Projeção do IPCA para 2022 cai de 8,27% para 7,96%, aponta Focus
Já em relação à Selic, os economistas que participaram da pesquisa mantiveram a estimativa em 13,75% ao ano
O Banco Central divulgou o Boletim Focus nesta sexta-feira, 8, e entre os destaques está a projeção para o IPCA de 2022 - índice oficial que mede a inflação do País - que retraiu de 8,27% para 7,96%. Já o de 2023 subiu de 4,91% para 5,01%. Há um mês, as estimativas eram de 8,89% e 4,39%, respectivamente.
Com o efeito das desonerações tributárias realizadas para conter os preços de combustíveis, a mediana para a alta do IPCA deste ano perdeu fôlego na última semana, enquanto as estimativas para 2023, foco atual da política monetária, seguiram avançando e já estão acima do teto também para o próximo ano.
O BC voltou a publicar o Boletim Focus após nove semanas sem divulgação devido à greve dos servidores do órgão, que terminou nesta terça-feira, 5. Hoje, o BC publicou os relatórios atrasados e, na próxima segunda-feira, 11, o documento volta a sair normalmente no horário padrão, às 8h30.
Na última vez que o Focus havia sido divulgado, no dia 2 de maio, as medianas para 2022 e 2023 para a inflação eram de 7,89% e 4,10%, nessa ordem.
Acima do teto
Mesmo com a redução nas projeções para este ano, a estimativa para a inflação continua muito acima do teto da meta (5,0%), configurando o segundo ano consecutivo de rompimento do mandato principal do BC.
Para o IPCA de 2023, que está subindo a 13 semanas, a expectativa atual da Focus também está acima tanto do centro da meta, de 3,25%, quanto do teto de 4,75%.
No Comitê de Política Monetária (Copom) de junho, o BC indicou que mira em algo mais próximo do centro da meta do que sua projeção atual para 2023 (4,0%).
O Boletim Focus mostra estabilidade na mediana de 2024, que permaneceu em 3,25%, mesmo patamar de um mês antes. No relatório divulgado em 2 de maio estava em 3,20%. A previsão para 2025, por sua vez, continuou em 3,00%, o mesmo da última versão do documento do BC divulgada.
A meta para 2024 é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto porcentual (de 1,5% para 4,5%). Para 2025, a meta também é de 3,00%, conforme definição do Conselho Monetário Nacional (CMN) no mês passado.
No Copom do mês passado, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 8,8% em 2022, 4,0 % em 2023 e 2,7% para 2024. O colegiado elevou a Selic, taxa básica de juros do País, em 0,50 ponto porcentual, para 13,25% ao ano.
Selic permanece em 13,75% para 2022
A projeção para a Selic no fim deste ano ficou estável em 13,75% ao ano, ante 13,25% há um mês. Considerando apenas as 38 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para a taxa de juros no fim deste ano também se manteve em 13,75%.
Na última divulgação do documento, a estimativa para a Selic no fim de 2023 era de 13,25%. Na reunião do Copom, o colegiado indicou novo aumento de igual ou menor magnitude que em junho (0,50 ponto porcentual) para a reunião de agosto.
Além disso, na ata, sinalizou que a Selic deve ficar em patamar "significativamente" contracionista por mais tempo, com o objetivo de que a inflação de 2023 convirja para o "redor da meta".
No documento do BC, os economistas do mercado financeiro elevaram a projeção para a Selic no fim de 2023 de 10,25% para 10,50%, de 9,75% há quatro semanas.
A previsão para o fim de 2024 continuou em 7,75%, ante 7,50% de um mês atrás. Já a previsão para o fim de 2025 foi mantida em 7,50%, repetindo a taxa de quatro semanas antes. Da última vez que o Focus foi divulgado, em 2 de maio, os porcentuais eram de 9,25%, 7,50% e 7,00%, nessa ordem.
PIB de 2022 passa de 1,50% para 1,51%
O Focus trouxe ligeiro aumento da previsão mediana para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 na última semana, que passou de 1,50% para 1,51%. Há um mês, a estimativa era de 1,20%. Já a estimativa para o crescimento do PIB em 2023 permaneceu em 0,50%, ante 0,76% de quatro semanas atrás.
Na última divulgação do documento do BC, a estimativa para o PIB era de 0,70% em 2022 e de 1,0% em 2023.
O Relatório Focus ainda trouxe as medianas para a alta do PIB de 2024, que oscilou de 1,80% para 1,81%, ante 2,00% de um mês antes. No caso de 2025, continuou em 2,00%, mesmo porcentual de quatro semanas atrás. No último Focus divulgado, a mediana era de 2,00% para os dois anos.
Relação dívida/PIB
A projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2022 ficou em 59,00%, ante 60,14% de um mês atrás.
O relatório trouxe ainda manutenção na relação entre o resultado primário e o PIB deste ano, com superávit de 0,10%, mesmo porcentual de um mês antes. Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2022 permaneceu em 6,70%, ante 7,00% de quatro semanas atrás.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
Em relação a 2023, a estimativa para a dívida líquida em relação ao PIB continuou em 62,00%, de 63,95% há um mês. A mediana para o déficit primário seguiu em 0,10% do PIB e para o rombo nominal permaneceu em 7,60%. Os porcentuais eram negativos em 0,35% e 7,35%, respectivamente, há quatro semanas.
Na última divulgação da Focus, em 2 de maio, a estimativa para a dívida líquida/PIB em 2023 era de 64,07%, enquanto para o déficit primário era de 0,45% e rombo nominal, de 7,30%.
Balança comercial
Os economistas do mercado financeiro reduziram a estimativa de superávit da balança comercial em 2022 de US$ 70,00 bilhões para US$ 68,36 bilhões na última semana, de US$ 70,50 bilhões de um mês atrás, segundo a pesquisa Focus realizada pelo Banco Central. Para 2023, permaneceu em US$ 60,00 bilhões, mesmo valor de quatro semanas antes.
Na última divulgação da Focus, em 2 de maio, a estimativa para a balança era de US$ 69,50 bilhões em 2022 e de US$ 60,00 bilhões no próximo ano.
Já a projeção de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos em 2022 se manteve em US$ 18,00 bilhões na última semana. Estava em US$ 10,00 bilhões um mês atrás. Em 2023, a expectativa para o rombo em transações correntes passou de US$ 30,90 bilhões para US$ 32,30 bilhões. Há um mês, era de US$ 29,50 bilhões.
Já no último Focus, as projeções eram de US$ 13,20 bilhões este ano e US$ 30,20 bilhões no próximo. / com Agência Estado
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