Petróleo salta no mercado internacional com possível embargo da commodity russa
Especialistas avaliam os impactos que o bloqueio ao petróleo da Rússia pode causar no cenário internacional
Os preços do barril do petróleo operam em forte alta nesta segunda-feira, 7, e o gás natural salta quase 80%, diante da notícia de que os Estados Unidos e aliados estudam a possibilidade de acrescentar mais um ingrediente no pacote de sanções internacionais contra a Rússia, ao promover um bloqueio ao petróleo do país.
Durante a madrugada, o valor do barril da commodity tipo Brent disparou no mercado internacional, encostando no patamar de US$ 140. Mas ao longo da manhã, o produto se mantém avançando, mas acabou perdendo um pouco força. Às 12h, o preço do barril do petróleo tipo Brent subia 3,42%, cotado a US$ 122,16. E o tipo WTI avançava 2,25%, cotado a US$ 118,41.
Na véspera, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que Washington e alguns países europeus estão considerando banir a importação de petróleo e de gás natural do país de Vladimir Putin. A medida está sendo avaliada por conta do aumento da pressão para revidar com mais força a invasão da Ucrânia, apertando as exportações da principal indústria de energia da Rússia.
Até então, os países estavam evitando mexer com a questão do comércio do petróleo por parte da Rússia – terceira maior produtora do mundo - por conta das consequências que uma interrupção da importação da commodity poderia ter para os demais países – no caso do gás natural, a Europa é dependente do produto e enfrenta atualmente a temporada de inverno.
Petróleo Brent pode bater marca de 1998
Segundo especialistas, os compradores de barris de petróleo russos estão cautelosos em assumir qualquer tipo de compromisso de compra da commodity da ex-URSS. Um embargo poderia levar a negociação do Brent ao seu maior patamar desde quando foi lançado o contrato futuro, em 1998. Além disso, marcaria uma mudança de nível na resposta do Ocidente à guerra russa na Ucrânia.
Exportações de petróleo russo respondiam por 7,5% da demanda
Antes da guerra, as exportações da Rússia de petróleo e refinados atendiam cerca de 7,5% da demanda mundial por petróleo. Mas após o presidente Vladimir Putin invadir a Ucrânia no fim de fevereiro, muitas refinarias deram uma pausa nas importações. Elas enfrentam dificuldades para conseguir financiamento e navios-tanque para cargas de petróleo russo, e temem danos à reputação, além de sanções.
Os EUA são bem menos dependentes que a Europa da energia russa, mas cerca de 8% de suas importações de petróleo e refinados vieram do país no ano passado.
A Europa teria um desafio ainda maior e precisaria comprar mais petróleo do Mar do Norte, do oeste africano e do Oriente Médio. Sócio fundador da Energy Aspects, Amrita Sen, porém, alerta que mudar a demanda de um lugar para outro no mercado de petróleo não é algo simples.
Impactos na inflação
Uma das grandes preocupações em relação aos efeitos dessa sanção internacional à Rússia é o seu impacto na inflação, que já vem elevada em grande parte do mundo. O indicador, que já está no radar do mercado, ganha ainda mais a atenção do mercado pois a zona do euro e os Estados Unidos seguem em altas históricas –o índice de preços ao consumidor dos EUA, que será divulgado nesta semana, deve chegar próximo de 8%.
O petróleo não é a única commodity que está sentindo os reflexos da escalada dos preços. Trigo e milho também estão forte alta – na semana passada, os contratos futuros do trigo dispararam 60%. / com Agência Estado