Bolsa fecha em alta de 1,57% e dólar cai nesta quarta-feira
A Bolsa fechou o pregão desta quarta-feira, 5, em alta de 1,57%, aos 119564,44 pontos, enquanto investidores esperam definição da taxa Selic pelo Comitê de Política…
A Bolsa fechou o pregão desta quarta-feira, 5, em alta de 1,57%, aos 119564,44 pontos, enquanto investidores esperam definição da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A expectativa do mercado é de que haja nova elevação de 0,75 ponto percentual, que colocaria os juros no patamar de 3,5% ao ano.
Segundo a economista da Toro Investimentos, Thayná Vieira, diante dos fatores domésticos que contribuem para uma pressão para o aumento da inflação, principalmente em relação à depreciação do real frente ao dólar em decorrência de um risco país mais elevado, a Selic deve alcançar o patamar de 5% ao ano em dezembro de 2021.
No mercado internacional, houve ganhos apesar dos números sobre geração de empregos dos Estados Unidos ter decepcionado investidores. O índice S&P 500 registrou subida de 0,07%, enquanto o Dow Jones apontou elevação sensível de 0,29% e Nasdaq teve perdas de 0,27%.
Dólar em queda
Ao contrário da Bolsa, o dólar se manteve em baixa significativa nesta quarta-feira, com recuo de 1,21%, cotado a R$ 5,3648. O enfraquecimento da moeda americana ocorre após a divulgação do relatório da Automatic Data Processing (ADP) sobre geração de 742 mil vagas no mercado americano, volume abaixo das expectativas dos analistas, de 800 mil novas posições.
No Brasil, esse viés é ajudado pela produção industrial de março, que caiu menos que o que se esperava. Segundo o IBGE, o recuo foi de 2,4% na comparação mensal, contra 3,0% projetado pelo mercado.
Petroleiras e siderúrgicas em alta
Nesta quarta-feira, várias ações de companhias ligadas ao setor de commodities viveram um dia positivo na B3, com a alta de preços dos produtos, puxando o bom humor do Ibovespa. A Petrobras atingia alta de 4,09% e 4,06%. Na mesma esteira, os papéis da PetroRio atingiram alta de 1,83%.
A temporada de divulgação de balanços trimestrais segue no radar dos investidores nesta quarta-feira. A Gerdau divulgou um lucro líquido no primeiro trimestre de 2021 de R$ 2,471 bilhões, um salto de 1.016% sobre o mesmo período de 2020. Com esse resultado, os papéis da companhia subiram forte, com alta de 6,03%.
Na esteira, outras siderúrgicas também seguem contabilizando ganhos. A Usiminas registrou avanço de 2,98% e 4,33%. A Vale teve elevação de 1,72%.
Na véspera, o banco Bradesco apresentou os seus números do período, que vieram um pouco acima das expectativas dos analistas, que esperavam um crescimento de 70%.
Segundo balanço da instituição, o lucro líquido obtido no período foi de R$ 6,51 bilhões, alta de 74%¨em relação ao mesmo período do ano passado. Mesmo com esses resultados, os papéis do Bradesco tiveram alta sensível de 0,68% e 0,17%.
O atacadista Assaí também apresentou seus números após o fechamento do mercado financeiro. Segundo balanço da companhia, o lucro líquido obtido nos três primeiros meses do ano foi de R$ 240 milhões, alta de 113% sobre o mesmo período de 2020.
Os números refletiram em alta nos papéis da empresa nesta quarta-feira, com elevação de 3,77%. Ainda hoje o mercado irá conhecer os números da Braskem, Copel, Totvs, Taesa, GPA, Braskem, entre outras.
De olho no cenário externo
O cenário externo continua no foco do mercado financeiro, com atenção voltada à divulgação, nesta quarta-feira, do PMI da área do euro e dos Estados Unidos. O PMI (Purchasing Managers Index, na sigla em inglês, ou Índice de Gestores de Compras) é um indicador de atividade econômica que orienta a tomada de decisões dos empresários.
A previsão é que este indicador venha em alta nos EUA, reforçando a ideia de uma recuperação e retomada da atividade econômica, na esteira do avanço da vacinação contra a Covid. Na Europa, o PMI subiu de 53,2 em março para 53,8 em abril, atingindo o maior patamar desde julho de 2020, segundo pesquisa da IHS Markit.
CPI da Covid: Teich depõe
No cenário doméstico, os investidores mantêm a atenção voltada para os desdobramentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Nesta quarta-feira, na parte da tarde, o colegiado ouviu o ex-ministro da Saúde Nelson Teich.
Na véspera, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, entre diversas informações divulgadas durante o depoimento, destacou que um parecer da Advocacia Geral da União (AGU), vinculada ao Ministério da Saúde, alertou que a compra de medicamentos para a tratar a covid-19 sem comprovação científica, como a cloroquina, implicaria em improbidade administrativa.
Além disso, Mandetta afirmou que o País implementou, sempre com atraso, as medidas para redução da transmissão do novo coronavírus, em especial, determinações de quarentena e lockdown.
Mandetta também relatou ter alertado Bolsonaro - em carta que foi ignorada - sobre a possibilidade de colapso na saúde e falta de apoio às ações do Ministério da Saúde. Para o relator da CPI, senador Renan Calheiros, o depoimento do ex-ministro foi “produtivo e além das expectativas”.
A oitiva do ex-ministro Nelson Teich foi remarcada para esta quarta-feira, após mudança de data do depoimento do ex-ministro Eduardo Pazuello.
Covid-19: mais de 3 mil mortos
O Brasil voltou a registrar mais de 3 mil óbitos por covid-19 em 24 horas, segundo dados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa. O número de vítimas na véspera ficou em 3.025. Com os últimos registros, o total de mortes pelo novo coronavírus no País chegou a 411.854.
Até o momento, o País vacinou 32.881.298 pessoas com a primeira dose, o que representa 15.53% da população.
Reforma tributária à estaca zero
No mesmo dia da leitura do parecer da reforma tributária, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), declarou extinta a comissão mista que analisa proposta, praticamente inviabilizando a continuidade dos trabalhos nos moldes atuais. A informação foi confirmada pelo vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos em sua conta no Twitter.
A decisão praticamente "zera o jogo" da reforma tributária, segundo técnicos ouvidos pela reportagem. O anúncio foi feito enquanto o relator da reforma, deputado Aguinaldo Ribeiro, ainda lia seu parecer.
Por trás dessa estratégia está o desejo de Lira de fatiar a reforma tributária em quatro projetos distintos, focados em mudanças no âmbito federal, sem incluir Estados e municípios. A ideia é apoiada pela equipe econômica.
NY: índices em leve alta
Os contratos negociados nas bolsas de Nova York operam em leve alta nesta quarta-feira, com os investidores repercutindo os dados sobre a criação de novo empregos nos Estados Unidos, cujo volume veio abaixo do esperado. Esses dados refletiram na queda do rendimento dos Treasuries.
O índice S&P 500 registrou subida de 0,07%, enquanto o Dow Jones apontou elevação sensível de 0,29% e Nasdaq teve perdas de 0,27%.
Ao mesmo tempo, o rendimento dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) cai na esteira da criação de empregos menor que a esperada nos Estados Unidos em abril, movimento que enfraquece o dólar.
Além disso, o mercado está absorvendo a fala da secretária do Tesouro Nacional, Janet Yellen, que apontou a possibilidade de um possível aumento de juros no país.
De acordo com o sócio da Wisir Research, Filipe Teixeira, o debate sobre se os gastos do governo podem estimular uma inflação excessiva ocorre quando as avaliações das ações se aproximam dos níveis mais altos em duas décadas. “Os investidores relutam em empurrar as altas ainda mais, apesar dos ganhos corporativos robustos”, aponta Teixeira.
Embora o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) tenha garantido aos mercados que as taxas de juros permanecerão nas mínimas atuais durante a recuperação, o fortalecimento de dados gerou preocupações de que os formuladores de políticas possam “apertar o cinto” mais cedo do que o previsto.
A LPL Financial comenta que o crescimento nos EUA pode estar se aproximando de um pico e diz que, depois disso, o ambiente pode ser "mais desafiador" para as ações locais.
A Capital Economics projeta um cenário em que as ações da zona do euro terão maior valorização até o final do ano em comparação às americanas, com uma média de 3% a 1%, respectivamente. A consultoria acredita que a rotação para setores que foram duramente atingidos pela pandemia, como energia e finanças, será retomada no bloco, além da possibilidade de que as "boas notícias" para a economia dos EUA já tenham sido precificadas.
Ásia: fechamento em queda
As bolsas asiáticas terminaram os negócios desta quarta-feira em baixa, com liquidez restrita em meio a feriados que mantiveram os mercados do Japão e da China fechados pelo terceiro dia consecutivo. Na Coreia do Sul, também não houve pregão hoje em função de um feriado local.
O índice Hang Seng caiu 0,49% em Hong Kong, aos 28.417,98 pontos, e o Taiex recuou 0,53% em Taiwan, aos 16.843,44 pontos, ampliando perdas recentes diante de um novo surto de covid-19 na ilha.
A aversão a risco na Ásia veio também após o tom predominantemente negativo das bolsas de Nova York ontem, com perdas lideradas pelo setor de tecnologia.
Na Oceania, a bolsa australiana tomou o rumo oposto das asiáticas e ficou no azul nesta quarta, impulsionada por 16 das 20 maiores empresas em valor de mercado listadas em Sydney. O S&P/ASX 200 avançou 0,39%, a 7.095,80 pontos. / com Tom Morooka e Agência Estado