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Finanças Pessoais

Quais livros você deveria ler para investir melhor?

Boa parte do mundo está em quarentena mas, como muita gente percebeu, o mercado financeiro não parou. Com os mercados abertos e um smartphone na mão, poucos…

Data de publicação:07/04/2020 às 09:00 -
Atualizado 4 anos atrás
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Boa parte do mundo está em quarentena mas, como muita gente percebeu, o mercado financeiro não parou. Com os mercados abertos e um smartphone na mão, poucos resistem à tentação de preencher o tempo operando na expectativa de ganhar com o câmbio ou a bolsa.

O problema é que diante de tanta incerteza, o único fato que temos é que não existe um modelo econômico para nos dar pistas sobre a retomada que teremos no futuro, visto que a economia simplesmente deixou de funcionar, o que é algo inédito.

Assim, ao invés de passar os dias “atirando no escuro”, sugiro um exercício diferente: aproveitar esse período atípico para extrair algumas dicas preciosas. O intuito desse artigo é apresentar livros de finanças bastante interessantes, mas que são pouco conhecidos por não se encaixarem na categoria de autoajuda ou da organização das finanças pessoais.

Começando pela economia comportamental e passando por algumas das características que fazem de uma empresa uma boa escolha, os livros selecionados abordam ainda as origens da crise de 2008 e os fatores que levam à excelência na hora de investir.

Livros sobre a economia comportamental

Richard Thaler, da Universidade de Chicago, ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 2017 por um fato no mínimo inusitado: a aceitação, pela própria comunidade acadêmica, de que o homo economicus (o indivíduo que age apenas para maximizar o seu benefício econômico) está longe de representar a realidade de uma pessoa comum.

Em seu livro “Misbehaving: A Construção da Economia Comportamental”, o bem humorado autor se utiliza de casos reais para explicar as limitações do ser humano no que diz respeito ao autocontrole e à sua dificuldade em abrir mão do prazer imediato em troca de um benefício no futuro (aspecto diretamente relacionado ao famoso “teste do marshmallow”, conduzido com um grupo de crianças).

Thaler ganhou notoriedade pela sua abordagem prática, tendo aconselhado vários países na elaboração de suas políticas públicas, entre eles os EUA, a Suécia e o Reino Unido.

O Projeto Desfazer: A amizade que mudou nossa forma de pensar” de Michael Lewis, vai na mesma direção. O livro retrata como dois psicólogos israelenses (Daniel Kahneman e Amos Tversky), com personalidades tão distintas, revolucionaram o mundo acadêmico ao descrever alguns dos comportamentos típicos dos investidores, tais como:

  • Excesso de confiança: o ser humano age como se os imprevistos não existissem;
  • Ancoragem: o preço adotado como referência por alguém e que não possui nenhuma relação com os fundamentos dos ativos.

Também explorando situações reais em que a racionalidade deixa a desejar, essa é outra fonte que mostra o quanto apelamos para as nossas emoções quando precisamos tomar decisões importantes.

Livros sobre a governança corporativa

A análise fundamentalista não explica sozinha os elementos que garantem o bom funcionamento de uma empresa. “Governança Corporativa no Brasil e no Mundo” de Alexandre Di Miceli da Silveira explica como um tema relativamente recente (da década de 80) evoluiu tanto.

O livro é leitura obrigatória para qualquer pessoa que queira investir em ações, pelo menos para entender porque as empresas com os mais elevados níveis de governança valem mais. Para ilustrar como isso ocorre, o autor relata como a governança se desenvolveu nos EUA, na Europa e na Ásia, ao mesmo tempo em que a compara com o que é praticado no Brasil.

Ainda nesse ponto, dado que nosso mercado de capitais possui várias empresas de origem familiar, assimilar sua “cultura” é vital para compreender a sua dinâmica e antever problemas. Essa é a proposta de “Empresas Brasileiras Centenárias” de Renato Bernhoeft (consultor de empresas familiares) e Chris Martinez.

Considerando que aproximadamente 2/3 das empresas familiares não sobrevivem quando o comando passa para a geração seguinte, o livro mostra quais os cuidados que elas tiveram ao olharem com mais atenção as relações familiares, o patrimônio familiar e a empresa em si.

Livros sobre a crise de 2008

Os estímulos anunciados por bancos centrais mundo afora são muito semelhantes aos adotados na crise de 2008. Relembrar os fatos da época traz alguma luz quando tudo parece tão caótico e incerto.

A Jogada do Século” de Michael Lewis (autor já citado anteriormente) relata como a crise que se iniciou há 12 anos atrás, dentro do próprio sistema financeiro, tomou proporções globais.

Um mecanismo criado para facilitar a aquisição financiada de moradias se tornou em um enorme problema quando pessoas com poucos recursos se viram como proprietárias de residências cujos preços não paravam de subir. Com a especulação imobiliária generalizada, a “bola de neve” só foi crescendo porque ninguém queria ficar de fora.

Apesar da terminologia complexa de alguns dos investimentos, o livro acabou sendo usado como referência para o filme “A Grande Aposta”, de 2015. Nele, todos os elementos que identificam as bolhas financeiras, como o crédito farto, a complacência e a ganância podem ser observados, principalmente na cena em que uma dançarina de Las Vegas confessa que possui 5 casas financiadas.

Qualquer semelhança com os esquemas de pirâmide não é mera coincidência.

Excelência

Não poderia deixar de incluir duas obras que derrubam o mito do “investidor gênio”. A primeira delas, “Fora de Série – Outliers” de Malcolm Gladwell, mostra que a excelência exige no mínimo 10.000 horas de prática. Isso explica porque ninguém ganha a vida só com Day Trade, dado o fôlego financeiro necessário para sobreviver a tantas horas de dedicação.

Fora da Curva – Os segredos dos grandes investidores do Brasil – e o que você pode aprender com eles”, por sua vez, mostra que não existe um único jeito de se investir. Os depoimentos dos vários gestores profissionais de sucesso, organizados por Florian Bartunek, Giuliana Napolitano e Pierre Moreau, são a mais viva prova de que esse mundo é para todos.

Com algumas regras bastante simples e uma relação de livros que mais marcaram as suas vidas, cada um dos entrevistados mostra como a disciplina, o aprendizado constante e o pensamento independente fizeram toda a diferença na hora de investir.

O livro teve tanto sucesso que o segundo volume foi lançado recentemente.

Conclusão

Aproveitar um tempo ocioso para se informar é uma das melhores coisas que alguém pode fazer, principalmente quando o assunto diz respeito a como fazer o dinheiro trabalhar mais e melhor.

Ilustrando como o ser humano age e os motivos de determinados comportamentos, os livros que abordam a economia comportamental mostram as várias armadilhas que as pessoas se deparam quando precisam tomar decisões financeiras.

Para quem quer se aperfeiçoar no mercado de ações especificamente, assimilar determinadas características das empresas que melhor enfrentam os altos e baixos dos ciclos econômicos é fundamental, principalmente quando se trata de empresas familiares de capital aberto.

O conhecimento adquirido faz com que qualquer investidor esteja mais bem preparado para os momentos de volatilidade, como o que estamos enfrentando agora. Quando os preços começam a cair de forma brusca e generalizada, é preciso um mínimo de discernimento para avaliar aquilo que diz respeito à ação de uma empresa e aquilo que está relacionado ao contexto da crise.

Se você se sente aflito com tudo o que está acontecendo, a crise de 2008 funciona como um lembrete bastante recente de que o mundo nunca acaba para aqueles que se aprofundam em suas análises e investem com convicção. Portanto, esteja aberto ao novo e aprenda com gente bastante experiente.

Dado que estamos todos forçosamente em casa, você vai continuar agindo com base nos palpites que circulam por aí ou vai usar o seu tempo para aprender a fazer diferente?

“São as mudanças que nos fazem felizes ou miseráveis.”

Richard Thaler

Sobre o autor
Nohad Harati
Possui MBA em Finanças e LLM em Direito do Mercado Financeiro (ambos pelo Insper/SP). É gestora de uma carteira proprietária, além de ser responsável por um Family Office.
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