Futuros abrem em queda nos EUA em meio a cenário de aversão global ao risco
Atenções se voltam para negociações para o fim da guerra e questões fiscais no País
As preocupações do mercado financeiro com a política monetária no Brasil e nos Estados Unidos podem ser deixadas momentaneamente de lado após as decisões dos bancos centrais dos dois países no dia anterior.
Como avaliam alguns especialistas, seria um fator a menos de instabilidade nos mercados no curto prazo. Apesar disso, o clima é de aversão ao risco nos mercados internacionais nesta quinta-feira,17.
O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) aumentou 0,25 ponto porcentual a taxa de juros de curto prazo americana. A primeira alta desde 2018 move o juro dos Fed Funds, semelhante à Selic brasileira, de um intervalo de 0 a 0,25% para uma faixa entre 0,25% e 0,50%.
A alta dos juros americanos, em geral mal recebida pelos mercados, desta vez não causou perturbação. A decisão confirmou as expectativas dos investidores, que reagiram bem também à fala de Jerome Powell, presidente do Fed, sobre o estado da economia americana.
A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou com alta de 1,98%, em 111.112 pontos, e o dólar recuou 1,27%, cotado por R$ 5,09 na venda.
Futuros/bolsas americanas
- S&P 500: -0,41%
- Dow Jones: -0,28%
- Nasdaq 100: -0,53% (dados atualizados às 7h42)
Selic: aumento de 1 ponto porcentual na Selic
Os negócios do dia nos mercados já haviam sido encerrados quando o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), anunciou alta de 1 ponto porcentual na Selic, que subiu de 10,75% para 11,75% ao ano. Uma decisão já amplamente esperada por investidores e gestores.
O comunicado que o BC divulgou após o encontro do Copom tampouco trouxe surpresas. Diante de persistentes incertezas com a inflação, a autoridade monetária adiantou nova alta de 1 ponto porcentual na Selic. A próxima reunião do colegiado está marcada para os dias 3 e 4 de maio.
A reação positiva à decisão do Fed, seguida por uma decisão sem surpresas do BC brasileiro, faz os especialistas acreditarem em melhora, ainda que momentânea, do humor dos mercados, mas baixar a guarda.
Preocupações fiscais e guerra na Ucrânia
O mercado financeiro continua ligado às preocupações fiscais, ao controle de gastos que evite um desarranjo nas contas públicas. Ainda mais que o governo, embalado pelo ritmo de campanha eleitoral, acena com medidas que os especialistas chamam de saco de bondades.
O cenário internacional também continua no radar dos mercados. Investidores e gestores estão atentos principalmente aos sinais de algum avanço nas negociações em busca de um acordo para um possível cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia. E ainda ao avanço de novos focos de covid -19 na China.
São eventos que influenciam o sobe e desce das cotações de commodities no mercado externo e, por tabela, das ações de empresas exportadoras de minério de ferro e petróleo, como Vale e Petrobras. Papeis com forte participação na composição do Ibovespa.
Exterior
Bolsas europeias seguem futuros americanos e operam no negativo
As bolsas europeias operam em baixa nesta quinta-feira, 17, seguindo os futuros americanos e com novos dados econômicos que apontam o avanço da inflação no bloco.
A taxa anual de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro atingiu a máxima histórica de 5,9% em fevereiro, superando o recorde anterior de 5,1% verificado em janeiro, segundo dados divulgados durante a madrugada pela Eurostat.
O resultado de fevereiro ficou acima da leitura preliminar e da expectativa dos analistas, de 5,8% em ambos os casos.
A inflação recorde amplia pressões para que o Banco Central Europeu (BCE) aperte sua política monetária. A meta de inflação do BCE é de 2%. Em relação a janeiro, o CPI da zona do euro subiu 0,9% em fevereiro, como previsto.
Bolsas europeias/principais índices
- Stoxx 600 (Europa): 0,00%
- DAX (Frankfurt): -0,75%
- FTSE 100 (Londres): -0,07%
- CAC 40 (Paris): -0,13% (dados atualizados às 7h43)
Bolsas asiáticas fecham em forte com Fed
As bolsas asiáticas fecharam em forte alta pelo segundo dia consecutivo nesta quinta-feira, acompanhando Wall Street, que no dia anterior vivenciou um rali após o Fed anunciar seu primeiro aumento de juros desde 2018 e ainda sustentadas por uma promessa da China de dar apoio à sua economia, com foco no setores de capitais e imobiliário. / com Júlia Zillig e Agência Estado
Bolsas asiáticas/fechamento
- Hang Seng (Hong Kong): +7,04% (21.501 pontos)
- Xangai Composto (China continental): +1,40% (3.215 pontos)
- Shenzhen Composto: +2.24% (2.133 pontos)
- Nikkei (Tóquio): +3,46% (26.652 pontos)
- Kospi (Seul): +1,33% (2.694 pontos)
- S&P/ASX 200 (Sydney): +1,05% (7.250 pontos)