Mercado: Bolsa fecha em alta com fatores externos e puxada por papeis de varejo e aviação; dólar cai mais 1%
A bolsa de valores fechou com alta de 0,59%, a 118.313,23 pontos, nesta quinta-feira, dia 8, seguindo mais o comportamento das bolsas internacionais. Lá fora, a…
A bolsa de valores fechou com alta de 0,59%, a 118.313,23 pontos, nesta quinta-feira, dia 8, seguindo mais o comportamento das bolsas internacionais. Lá fora, a sinalização de bancos centrais de que os juros devem permanecer acomodados aos atuais níveis deu gás para os mercados de ações.
A indicação de que não há necessidade nesse momento de uma elevação mais firme dos juros, porque se houver uma alta da inflação ela será passageira, expressa na ata do Federal Reserve (FED), o banco central americano, e também de que a política mais light para os juros será mantida pelo Banco Central Europeu, foi a senha para uma reação mais positiva do segmento de ações. As bolsas europeias fecharam em alta.
Dentro desse clima, investidores domésticos também se animaram para sair às compras de ações, especialmente, das que tiveram sofreram mais com os efeitos da pandemia. O objetivo é o de levar esses papeis para suas carteiras com preços ainda bastante atrativos.
Não à toa, as maiores altas na B3 estiveram concentradas em ações dos setores de aviação, varejo e educaçã: Embraer (EMBR3) subiu 8,8%; Magazines Luiza (MGLU3), 8,28%; Estácio Part (YDUQ3), 6,46%; Grupo Pão de Açucar (PCAR3),5,42%; e Via Varevo (VVAR3), 4,96%.
Entre as mais negociadas, o destaque negativo foi o papel de Petrobras (PTR4) que teve queda de 1,25%, cotada a R$ 23,70.
Na direção oposta, o dólar operou em baixa e fechou cotado a R$ 5,574, com que da 1,23%.
Jerome Powell afirma que manterá a continuidade da compra de ativos
Em fala no início da tarde desta quinta-feira durante a reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), o presidente do Fed (Federal Reserve) Jerome Powell comentou que “medidas fiscais, rápida vacinação e a política monetária” são fatores que determinam a acelerada recuperação do nível de atividade nos Estados Unidos.
Esse posicionamento impactou na mudança de rumo das bolsas de Nova York, que passaram a operar em alta no início da tarde.
Porém, Powell não deixou de reconhecer que a recuperação no país ocorre de forma desigual. “Ainda há 8,5 milhões de pessoas desempregadas e a taxa de desemprego está perto de 20% para pessoas no quartil de menor renda”, destacou.
De acordo com o presidente do Fed, o coronavírus "não respeita fronteiras e não estaremos protegidos enquanto todo o mundo não estiver vacinado". Ele ressaltou que 'há risco nos EUA, pois casos de covid-19 estão subindo e podem atrasar a recuperação" do país.
Jerome Powell enfatizou que a "compra de ativos pelo Fed continuará enquanto não ocorrer claro progresso de objetivos do Federal Reserve", que são a máxima geração de emprego possível e taxa de inflação média de 2% em 12 meses.
Ele referiu-se ao programa de aquisição que compra mensalmente US$ 120 bilhões em títulos do Tesouro americano e ativos financeiros atrelados a hipotecas de imóveis.
O mercado mantém suas atenções voltadas para a realização de um acordo sobre o Orçamento 2021, que retire do texto as pedaladas fiscais que ameaçam o cumprimento do teto de gastos.
Nos Estados Unidos, o número de pedidos de auxílio-desemprego subiu 16 mil na semana encerrada em 3 de abril, totalizando 744 mil, contrariando a previsão de analistas que aguardavam uma queda no total de solicitações. Na semana anterior, o volume de solicitações foi de 728 mil.
Daniel Miraglia, economista-chefe da Integral Group, diz que a possibilidade de quarta onda da pandemia do coronavírus está afetando, de certo modo, todos os ativos internacionais. O temor, segundo ele, fica cristalizado na recente desvalorização do dólar frente às moedas globais, o recuo dos juros nos títulos de dez anos do Tesouro americano, entre outros ativos impactados pela ameaça da covid.
Brasil de olho nas incertezas fiscais
No cenário doméstico, o foco das preocupações internas continua sendo as discussões sobre o Orçamento, aponta Miraglia. Causa mal-estar nos mercados a impressão de que as negociações prosseguem, entre o ministro Paulo Guedes e o Centrão, sem a perspectiva de um desfecho satisfatório, que preserve na integridade o teto de gastos.
Outro fator que tem influenciado a dinâmica do mercado financeiro, na avaliação do economista-chefe da Integral Group, é a mudança de estratégia do Tesouro na oferta de títulos públicos. No tradicional leilão da última terça-feira, o Tesouro ofereceu lote maior de NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional da série B), indexadas à inflação, e reduziu o de LFT (letra Financeira do Tesouro), papel que tem rendimento atrelado à Selic.
A colocação de maior volume de títulos indexados à inflação, com prêmio de risco ou remuneração adicional sobre a taxa do papel, pressionou os juros futuros referenciados em contratos de DI. Um movimento que não é bem-visto na Bolsa de Valores, já que o investidor passa a dar atenção aos juros da renda fixa. A taxa dos contratos de DI para janeiro de 2027, um dos mais negociados, subiu de 8,78% para 8,80% ao ano na terça-feira.
Pandemia eleva o Risco Brasil
O noticiário sobre o coronavírus recorrentemente negativo no Brasil também pesa nas expectativas de movimentação do mercado financeiro no Brasil. Com a marca de 4 mil mortes diárias por covid-19 no País – na véspera, o Brasil registrou 3.733 mortes por covid-19, terceira maior marca desde o início da pandemia – insuficiência de vacinas e o atraso no fornecimento de insumo para os imunizantes, o quadro sanitário eleva as preocupações sobre a necessidade de restrições de circulação e à atividade ainda mais severas e de ampliação de auxílio financeiro à população.
Em meio à piora da pandemia, a agência de classificação de risco Fitch Ratings alertou na última quarta-feira que as incertezas sobre os rumos da doença e do processo de vacinação podem prejudicar as perspectivas para a atividade econômica e a situação fiscal no Brasil, que já é pior que seus pares.
Fed também trouxe bom humor para as bolsas asiáticas nesta quinta-feira
As bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam majoritariamente em alta nesta quinta-feira, refletindo a postura do Fed de manter sua postura acomodatícia pelo tempo que for necessário.
O Hang Seng liderou os ganhos na região asiática hoje, com alta de 1,16% em Hong Kong, aos 29.008,07 pontos, enquanto o sul-coreano Kospi avançou 0,19% em Seul, aos 3.143,26 pontos, e o Taiex subiu 0,66% em Taiwan, aos 16.926,44 pontos.
Na China continental, o Xangai Composto teve ligeira alta de 0,08%, aos 3.482,55 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto ficou praticamente estável, com baixa marginal de 0,01%, aos 2.257,95 pontos.
Já em Tóquio, o Nikkei caiu 0,07%, aos 29.708,98 pontos, pressionado por ações financeiras e de aviação, após relatos de que casos de infecção por covid-19 voltaram a aumentar em partes do Japão.
Na Oceania, a bolsa australiana ficou no azul pelo quinto pregão seguido nesta quinta. O S&P/ASX 200 avançou 1,02% em Sydney, aos 6.998.80 pontos. / com Tom Morooka e Agência Estado