Fundos de Investimentos

Os 9 fundos de ações mais caros do mercado que estão negativos em 1 e 2 anos

Não há nada de errado em cobrar taxas de administração mais altas, o problema é não entregar bons resultados

Data de publicação:22/02/2023 às 08:00 - Atualizado 2 anos atrás
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Em seleção dos fundos de ações mais caros do mercado, 9 deles cobram taxas de administração entre 3% e 5% ao ano, e deixam a desejar na perfomance, tanto no período de um ou dois anos: todos estão negativos, muitos sem acompanhar sequer os principais referenciais dessa classe de ativos como o Ibovespa, o IBrX, ou o Índice de Small Cap.

O estudo foi feito na base de dados da Mais Retorno, considerando fundos de ações que estão operacionais, com patrimônio a partir de R$ 20 milhões, que contam com mil cotistas, pelo menos. 

Fundo

Taxa 

de adm. ao ano

cotistas mil

Patrimônio   em 

R$ milhões

Rend.

12 meses (14/02)

Banrisul Ações FIA5%2,75100,28-11,73%
Itaú Ações IBrX Ativo4%589,80559,52-7,43%
Bradesco FIC FIA4%818,63500,80-7,49%
Itaú Ações Blue 4%685,70123,16-7,55%
Safra Small Cap3,5%1,53  69,39-12,70%
FIC FIA Acumulação 1573,5%192,90 73,06-6,74%
ARX Income3,25%16,64405,96-14,43%
Bradesco Prime Small Cap3%3,55151,47-13,78%
BTG Pactual Absoluto Inst.3%2,991,39 bi-9,51%

É verdade que o segmento de ações também não colaborou para um bom desempenho desses fundos. Foram tempos difíceis para a Bolsa, com elevação dos juros mundo afora para segurar a inflação, e em nível interno a corrida presidencial e troca de governo. 

No período de 12 meses, até o dia 14 de fevereiro deste ano, o Ibovespa está no negativo em 5,00%. Embora nem todos tenham o índice como benchmark, os 9 fundos caíram mais do que o índice que é um termômetro representativo do segmento, porque reflete o comportamento das ações mais líquidas da B3.

A Itaú Asset confirma que seus dois fundos cobram taxa de 4% ao ano, e destaca que no período fechado de fereveiro de 2022 ao fim de janeiro de 2023, o desempenho do Itaú IBrX Ativo está negativo em -1,25% o Itaú Ações Blue, em -1,58%.

Bom gestor tem de ser bem remunerado

Não é proibido nem há nada de errado em cobrar taxas de administração elevadas, diz o gestor Rodrigo Knudsen, da Empiricus Gestão: “A taxa não é o mais relevante, se o gestor for bom ele precisa ser bem remunerado, porque ambos saem ganhando, ele e o investidor. O mais importante é o retorno que é entregue, não adianta cobrar barato e entregar um rendimento pior”. Esse é o primeiro ponto a ser colocado na mesa, mas não o único.

No caso dos 9 fundos, no entendimento do analista, as taxas que chegam a 5% são excessivas, estão fora do padrão e média da indústria, que opera mais em intervalo entre 2% até 3%. Isso se torna um problema maior nesse universo de fundos, porque todos estão negativos, sem conseguir bater o benchmark, pontua Knudsen.

Em um cálculo linear, porque a despesa de administração é apropriada dia a dia no valor da cota, com uma taxa mais baixa, o prejuízo do investidor seria menor no caso desses fundos. No Banrisul, o mais caro, a desvalorização em um ano de 11,73% poderia ser de 6,49% sem o custo de 5%. 

Fechando o universo de fundos mais caros, há mais dois, com taxa de 3% ao ano: Tork Long Only Institucional e o Bradesco Prime Dividendos. Esses fundos com resultado ligeiramente negativo em 12 meses, em 0,22% e 0,36%, respectivamente, poderiam até virar para o azul, não fosse a taxa. 

Perseguição ao benchmark

Em suas políticas de investimento, nem todos os fundos definem um referencial como meta de retorno. O Banrisul, por exemplo, persegue o Índice de Small Cap, SMLL, que reflete uma carteira composta por empresas com menor representatividade de valor em relação a outras empresas listadas na B3.

Embora negativo em 11,73%, o Banrisul consegue cair menos que seu benchmark, que exatamente no mesmo intervalo de tempo recuou 20,19%.

Já o Bradesco FIC FIA e o Itaú Ações Blue seguem o Ibovespa, mas ambos não tiveram fôlego para ter a mesma performance que seu benchmark, seu objetivo de retorno determinado em seu regulamento.

Índice 

Variação

12 meses (14/fev)

Ibovespa- 5,00%
IBrX- 6,28%
SMLL-20,19%

Os fundos Safra Small Cap, o ARX Income, o BTG Pactual e o Bradesco Prime Small Cap não definem referencial a ser perseguido para entregar ao cotista. 

O Itaú Ações IBrX Ativo e o FIC FIA Acumulação seguem o IBrX, índice que reflete um carteira de ações mais negociadas e de maior representatividade na B3. Mas ambos os fundos apresentam queda maior que o referencial em 12 meses.

O benchmark é outro ponto a ser considerado. “Se ganhou do referencial está adicionando valor ao investidor”, pontua o analista da Empiricus, mas ressalta que pagar caro por algo que proporciona retorno negativo não é um bom negócio.

Negativo no longo prazo

Esses 9 fundos também não apresentam bons resultados em prazos mais esticados. Em dois anos, até o dia 16 de fevereiro, todos eles estão negativos e com desempenho inferior ao do Ibovespa, que nesse período tem queda de 8,65%.

Detalhe comum aos 9 fundos, também a ser considerado, é que nenhum deles cobra taxa de performance

Para Pedro Tiezze, analista da SVN Gestão, nessas condições, o gestor não tem estímulos para perseguir um resultado melhor para o fundo. “Tanto faz se a performance for bem ou mal, o gestor não tem interesse em obter algo além de cobrir custos com administração, das análises econômicas ou do backoffice”. 

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Sobre o autor
Regina PitosciaEditora do Portal Mais Retorno.