Mercado inicia a semana com tensão entre Rússia e Ucrânia, ata do Fomc e PEC dos combustíveis
Investidores acompanham tensão entre Rússia e Ucrânia, política monetária americana e riscos fiscais internos
O mercado financeiro inicia nova semana nesta segunda-feira, 14, tendo à frente uma agenda carregada de indicadores e eventos internacionais e um calendário mais fraco internamente. Os olhos de investidores e gestores do mercado continuam voltados à tensão geopolítica criada pela crise e ameaça de conflito militar entre Rússia e Ucrânia. Nos EUA, os futuros operam em queda e os mercados asiáticos fecharam no negativo.
Notícias do último fim de semana não acenam com perspectivas que sinalizem um acordo, o que respinga no mercado financeiro, preocupado com os efeitos da crise, que pode prejudicar o fornecimento de gás e petróleo pela Rússia à Europa, sobre a inflação global.
Gustavo Bertotti, head de Renda Variável da Messem Investimentos, afirma que aumentou a tensão geopolítica e “existe muita preocupação com a questão energética, ligada ao abastecimento de petróleo, carvão e gás” – insumos transportados para os países da Europa, sobretudo a Alemanha, por meio de gasodutos que passam pela Ucrânia.
Ata da última reunião do Fomc
Ainda no cenário internacional, é grande a expectativa do mercado com a ata de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) que será divulgada na quarta-feira, 16.
Bertotti diz que a inflação de janeiro americana medida pelo índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), divulgada na semana passada, veio acima das expectativas.
“E isso começou a gerar apostas se não seria mais adequado subir 0,50 ponto percentual a taxa de juros em março, em vez de 0,25 ponto”, comenta. “Há ainda a inflação global muito pautada em cima de combustíveis” que pode influenciar as decisões do Fed.
Investidores de olho na PEC dos combustíveis e nos balanços
No cenário interno, com uma agenda fraca de indicadores econômicos, diz Bertotti, o mercado deve permanecer muito focado na questão fiscal, “em cima da PEC dos combustíveis, que trouxe muita aversão ao risco fiscal, crescente desde 2021. Ele lembra que as preocupações com o descontrole das contas públicas começaram com as discussões sobre a PEC dos precatórios e o risco de furo do teto fiscal.
Além disso, outro foco de atenção será os balanços corporativos, cuja divulgação segue a todo vapor. Nesta segunda-feira, o destaque será o resultado do quarto trimestre de 2021 do Banco do Brasil, após o fechamento do mercado.
Indicadores econômicos internacionais no radar
O mercado financeiro deverá monitorar ainda indicadores internacionais importantes que serão divulgados ao longo da semana, como os dados de inflação de janeiro na China, nesta terça-feira, 15.
No mesmo dia será conhecida a variação de preços de atacado nos Estados Unidos, com a divulgação do índice PPI ao produtor de janeiro.
Outro ponto de interesse de investidores e gestores são os dados de resultados de empresas da atual temporada de balanços a ser divulgados na semana e também ao volume de ingresso de capital estrangeiro na Bolsa de Valores
A compra de ações pelos investidores externos tem dado sustentação à Bolsa, que acumula saldo positivo (compras menos vendas de capital de estrangeiro) de R$ 40,72 bilhões no ano, até 9 de fevereiro, de acordo com dados da B3.
Exterior
Wall Street: futuros no vermelho com conflito geopolítico e Fed
Em Nova York, os futuros operam próximo da estabilidade, com a crescente preocupação da escalada das tensões entre Ucrânia e Rússia e a perspectiva por um cronograma de aumento da taxa de juros por parte do Fed em resposta à maior inflação americana das últimas décadas.
Em meio à muita expectativa sobre um aperto monetário mais intenso, o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, fala nesta terça-feira, 15, antes da divulgação da ata do Fomc (Copom americano) e dos dados sobre as vendas no varejo do país.
Após conversar com Wladimir Putin, presidente da Rússia, no último sábado, 12, o presidente dos EUA, Joe Biden, conversou por telefone com seu colega ucraniano, Volodimir Zelensky, sobre a concentração de forças russas na fronteira com a Ucrânia, com os dois líderes concordando em insistir na "diplomacia e dissuasão".
Nesta madrugada, as tensões entre russos e ucranianos levaram o petróleo a atingir os maiores níveis em mais de sete anos. Às 8h01, o barril de petróleo tipo Brent estava sendo negociado a US$ 94,63, alta de 0,20%.
Futuros/bolsas de Nova York
- S&P 500: -0,90%
- Dow Jones: -0,78%
- Nasdaq 100: -0,96% (dados atualizados às 7h36)
Europa: bolsas em forte queda com queda de braço entre Rússia e Ucrânia
Assim como nos Estados Unidos, na Europa as tensões geopolíticas entre os dois países tomam conta do humor do mercado. Nesta segunda-feira será a vez do primeiro-ministro alemão Olaf Scholz viajar a Kiev e na terça-feira, 15, à Moscou, para se reunir com Putin.
Um oficial alemão disse à Reuters que "não espera que a viagem gere uma resolução concreta, mas a diplomacia continua sendo importante".
A Rússia continua requerendo garantias dos EUA e da Otan de que a entrada da Ucrânia na organização seja bloqueada indefinidamente. Enquanto isso, o ministro da Defesa ucranianbo, em seu Twitter, escreveu que Kiev já conta com 1.500 toneladas de munição que foram entregues em 17 voos de "aliados".
Bolsas europeias/principais praças
- Stoxx 600 (Europa): -2,44%
- FTSE 100 (Londres): -1,90%
- DAX (Frankfurt): -3,03%
- CAC 40 (Paris): -3,13% (dados atualizados às 7h44)
Bolsas asiáticas fecham em forte queda
Na Ásia, as principais praças financeiras fecharam em baixa nesta segunda-feira, também refletindo o problema entre Rússia e Ucrânia. Somente na Austrália, o pregão foi positivo, impulsionado pelas ações das empresas de petróleo. / com Júlia Zillig e Agência Estado
Fechamento/bolsas asiáticas
Nikkei (Tóquio): -2,23% (27.079 pontos)
Hang Seng (Hong Kong): -,141% (24.556 pontos)
Kospi (Seul): -1,57% (2.704 pontos)
Taiex (Taiwan): -1,71% (17.997 pontos)
Xangai Composto (China continental): -0,98% (3.428 pontos)
Shenzhen Composto (China continental): -0,43% (2.253 pontos)
S&P/ASX 200 (Sydney): +0,37% (7.243 pontos)