Quanto vai render a poupança, os títulos e fundos de renda fixa com a Selic em 13,75%
Rendimento deve subir tanto em termos nominais quanto reais
A alta de mais 0,50% na taxa básica de juros, a Selic, para 13,75% ao ano, deixa pouco mais encorpada a rentabilidade da renda fixa. E adiciona mais atratividade aos investimentos remunerados por juros, cada vez mais elevados. Tanto em termos nominais quanto reais.
A Selic está em patamar que os analistas consideram restritivo. Acima da taxa neutra, aquela que não estimula nem inibe a atividade econômica. Uma taxa de aperto monetário que desestimula o crescimento, mas, do ponto de vista de investimento, contempla a renda fixa com atraentes ganhos, após um período prolongado de vacas magras.

Como fica o rendimento de cada aplicação
Os dados de simulação da tabela abaixo, feita pela Mais Retorno, dão ideia de quanto pode render, com a nova Selic de 13,75%, uma aplicação de R$ 1.000 nas principais modalidades de renda fixa em um ano.
São aplicações indexadas à Selic, que em alguns ativos muda para CDI, juro adotado no mercado financeiro para troca de reservas entre bancos. A Selic é usada como indexador de títulos públicos, nas operações do mercado com o Tesouro e o Banco Central, e o CDI, de papeis privados. Mas ambos andam de mãos dadas. Quando sobe a Selic, o CDI vai junto.
Investimento | Rendimento bruto (R$) | Desconto do IR (R$) | Rendimento líquido | Rendimento real descontada inflação |
---|---|---|---|---|
LCA (97% CDI) | 1.133,38 | -.- | 1.133,38 | 1.050,64 |
LCI (80% CDI) | 1.110,00 | -.- | 1.110,00 | 1.028,97 |
CDB (100% CDI) | 1.137,50 | 30,94 | 1.106,56 | 1.025,78 |
Tesouro Selic | 1.134,66 | 26,93 | 1.107,73 | 1.026,86 |
Fundo DI * | 1.129,08 | 25,82 | 1.103,26 | 1.022,72 |
Poupança | 1.096,25 | -.- | 1.096,25 | 1.016,22 |
Fundos DI 2 ** | 1.123,40 | 24,68 | 1.098,72 | 1.018,52 |
(*) Fundos com taxa de administração de 0,50% ao ano
(**) Fundos com taxa de administração de 1% ao ano
A inflação considerada para o cálculo do rendimento líquido que chega como retorno ao investidor depois de um ano, medido pelo poder de compra do capital aplicado, foi estimada em 7,30%.
Embora a Selic seja o principal foco de interesse do investidor, porque os ajustes na taxa levam a um aumento do rendimento nominal das aplicações, a inflação é um componente importante nessa equação.
É ela que determina se o investidor está tendo ganho real, mantendo ou ampliando o poder de compra do dinheiro, ou se o capital está sendo desvalorizado, porque o rendimento está sendo insuficiente.
Como investir no novo cenário
A renda fixa de forma geral está com o rendimento nominal em alta em todas as modalidades de ativos, de títulos a fundos de investimento. Um desempenho que se estende também em ganhos reais positivos, com a forte desaceleração da inflação.
Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, diz que, em ciclo de alta da Selic, os ativos pós-fixados, com rendimento atrelado à taxa básica, são mais interessantes. Títulos públicos como o Tesouro Selic ou CDB indexado ao CDI.
Ele afirma também que, como o comunicado pós-Copom desta quarta-feira indica o ciclo próximo do fim, ao sinalizar que o Banco Central avaliará a necessidade de ajuste residual na próxima reunião, o momento pode ser interessante também para títulos prefixados, como o Tesouro Prefixado. “Mas apenas uma pequena parcela da carteira e para horizontes de vencimento de cinco a seis anos.”
A estratégia consiste em travar o juro alto, visto por especialistas como próximo do pico do atual ciclo, até o vencimento do título, em um momento que as taxas de juros estariam trajetória de queda.