Santander: política fiscal aqui e inflação e juros nos EUA na mira dos analistas
A grande dúvida é a política econômica do novo governo e como os riscos fiscais podem impactar o mercado financeir
As incertezas com o cenário internacional e os riscos fiscais, internamente, imprimem a tônica de análise da Carta Mensal de janeiro aos clientes da Santander Asset Management. É um sentimento que predomina entre o time de analistas da asset, apesar das estimativas positivas em relação a indicadores como o PIB, inflação e juros no País.
A grande dúvida é a política econômica do novo governo e como os riscos fiscais podem impactar o mercado financeiro. A falta de uma visão mais clara do compromisso do governo com o rigor na condução das contas pública faz a equipe de análise reforçar a posição neutra nos mercados.
A principal incerteza é como a política fiscal pode manter a volatilidade e a pressão sobre as curvas de juros, e como pode impactar a Bolsa, apesar do nível atraente de preço. No câmbio, o cenário externo e as incertezas sobre o arcabouço fiscal podem pesar negativamente, embora os fundamentos sugiram a apreciação da moeda brasileira, diz Carta.
O documento da asset destaca que mantém uma visão positiva sobre a economia brasileira. O crescimento estimado para o PIB brasileiro para 2022 foi mantido em 3% e para 2023, em 1%. A taxa Selic projetada para o fim de 2023 permaneceu em 11,75%, com o início de redução de juro básico a partir do segundo semestre deste ano.
A ressalva dos analistas é que, tendo em vista os riscos fiscais e seus potenciais efeitos sobre a política monetária, a trajetória dos juros pode ser mais conservadora que a prevista.
Cenário externo
A Carta aponta que, no cenário macro internacional, são pontos de destaque no acompanhamento da equipe a inflação americana, os próximos passos do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA), a dinâmica da covid-19 na China e a geopolítica ligada à guerra na Ucrânia.
O pano de fundo dessas questões é a perspectiva de uma desaceleração global que possa embicar para uma recessão, “apesar da visão mais favorável para a China, dada a reabertura da economia, com a flexibilização de regras da covid zero.
Renda fixa
Com a gestão das contas públicas e a inflação como questões centrais em 2023, o entendimento da equipe é que a incerteza com a política fiscal tenderá a manter a volatilidade e a pressão sobre a curva de juros futuros.
Um segmento da renda fixa com visão favorável é a classe de ativos de crédito privado, apesar de certa deterioração na qualidade creditícia de emissores isolados. A expectativa de manutenção do patamar de taxas de juros, aponta o documento, deve favorecer o fluxo comprador para a classe e contribuir para o fechamento dos spreads de crédito.
“Os ativos de crédito privado continuam com carrego positivo e gerando retornos acima do benchmark”, em um cenário que o fiscal segue como fator decisivo para as expectativas de inflação e para a condução da política monetária, assinala a equipe de análise.
Mercado de ações
A Carta prevê que a reabertura da economia chinesa favoreça a exposição a empresas ligadas à mineração e ao petróleo. Em contrapartida, setores que podem passar por uma redução de posição na carteira são as ligadas à economia local nos segmentos de bancos e de consumo.
No cenário global, prevalece a visão de que, apesar dos sinais mais positivos sobre a inflação e reabertura da economia chinesa, “a perspectiva é de desaceleração da atividade econômica e de resultados fracos de empresas”. A previsão é que o crescimento global seja revisado da estimativa anterior de 3% para 2% em 2022.
Dólar
A equipe de análise da asset avalia que “os fundamentos sugerem a apreciação da moeda brasileira, dado o diferencial de juros locais em relação aos juros das economias desenvolvidas”. Mas ressaltam que “o cenário internacional e as incertezas sobre o arcabouço fiscal local podem pesar negativamente para o real”.