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Mercado Financeiro

Mercado está atento a dados da economia americana na agenda desta 6ª feira

Nível de vendas do varejo e confiança do investidor pode trazer pistas sobre rumo dos juros

Data de publicação:16/07/2021 às 05:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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O mercado financeiro fecha a semana com uma agenda econômica relativamente fraca nesta sexta-feira, 16, com o olhar voltado, mais uma vez, ao cenário internacional. O foco são os dados de vendas no varejo e de confiança do investidor que serão divulgados nos Estados Unidos.

Especialistas acreditam que esses dados podem dar ideia melhor de como anda o consumo, puxado pela recuperação da economia americana, e do cenário de inflação, que, de acordo com o Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos), é ainda um fenômeno produzido setorialmente e, portanto, transitório.

Foto: envato
Falta de clareza sobre rumo dos juros nos EUA mantém mercados em compasso de espera - Foto: Arquivo

Inflação e juros no ambiente global são, de acordo com os especialistas, a grande preocupação dos investidores. E o cenário difuso ou a falta de clareza sobre o comportamento dos juros tem inibido decisões e mantido os mercados financeiros em compasso de espera.

Liquidez para o mercado local

O sistema financeiro global vive um momento de abundante liquidez, com recursos originados em políticas de estímulos monetários adotados por numerosos países, principalmente os mais desenvolvidos, que permanecem à espreita de ativos pelo mundo que remunerem mais que os juros próximos de zero de muitos mercados.

Especialistas afirmam que o Brasil é um dos países que podem atrair esses recursos, à medida que o Banco Central for elevando a taxa Selic, que está em 4,25% ao ano, para patamares mais altos. A estimativa de analistas é que ela feche 2021 em torno de 6,50% ao ano ou pouco mais.

Taxas de juro atraentes, contudo, não seria condição suficiente para a atração de capitais ao País para quem se preocupa com o risco-país.

Principalmente o cenário político que, de acordo com especialistas, aumenta o sentimento de aversão ao risco, o que leva o investidor a preferir segurança à rentabilidade na administração de seu patrimônio.

Este seria um dos principais motivos que fazem com que o dólar resista a cair abaixo de R$ 5, segundo uma corrente de analistas do mercado.

A CPI da Covid, que aguça a crise política com denúncias que rondam o centro do poder, preocupa os investidores, diante da perspectiva ainda de aumento de instabilidade à medida que se aproximam as eleições presidenciais do ano que vem.

O sentimento de cautela também permeia a Bolsa, apesar do otimismo com o avanço da vacinação e a perspectiva de reabertura maior da economia, com menos restrições, no segundo semestre.

Wall Street com futuros em leve alta

Nos Estados Unidos, os futuros negociados nas bolsas de Nova York operam em leve alta com investidores observando as perspectivas para inflação nos Estados Unidos e as possíveis reações sobre retirada de estímulos por parte do Fed.

Além disso, segue em curso a temporada de divulgação de balanços trimestrais das empresas, o que também prende a atenção do mercado.

Na véspera, o presidente da autoridade monetária americana, Jerome Powell, admitiu que a inflação no país está bem acima da meta da entidade, em um patamar “desconfortável”. Entretanto, ele voltou a afirmar que, caso o potencial caráter da inflação se confirme, não há motivo para novas medidas.

Não é o que pensa, porém, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, que em entrevista defendeu que o BC dos EUA inicie o quanto antes o processo de tapering, como é chamada a retirada gradual dos estímulos monetários, de forma a evitar um choque nos mercados.

Na avaliação da LPL Markets sobre o nível elevado das ações, o segundo ano de um mercado em alta costuma ser mais desafiador do que o primeiro, mas historicamente ainda produz ganhos. "A melhora econômica deve continuar a apoiar os ganhos do S&P 500, que teve um primeiro trimestre impressionante", projeta.

Embora as percepções sobre as empresas permaneçam um tanto elevadas, "acreditamos que parecem razoáveis depois de considerar as taxas de juros ainda baixas e o potencial de crescimento dos lucros", avalia a LPL.

Entre os balanços trimestrais observados, estiveram empresas como Morgan Stanley e UnitedHealth. A gigante americana do setor de saúde registrou queda no lucro, mas sua ação avançou 1,28%. Já o banco superou as estimativas de analistas para o lucro ajustado por ação, e seus papéis subiram 0,18%.

CPI da Covid: AstraZeneca

Na véspera, o colegiado da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid ouviu o representante da Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho.

Em depoimento, Carvalho afirmou ter sido procurado pelo ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, para dar seguimento às tratativas envolvendo a venda de vacinas ao órgão governamental, mas negou ter recebido qualquer pedido de propina.

Segundo o depoente, lhe foi apresentado apenas um comissionamento que chegou a ele através do grupo do coronel Marcelo Blanco, que esteve presente em jantar, em um restaurante em Brasília, onde teria ocorrido pedido de propina por doses da AstraZeneca.

A Davati atuou como intermediária na venda de 400 milhões de doses da vacina Astrazeneca ao governo brasileiro. Negócio que está sendo investigado após denúncia de um suposto esquema de propina.

Bolsas asiáticas fecham em baixa

As bolsas asiáticas fecharam em baixa nesta sexta-feira, em meio a temores renovados com o aumento de casos de infecção por covid-19 e eventuais riscos para a recuperação econômica.

Como se esperava, o Banco do Japão (BoJ) reafirmou sua política monetária, mas reduziu sua projeção de crescimento para o atual ano fiscal.

O índice acionário japonês Nikkei caiu 0,98% em Tóquio hoje, aos 28.003,08 pontos, enquanto o sul-coreano Kospi recuou 0,28% em Seul, aos 3.276,91 pontos, e o Taiex registrou perda de 0,77% em Taiwan, aos 17.895,25 pontos.

No começo da madrugada, o BoJ manteve as principais características de sua política monetária, mas cortou sua projeção de alta do Produto Interno Bruto (PIB) japonês para o ano fiscal que se encerra em março de 2022, de 4% para 3,8%.

O BC japonês ressaltou que a perspectiva para a terceira maior economia do mundo é "altamente incerta" e depende dos desdobramentos da pandemia de covid-19.

Tóquio relatou que os novos casos de covid-19 atingiram ontem o maior nível em seis meses, um pouco mais de uma semana antes do início da Olimpíada, que terá a capital japonesa como sede.

 A disseminação de variantes da doença, como a delta, tem provocado surtos em outras partes da Ásia e na Oceania.

De olho na questão ambiental, o BoJ também lançou hoje uma linha de crédito com custo zero para investimentos relacionados a mudanças climáticas.

Já na China continental, o Xangai Composto se desvalorizou 0,71% nesta sexta, aos 3.539,30 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto teve queda de 0,99%, aos 2.454,06 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng ficou praticamente estável, com alta marginal de 0,03%, aos 28.004,68 pontos.

A bolsa australiana, a principal da Oceania, contrariou o viés negativo da Ásia e ficou no azul, impulsionada por ações ligadas a consumo. O S&P/ASX 200 teve modesto avanço de 0,17% em Sydney, aos 7.348,10 pontos. / com Júlia Zillig e Agência Estado

Sobre o autor
Tom Morooka
Colaborador do Portal Mais Retorno.