Ranking de junho: dólar sobe 10,13%; bolsa cai 11,50% e bitcoin despenca 40,65%; no semestre os três estão no vermelho
No semestre, bolsa cai 5,99%, dólar 6,14% e bitcoin, 60,51%
O dólar, com valorização de 10,13%, foi o investimento mais rentável no ranking de junho, mês que as primeiras posições do ranking foram ocupadas por ativos de renda variável. No entanto, no ano, a moeda americana não conseguiu sair do vermelho com queda de 6,14%.
Já a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, está mal na fita nos dois períodos, com recuo de 11,50% no mês, o maior desde os 30% registrados em março de 2020. No semestre deste ano, a queda é de 5,99%. Nada foi pior, no entanto, do que o comportamento da bitcoin: queda de 40,65% em junho, e desvalorização acumulada de 60,51% em seis meses.
Ranking de junho
Aplicação/indicador | Variação |
---|---|
Dólar | 10,13% |
Ouro | 7,60% |
Euro | 7,50% |
Títulos IPCA* | de 1,21% a 1,31% |
Fundos DI** | de 0,99% a 1,09% |
Fundos de Renda Fixa** | de 0,97% a 1,07% |
CDB** | de 0,95% a 1,05% |
IPCA*** | 0,73% |
Poupança | 0,65% |
IGP-M | 0,59% |
Fundos Imobiliários (Ifix) | - 0,88% |
Bolsa/Ibovespa | -11,50% |
Bitcoin**** | -40,65% |
Obs.: * indicativo
** média
*** estimativa
**** dados Investing.com
Recessão global traz aversão ao risco
Tanto a boa performance do dólar quanto o tombo da bolsa e da bitcoin no ranking de junho refletem em boa medida o aumento da aversão ao risco pela expectativa de uma possível recessão global. Um sentimento que leva os investidores a deixar ativos de maior risco, como ações, e a buscar proteção em outros, vistos como mais seguros, como o dólar.
O temor de que a economia global, a começar pela americana, esteja a caminho de uma recessão foi agravado pela escalada da inflação nas principais economias. Uma dinâmica de preços que levou o Fed (Federal Reserve, banco central americano) a acelerar a elevação dos juros.
Na última reunião de política monetária, em meados de junho, o Fed aumentou 0,75 ponto porcentual o juro de curto prazo, para uma faixa entre 1,50% e 1,75% ao ano. A taxa dos Fed funds, que equivale à Selic, iniciou o ano em um intervalo entre zero e 0,25% ao ano.
Juros elevados
A expectativa é que outros países de economias avançadas, incluídos os da Europa, também aumentem com mais força os juros.
Para especialistas, no entanto, é o aperto monetário nos EUA que mais impacta as condições financeiras e econômicas dos demais países, principalmente dos emergentes.
Juros altos tornam mais rentáveis os ativos de renda fixa americanos, o que atrai recursos ancorados em outros mercados para os EUA. Esse movimento de saída de capitais pressiona e valoriza o dólar.
Uma desaceleração da economia americana, considerada o motor da produção/consumo global, impacta também a atividade de outros países, o que gera maior preocupação com possível recessão em maior escala.
A piora nas condições internacionais, ligadas a pressões inflacionárias e ao temor de recessão, divide a preocupação dos investidores locais com o aumento do risco fiscal do País. O foco do momento é a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) dos Combustíveis, que tramita no Senado.
A PEC prevê uma série de medidas que turbinam o programa de benefícios sociais do governo, considerados eleitoreiros pelos analistas, que podem ter impacto bilionário nas contas públicas e pôr em xeque a credibilidade da âncora fiscal do País.
O temor dos analistas é que a gastança prevista no pacote de bondades, considerada uma farra fiscal pré-eleitoral, gere mais inflação, mais altas dos juros, que permaneceriam em níveis elevados por mais tempo.
Independentemente disso, diante do cenário de persistente inflação, o Banco Central já adiantou nova elevação da Selic para a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em agosto.
O ciclo de elevação da Selic melhorou o rendimento nominal da renda fixa, “mas a maioria das aplicações a juros continua com resultado líquido negativo”, aponta o administrador de investimentos Fabio Colombo. “Os comentários de que o Brasil tem o maior juro real do mundo não fazem sentido, até o momento.”
Dentre os ativos da classe, o que tem performado melhor são os títulos indexados ao IPCA, que se beneficiam do repasse de correção monetária ao rendimento pela inflação oficial. A expectativa, contudo, é que a combinação de juro nominal alto e inflação em queda redunde em retorno real positivo de outros ativos de renda fixa em cenário mais à frente.
Ranking do semestre
Confira também quanto renderam as aplicações no primeiro semestre, de acordo com os cálculos do administrador de investimentos Fabio Colombo.
Aplicação/indicador | Variação |
---|---|
Títulos IPCA* | 8,59% |
IGP-M | 8,16% |
Fundos DI** | 5,67% |
Fundos Renda Fixa** | 5,61% |
IPCA*** | 5,54% |
CDB** | 5,35% |
Poupança | 3,58% |
Fundos Imobiliários (Ifix) | -0,33% |
Ibovespa | -5,99% |
Dólar | -6,14% |
Ouro | -9,03% |
Euro | -13,15% |
Bitcoin**** | -60,51% |
Obs.: * indicativo
** média
*** estimativa
**** dado calculado pelo site Investing.com