Mercado Financeiro

Em pregão de volatilidade, Bolsa fecha em alta de 0,17% e dólar sobe a R$ 5,238

Investidores estão atentos às movimentações no exterior e ao risco fiscal local

Data de publicação:09/08/2021 às 10:55 - Atualizado 3 anos atrás
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Em um pregão marcado pela volatilidade, a Bolsa fechou em leve alta de 0,17% nesta segunda-feira, 9, aos 123.019,38 pontos. O receio dos investidores em relação aos riscos fiscais e a queda no preço do petróleo e minério de ferro, que puxaram para baixo as ações da Petrobras, Vale e siderúrgicas, foram compensadas durante a tarde pelo bom desempenho dos papéis dos bancos e a fala de João Roma, Ministro da Cidadania, o que elevou o Ibovespa.

Sede da B3 em São Paulo (SP) - Foto: B3/Divulgação

Roma reforçou durante entrevista nesta tarde que o governo estará atento à responsabilidade fiscal enquanto busca ampliar o programa Bolsa Família, rebatizado hoje de Auxílio Brasil. No Palácio da Alvorada, o ministro destacou que o grande desafio do governo será conciliar o avanço do tíquete médio do programa com o quesito da responsabilidade fiscal, a fim de não gerar desequilíbrio nas finanças públicas, o que trouxe um pouco mais de segurança aos investidores.

Simultaneamente, as ações dos bancos viveram um pregão positivo na B3, ainda refletindo os bons números registrados em seus balanços do segundo trimestre. Itaú e BTG Pactual registraram alta de 1,17% e 3,92%, na sequência.

Em dia de queda no preço das commodities, os papéis das mineradoras, siderúrgicas e petroleiras operam com perdas. As ações da Vale, CSN, Usiminas e Gerdau reportaram desvalorização de 0,63%, 0,21%, 0,32% e 1,28%, respectivamente. Já a Petrobras caiu 0,70%.

Inflação

Na agenda econômica doméstica, o Banco Central divulgou nesta manhã o Relatório Focus desta semana, que aponta elevação nas projeções para 2021, tanto da inflação como da Selic. Segundo os economistas, as estimativas da inflação subiram de 6,79%, na última semana, para 6,88%. Para 2022, de 3,81% para 3,84%.

Já a Selic, taxa básica de juros do Brasil, foi elevada de 7,00%, nos últimos sete dias, para 7,25%. O mesmo movimento de ajuste e pontos porcentuais foram aplicados para as estimativas para 2022.

Ainda com a inflação no foco do mercado, a FGV divulgou o Índice Geral de Preços – Demanda Interna (IGP-DI) de julho, que subiu 1,45% no período, ante 0,11% em junho. O resultado ficou um ponto porcentual abaixo das expectativas do mercado, estimadas em 1,46%.

Sobe e desce da B3

Nesta segunda-feira, em semana de apresentação de resultados trimestrais, os frigoríficos JBS, Marfrig e Minerva viveram um dia de ganhos na Bolsa. As ações das companhias subiram 1,07%, 3,66% e 4,00%, respectivamente.

A Unidas também colheu ganhos, após anunciar a aprovação da 21ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, no valor de R$ 1,1 bilhão. Os papéis da companhia valorizaram 0,89%.

Em dia de estreia na Bolsa, a Viveo, cujos papéis estão sendo negociados com a sigla VVEO3, registraram valorização de 9,44%, vendidas a R$ 22,01. A distribuidora de produtos médicos precificou seu IPO a R$ 19,92 por papel.

Dólar em alta

O dólar fechou em alta de 0,15%, negociado a R$ 5,238.

A moeda americana também viveu um pregão de muita volatilidade, com os investidores atentos à cautela no exterior, com novas perdas em torno de 4% do preço do petróleo, e também por conta do impacto da variante delta da covid-19.

As preocupações locais nas áreas fiscal e política do País, além do aumento forte da inflação, também influenciam o comportamento da moeda americana, pois são fatores que devem afetar a condução da política monetária do Banco Central, tendo de elevar ainda mais os juros.

Voto, IR e precatórios

O cenário político local segue na atenção dos investidores. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, anunciou na manhã desta segunda-feira que a votação do voto impresso deve ir ao plenário na próxima terça-feira, 10, ou quarta-feira, 11.

"Esperamos que essa questão seja liquidada no plenário ainda essa semana", afirmou o parlamentar. Também o projeto de reforma do Imposto de Renda pode ser votado nesta terça ou até quarta-feira.

Os precatórios também estão no foco do mercado. A proposta do governo para parcelar o pagamento de precatórios (valores devidos pelo poder público após sentença definitiva na Justiça) pode ampliar ainda mais a folga para novos gastos em 2022.

A medida deixaria a despesa com as dívidas judiciais R$ 7,8 bilhões menores do que o previsto para este ano - um espaço novo e que poderá ser direcionado a outras áreas. Neste ano, o governo estima que o gasto com precatórios ficará em R$ 55,4 bilhões. Em 2022, sem a PEC, a despesa subiria a R$ 89,1 bilhões.

NY: bolsas mistas

Nos Estados Unidos, as bolsas de Nova York fecharam sem direção única, com os investidores preocupados com uma retração no estímulo monetário e o avanço da variante delta.

O índice S&P reportou queda sensível de 0,09%, Dow Jones caiu 0,30% e Nasdaq 100 no sentido oposto, registrou leve valorização de 0,16%.

Após a divulgação do payroll, na última sexta-feira, 6, o Departamento do Trabalho comunicou que o número de postos de trabalho abertos nos Estados Unidos avançou de 9,483 milhões para 10,073 milhões em junho, de acordo com o relatório Jolts. O resultado é o maior nível da série histórica, de acordo com o órgão.

Nesta segunda-feira, Janet Yellen, secretária do Tesouro dos Estados Unidos, voltou a insistir, em comunicado, para que o Legislativo eleve o teto da dívida no país. Ela lembra que isso não significa um aumento dos gastos do governo, nem a autorização para proposta orçamentária futura, mas apenas permite que o Tesouro pague os gatos já previstos.

"Um fracasso em atender essas obrigações causaria um dano irreparável à economia dos Estados Unidos e às vidas de todos os americanos", alerta.

Yellen lembrou que, nos últimos anos, o Congresso tem tratado o tema de modo regular, com amplo apoio bipartidário. No último governo, segundo ela, houve apoio para elevar o teto por três ocasiões.

Agora, ela pede que isso volte a ser feito, em base bipartidária, diante da "responsabilidade compartilhada" sobre o assunto, a fim de proteger a credibilidade e o crédito dos EUA.

Bolsas asiáticas fecham sem sinal único

Os mercados acionários da Ásia concluíram o pregão desta segunda-feira sem sinal único. Na Bolsa de Tóquio, houve feriado com mercados fechados, enquanto Xangai registrou ganhos, mas Seul caiu.

Na China, a Bolsa de Xangai fechou em alta de 1,05%, aos 3.494,63 pontos, e a de Shenzhen, de menor abrangência, subiu 0,81%, aos 2.577,07 pontos.

Na Bolsa de Seul, o índice Kospi recuou 0,30%, aos 3.260,42 pontos. Papéis de farmacêuticas, do setor de transporte e de varejo estiveram entre as baixas.

A queda na praça sul-coreana foi a terceira consecutiva, em meio aos temores com novo avanço da covid-19 e seus impactos na atividade.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng fechou com ganho de 0,40%, aos 26.283,40 pontos. Em Taiwan, o índice Taiex recuou 0,23%, aos 17.485,15 pontos.

Na Oceania, o índice S&P/ASX 200 terminou estável, em 7.538,40 pontos, na Bolsa de Sydney. Ações do setor financeiro subiram, mas papéis do setor industrial caíram. / com Júlia Zillig e Agência Estado

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