic está muito elevada e vendo já um movimento de inversão de ciclo pode ajudar o investidor a ter a rentabilidade de taxas altas por um período maior, mesmo que aconteça uma redução de juros nos próximos meses”, comenta.

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Sobre o autor
Camille Bocanegra
Repórter da Mais Retorno