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Livros
Economia

Previsões econômicas: 4 livros mostram quais são as dificuldades

Seriam as suas ferramentas e métricas inadequadas? 

Data de publicação:23/08/2022 às 05:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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Uma das maiores críticas feitas aos economistas, sejam eles formuladores de políticas públicas ou representantes de instituições financeiras, é a sua incapacidade de fazer previsões econômicas, as grandes crises e falhas sistêmicas que inevitavelmente acontecem.

Seriam as suas ferramentas e métricas inadequadas?  Qual o peso de outros fatores, tais como a política, nos arranjos econômicos? 

Livros
Foto: Envato

O objetivo deste artigo é mostrar, por meio de algumas obras já publicadas, as dificuldades que esses profissionais encontram quando tentam visualizar o futuro.

Economia Narrativa

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Foto: Reprodução

Um dos livros de Robert Shiller, vencedor do prêmio Nobel de Economia de 2013, aponta para as crenças difundidas na sociedade.

Ao comparar uma delas a um vírus altamente contagioso, ele mostra que ela nem mesmo precisa ser verdadeira para se alastrar. 

Dito isso, pode moldar o comportamento em questões cotidianas tais como o que comprar ou vender, o quanto gastar ou poupar e até mesmo influenciar decisões empresariais, como contratar ou demitir.

Considerando o conjunto dessas ações, são elas que ditam o ritmo dos ciclos econômicos. Não por outro motivo, a importância de se entender quais delas possuem mais chances de se fixarem no consciente coletivo, independentemente de onde possam ter surgido.

Variantes

Entre as mais “variantes” mais perigosas, as que compartilham de algumas características:

  • Representam um modelo simplificado da realidade;
  • Dependem de uma pessoa altamente exposta (uma celebridade ou qualquer figura conhecida);
  • São construídas em torno de um contexto, o que faz com que tenham mais credibilidade.

De geração em geração

Como o livro ilustra bem, essas crenças não passam de atualizações de narrativas mais antigas, sendo a escassez de terras o pretexto para a especulação imobiliária a mais comum.

O desafio da economia narrativa é mensurar essas alterações com o devido rigor científico. Até que isso aconteça, muitas meias-verdades circularão pelas redes sociais, levando embora os recursos dos mais incautos.

Boa Economia para Tempos Difíceis

livros
Foto: Reprodução

Os acontecimentos dos últimos dois anos mostram como o mundo é mais complexo do que o retratado nos modelos econômicos

Longe de impor as suas próprias narrativas econômicas, Abhijit Banerjee e Esther Duflo, agraciados com o prêmio Nobel de Economia de 2019, se propõem a relatar, por meio de vários estudos e de seus erros, o que funciona (ou não) para se endereçar os maiores problemas da atualidade.  

Ao longo de suas páginas, os autores contam como as pessoas deixam de agir de forma estritamente racional quando influenciadas pelas circunstâncias. 

Lado “B” de “Banco”

Em um experimento onde profissionais de bancos suíços eram colocados para jogar “cara ou coroa”, eles tinham uma maior propensão a roubar no jogo quando lembrados sobre os seus respectivos trabalhos, ao contrário do que faziam quando falavam de seus hobbies.

O mesmo comportamento condenável foi observado com estudantes na Índia, quando citadas as suas pretensões de trabalhar em um cargo público, mostrando o quanto a percepção de corrupção dentro do governo afeta o grau de honestidade das pessoas.

Com tantas variáveis a serem contempladas, admitir o quanto não se sabe sobre o modus operandi da sociedade é um excelente ponto de partida para o desenvolvimento de novas pesquisas, igualmente questionadoras.

Capitalismo sem Capital

Livros
Foto: Reprodução

Como principal elemento da argumentação do livro de Jonathan Haskel, do Banco Central da Inglaterra (BoE) e Stian Westlake, um estatístico, a forma como ativos intangíveis afetaram permanentemente a economia. 

No final da década de 90, investimentos em design e software, por exemplo, ultrapassaram os feitos em plantas industriais e equipamentos.

Porém, com a crise de 2008, esse tipo de investimento se reduziu, passando de um aumento anual entre 3% e 7% para menos de 3% nos anos seguintes. 

Esse movimento refletia não só um período de menor crescimento econômico, mas também indicava uma participação menor dos ativos intangíveis como percentual do PIB.

Mapa das oportunidades

Usando como base um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), setores que dependem mais de ativos intangíveis possuem maiores chances de êxito em economias com um sistema financeiro mais avançado.

Dentro desse contexto, a importância da indústria de venture capital (VC), que ganhou corpo a partir de 1979, ano em que os fundos de pensão norte-americanos receberam a autorização para investir em ativos com menor liquidez, impulsionando o Vale do Silício.

Outros elementos para o sucesso no fomento de ativos intangíveis incluem a regulamentação de patentes e a infraestrutura disponível para atrair empresas e talentos, fatores que não dependem exclusivamente dos economistas.

Crashed: How a Decade of Financial Crises Changed de World

Livros
Foto: Reprodução

O historiador Adam Tooze apresenta uma visão mais abrangente dos acontecimentos da grande crise de 2008, citada anteriormente, no livro ainda sem tradução ao português:

  • O socorro aos bancos e os estímulos monetário e fiscal da época;
  • A crise na zona do euro (Grécia);
  • A política fiscal mais austera adotada a partir de 2010;
  • A ascensão do populismo nos EUA e na Europa.

Pela lógica exposta, por mais que a resposta inicial à crise tenha sido adequada, os seus desdobramentos políticos moldaram o mundo desde então.

Uma Europa letárgica ao cuidar da zona periférica do euro, juntamente com as medidas de austeridade fiscal implementadas nos anos seguintes, acabou por facilitar o Brexit no Reino Unido e a ascensão de Donald Trump nos EUA. Percebe-se no livro a falta de liderança para aplacar o caos. 

Enquanto os europeus julgavam que aquele era um problema unicamente dos norte-americanos, do outro lado do oceano, republicanos e democratas logo tomaram rumos distintos, tendo aprovado apenas as medidas mais emergenciais.

Conclusão

O comportamento do ser humano, quando inserido em um determinado contexto, está longe de ser preciso.  Isso restringe o desenvolvimento que qualquer metodologia mais apurada, dado o rigor científico exigido.

O fato de o crescimento estar mais atrelado a fatores difíceis de serem vistos (intangíveis) não facilita o trabalho dos economistas.

Independentemente dos fatos apontados pelos quatro livros, é extremamente ilustrativo o grau de influência que algumas pessoas possuem sobre a vida financeira das outras, sem nos esquecer do grau de alavancagem disponível a qualquer leigo hoje via um simples aplicativo.

*Este artigo não reproduz necessariamente a opinião do portal Mais Retorno.

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Sobre o autor
Nohad Harati
Possui MBA em Finanças e LLM em Direito do Mercado Financeiro (ambos pelo Insper/SP). É gestora de uma carteira proprietária, além de ser responsável por um Family Office.