Mercado está atento aos dados do PIB, após recordes na Bolsa
O mercado financeiro dá o pontapé ao novo mês nesta terça-feira, 1º de junho, embalado pela animação que permeou os negócios em maio. E de bate-pronto…
O mercado financeiro dá o pontapé ao novo mês nesta terça-feira, 1º de junho, embalado pela animação que permeou os negócios em maio. E de bate-pronto tomará conhecimento de um dado que poderá reforçar a animação ou conter o entusiasmo de investidores.
Às 9h, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga os dados do PIB do primeiro trimestre. As estimativas do mercado apontam para um crescimento entre 0,50% e 0,55%, que, se confirmado, tende a manter o otimismo do mercado com a perspectiva de recuperação da atividade.
Um sentimento quem vem animando os negócios principalmente na Bolsa, que encerrou maio em nível recorde, 126.215,73 pontos, em termos nominais, sem descontar a inflação.
O mercado continua muito atento ao nível de atividade econômica, afirma a economista da CM Capital, Ariane Benedito.
Para a economista, o bom desempenho da Bolsa depende da retomada da economia, mas vê duas preocupações pela frente: a terceira onda da pandemia do coronavírus, que poderia colocar um freio na recuperação de atividade, e uma possível prorrogação do auxílio emergencial.
A extensão do benefício emergencial traria de volta as preocupações com as contas públicas, já que potencializa o déficit fiscal, em um momento que o tema deixou o centro de atenções do mercado, lembra Ariane.
Outro ponto de atenção será a inflação, diante do agravamento da crise no setor de energia elétrica que já colocou sob bandeira vermelha as tarifas de consumo. A conta de luz tem forte peso no custo de vida em um momento que a inflação permanece pressionada.
A analista da Rico Investimentos, Paula Zogbi, acredita também em um cenário positivo para junho, apoiado em um ambiente internacional favorável e nas perspectivas mais positivas para a economia brasileira.
Zogbi entende que os bancos centrais ao redor do mundo tendem a manter os estímulos monetários, uma política que deve continuar a ajudar a manter os níveis recordes das bolsas de valores. Até porque, segundo ela, os choques inflacionários temporários já estão na conta dos bancos centrais, sem que isso redunde em elevação das taxas de juros.
Nesse cenário, os especialistas não veem perspectiva de uma recuperação do dólar, que tenderia a ajustar-se gradualmente a patamares mais baixos de preço. Senão por outros motivos, porque baixou a preocupação com o possível desarranjo das contas públicas que pudesse levar a um crescimento explosivo da dívida pública.
Wall Street: futuros em alta
Os contratos futuros negociados nas bolsas de Nova York operam em alta nesta terça-feira, à medida que o otimismo com a recuperação econômica segue em elevação.
Os investidores seguem em compasso de espera para conhecer os principais dados dos Estados Unidos, incluindo o payroll, na próxima sexta-feira, 4. São números que ajudarão a avaliar os caminhos e a velocidade de recuperação.
CPI da Covid: Nise Yamaguchi
Os investidores seguem acompanhando os passos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado. Nesta terça-feira, a médica Nise Yamaguchi, defensora da cloroquina, prestará depoimento e será questionada sobre a existência de uma espécie de "gabinete paralelo" no comando das ações no enfrentamento da pandemia.
Além disso, o colegiado avalia que já há provas suficientes de que o governo Jair Bolsonaro não quis comprar vacinas para combater o novo coronavírus.
O presidente da comissão, senador Omar Aziz, disse que, com um mês de funcionamento, o colegiado conseguiu reunir evidências de que o presidente seguia orientações de um “gabinete paralelo” ao Ministério da Saúde e agiu de forma “deliberada” para atrasar a compra dos imunizantes, apostando na chamada “imunidade do rebanho”.
Para Aziz, a CPI já tem motivos par pedir ao Ministério Público o indiciamento de agentes públicos por crime sanitário e contra a vida. “Já temos provas suficientes de que o Brasil não quis comprar vacina”, disse. “Isso não tem mais o que provar. Tenho certeza de que a CPI não vai dar em pizza”, completou.
Embora sem dizer os nomes de quem deverá ser apontado como cúmplice da crise no País, sob o argumento de que, no comando da comissão, não pode fazer esse tipo de comentário, o senador afirmou ser impossível não responsabilizar Bolsonaro.
Além disso, na véspera, a CPI, definiu a ministra Rosa Weber como relatora da ação conjunta movida por governadores em busca de salvo-conduto para não comparecerem ao Senado para depor.
Na ação, enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), os mandatários pediram que uma decisão cautelar fosse tomada o quanto antes. O objetivo é que os governadores já convocados sejam desobrigados a prestar depoimento e que a aprovação de novos interrogatórios fique proibida desde já.
Ao todo, governadores de 18 Estados e do Distrito Federal subscrevem a ação. A adesão mais recente foi a do governador do Acre, Gladson Camelli, na manhã desta segunda.
Reforma tributária fatiada
Os investidores estão atentos ao andamento das conversas sobre a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira, voltou a defender a tramitação de uma reforma enxuta que seja possível de ser aproada, apenas com a união dos impostos federais.
Segundo Lira, por causa da complexidade, a reforma tributária deverá ser aprovada após a reforma administrativa.
"O sistema (tributário) do Brasil é muito amplo. Durante muitos anos foi muito pormenorizado por temas e por situações, por regionalizações, por dificuldades geográficas, por amplitudes do tamanho do País." "
Entre os pontos que Lira pregou durante evento na tarde do dia anterior, destaque para a delimitação dos limites à Receita Federal de legislar por resolução e a criação, proposta do Ministério da Economia, de novo imposto.
Segundo Lira, se a criação de imposto sobre transações digitais fosse usada para bancar programa social robusto, até teria unanimidade no Congresso.
Reforma administrativa: jogo contra
Dentro da agenda de reformas, a administrativa também está no radar do mercado financeiro. Vice-presidente da Frente Parlamentar pela Reforma Administrativa, a senadora Katia Abreu (PP-TO) disse nesta segunda-feira que "alguns setores do governo estão contra a reforma administrativa" e reclamou da falta de diálogo em torno da proposta.
"Vejo Paulo Guedes (ministro da Economia), que deveria ser maior interessado, lutando muito pouco por essa reforma", afirmou Katia durante audiência pública da comissão da covid-19 no Senado. "Talvez o presidente (Jair Bolsonaro) esteja preocupado em desagradar esse setor", disse.
Guedes admitiu reservadamente ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que Bolsonaro não quer a aprovação da reforma administrativa e não trabalhará por ela. Na última segunda-feira, Pacheco questionou o comprometimento do governo com a proposta.
Bolsas asiáticas fecham em alta
Do outro lado do continente, as bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em alta nesta terça-feira, após dados mostrarem o setor manufatureiro chinês se expandindo no ritmo mais forte deste ano.
Na China continental, o Xangai Composto subiu 0,26%, aos 3.624,71 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,41%, aos 2.429,57 pontos, com ganhos liderados por ações de petrolíferas.
Pesquisa da IHS Markit com a Caixin Media apontou que o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial chinês aumentou levemente entre abril e maio, de 51,9 para 52 em maio, mas atingiu o maior patamar de 2021, sugerindo que a segunda maior economia do mundo segue se recuperando dos choques da pandemia da covid-19.
O resultado contrastou com o PMI industrial oficial da China, que usa amostragem diferente e recuou marginalmente no mesmo período, de 51,1 para 51. Leituras do PMI acima de 50 indicam expansão da atividade.
Em outras partes da Ásia, o Hang Seng se valorizou 1,08% em Hong Kong, aos 29.468,00 pontos, enquanto o sul-coreano Kospi avançou 0,56% em Seul, aos 3.221,87 pontos, e o Taiex subiu 0,55% em Taiwan, aos 17.162,38 pontos.
Exceção, o japonês Nikkei caiu 0,16% em Tóquio, aos 28.814,34 pontos, pressionado por ações de siderúrgicas e farmacêuticas.
Na Oceania, a bolsa australiana também ficou no vermelho, apagando ganhos de mais cedo no fim do pregão. O S&P/ASX 200 recuou 0,27% em Sydney, aos 7.142,60 pontos.
No começo da madrugada, o RBA - como é conhecido o banco central da Austrália - manteve seu juro básico na mínima histórica de 0,10% e voltou a descartar altas da taxa antes de 2024. / com Júlia Zillig e Agência Estado