Bolsa tem leve alta com setor de varejo em dia agitado; ações da Hering saltam 26,19% após negócio com o Soma
A Bolsa de Valores fechou em leve alta de 0,05%, aos 120.594,61 pontos, nesta segunda-feira, 26, em que investidores mantiveram postura cautelosa enquanto aguardam resultados da…
A Bolsa de Valores fechou em leve alta de 0,05%, aos 120.594,61 pontos, nesta segunda-feira, 26, em que investidores mantiveram postura cautelosa enquanto aguardam resultados da temporada de divulgação de balanços e desdobramentos da CPI da Covid, marcada para amanhã.
As movimentações no varejo mexeram com os papeis do setor. O anúncio de que o grupo Soma (SOMA3) fez acordo para aquisição da Hering (HGTX3) resultou em uma valorização de 26,19% nas ações da Hering, e em queda de 10,14% nos papeis do Grupo Soma. O mercado considerou o ágio elevado para a concretização da operação.
A perspectiva de que outros negócios de compra e venda de empresas na consolidação do varejo brasileiro venham a acontecer em breve espaço de tempo também levou à valorização de papeis da C&A, Marisa, Guararapes e Renner (leia mais abaixo).
A visão de analistas sobre a operação com Hering
De acordo com o Research do BTG Pactual, a transação foi feita com as ações da Hering avaliadas em R$ 32,5, um prêmio de aproximadamente 100% sobre o valor da empresa antes da oferta da Arezzo, que foi a público há menos de duas semanas.
Ainda de acordo com os analistas do BTG, o Soma deve desembolsar R$ 5,2 bilhões para a aquisição, dos quais R$ 1,5 bilhão serão pagos em dinheiro e outros R$ 3,7 bilhões, em ações. Os acionistas terão direito a 36% da empresa combinada, que ainda tem 7,6% dos ativos sob posse da família Hering.
O valuation implícito do Grupo Soma foi de R$ 5,1 bilhões, valor que já leva em conta o desembolso de caixa para os acionistas de HGTX.
No mercado internacional, a expectativa pela definição do aumento de impostos pelo governo Joe Biden mantém investidores cautelosos. O Dow Jones teve recuo leve de 0,18%, ao contrário do S7P 500 e da Nasdaq, que tiveram alta de 0,18% e 0,58%, respectivamente.
No ambiente corporativo da B3, a Vale (VALE3) segue na mira dos investidores nesta segunda-feira, data de divulgação dos resultados trimestrais da empresa. A expectativa pelos resultados positivos puxou os papéis da mineradora a atingir a máxima intraday de R$ 110,69. Às 13h50, as ações da Vale apontavam alta de 0,85% e negociadas a R$ 108,90.
Outro destaque nas altas desta segunda-feira é a CNS (CNSA3), impulsionada pela alta no preço do minério de ferro na China. Às 15h15, as ações da mineradora valorizavam 4,32%.
Com agitação no varejo, empresas fecham em alta
Nas negociações de hoje, as ações das grandes varejistas viveram um dia de alta, diante da movimentação recente do setor. A expectativa é a de que a empresa possa comprar outras, ou ser comprada pelas maiores, e que os papeis venham a ser beneficiados.
As ações da Renner no final do dia estavam negociadas a R$ 41,68, com alta de 2,20%. A empresa deve fazer uma captação em torno de R$ 6,5 bilhões, e comprar outras empresas.
No encerramento das operações, os papéis de Marisa subiam 5,54% e eram cotados a R$ 6,10%; os da C&A apresentavam valorização de 3,41% ao nível de R$ 3,41; e os de Guararapes, com alta de 3,70%, cotados a R$ 17,65.
CPI da Covid-19 e balanços de empresas
Além dessa movimentação, o mercado financeiro segue com seu interesse voltado a dois pontos importantes: a divulgação dos balanços trimestrais das empresas, às movimentações finais para a instalação da CPI da Pandemia no Senado e a aprovação da vacina Sputinik V pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Para especialistas, a instalação e o início dos trabalhos da CPI têm potencial para gerar instabilidade nos mercados, com oscilações mais acentuadas nos mercados de ações e de dólar.
O head de Renda Variável da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno, diz que os balanços darão uma ideia de como se comportou a economia real no primeiro trimestre.
Ideia que os dados oficiais mais macros ou gerais, já conhecidos e não raro contraditórios, não conseguiram traduzir de forma suficientemente clara.
Para Moliterno, o desfecho para o impasse do Orçamento, que passou por algumas alterações para a sanção presidencial, pode ser visto como ponto positivo.
Mas, como em uma novela, pode reservar ainda novos capítulos para quem se preocupa com o equilíbrio das contas públicas ou com o respeito à Lei de Responsabilidade Fiscal.
“A sanção pelo presidente alivia um pouco o cenário de incertezas, mas o mercado financeiro vai ficar de olho na execução do Orçamento”, afirma o executivo da Veedha Investimentos.
Investidores estarão atentos para ver se o governo não está se valendo de brechas para driblar o teto de gastos.
Dólar em baixa nesta segunda-feira
Já o dólar transitou por terrenos negativos nesta segunda-feira. NO fechamento, a moeda foi cotada a R$ 5,448, com queda de 0,88%.
Covid-19: mais casos em 2021 do que no ano passado
Com a explosão de infecções e o colapso do sistema de saúde nas últimas semanas, o novo coronavírus já fez mais vítimas no Brasil em 2021 do que em todo o ano passado. De janeiro até ontem, foram 195.949 mortes pela doença, ante 194.976 em 2020. No total, são 390.925 óbitos, o segundo maior país com mais perdas.
No dia anterior, foram registradas 1.316 mortes nas últimas 24h, segundo o consórcio de imprensa. O País registrou na última semana ligeira redução na média de mortos pela covid, mas ainda em patamar elevado, perto de 2,5 mil registros.
Especialistas temem que o recente relaxamento das restrições estenda o período agudo da crise sanitária e imponha nova pressão sobre os hospitais. Redes de saúde em várias regiões têm sofrido com mortes de pacientes na fila por leitos, falta de remédios do kit intubação e irregularidade no abastecimento de oxigênio.
Na negociação do Orçamento, o Ministério da Economia limitou verbas para vacinas, kit intubação e custeio de leitos pedidas pela Saúde. A pasta de Paulo Guedes questionou sobre "arrefecimento da crise". Porém, os especialistas ainda não veem queda consistente de casos.
Em entrevista coletiva no último sábado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que “não faltará recursos para a área responsável pelo combate à pandemia no País”. “Sempre temos um bom diálogo com Guedes, que me assegurou que não faltaria recursos para a Saúde”, afirmou.
O ritmo de vacinação, por outro lado, continua lento. Na semana passada, o Ministério da Saúde apresentou um cronograma com 31% menos doses de imunizantes para maio. A redução, entre outros motivos, se deu pela retirada do plano oficial das vacinas russa Sputnik V e da indiana Covaxin, que ainda não têm registro no Brasil.
Reforma tributária: primeira versão do texto em maio
Outro assunto que chama a atenção dos investidores é a reforma tributária, que começa a dar seus primeiros sinais de avanço. O presidente da Câmara, Arthur Lira, declarou no último final de semana em sua conta no Twitter que uma versão inicial do texto da reforma será divulgada no dia 3 de maio.
O texto, que reúne uma versão da Câmara, uma do Senado e uma do governo federal sobre as mudanças no sistema de tributação do País está parado no Congresso.
Para alguns parlamentares, a retomada da reforma tributária por Lira nesse momento é também uma forma da Câmara manter o protagonismo, sob a gestão de Lira, enquanto o Senado irá iniciar os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que promete ser o centro das atrações políticas do País pelos próximos meses.
Nova York opera em leve alta com dados econômicos
Em Wall Street, os contratos negociados nas bolsas de Nova York trafegam com leve avanço nesta segunda-feira. Às 11h01, o índice Dow Jones apresentava pequeno avanço de 0,16%. Na mesma esteira, S&P 500, com subida sensível de 0,28%. E Nasdaq, com alta leve de 0,13%.
Investidores seguem monitorando vários assuntos, como a reunião do Fed (Federal Reserve, o banco americano), a estreia do Plano das Famílias Americanas, mais dados sobre a inflação e a divulgação de resultados de empresas.
Para Mauro Morelli, estrategista da Davos, não se espera nenhuma mudança, seja na política da taxa de juros. Além disso, o pacote de crescimento do país e o aumento de impostos para os mais ricos, voltam à discussão, o que deve, segundo ele, trazer boas e más notícias para o mercado.
Os investidores acompanham a nova leva de balanços trimestrais, que inclui um terço das empresas – ao todo, 181 companhias - que compõem o índice S&P 500. Os resultados das companhias serão indicativos de como a reabertura econômica está afetando seus negócios.
Nesta segunda-feira, a Tesla apresenta seus números, que devem trazer os reflexos de uma fase de vendas recordes, com mais de 185 mil veículos vendidos nos três primeiros meses do ano. Por outro lado, a companhia vem enfrentando questões sobre a segurança de seus veículos, após um acidente no Texas e protestos na China.
Na próxima terça-feira é a vez da Microsoft e Alphabet divulgarem seus resultados após o fechamento do mercado. Junta-se a elas as empresas Visa, United Parcel Service e Starbucks.
Na quarta-feira, a Apple divulga seus números. A fabricante do iPhone e do iPad viu o quarto trimestre ser o seu mais lucrativo, impulsionado pelo lançamento do iPhone 12, que tem acesso ao 5G. De acordo com o FactSet, analistas estão estimando que as vendas da empresa disparem 32%, a US$ 76,7 bilhões.
Na mesma esteira, o Facebook apresenta seus números. A empresa teve receitas recorde no último período e falou sobre as rusgas cada vez maiores com a Apple.
Mark Zuckerberg disse à época que a Apple é uma de suas maiores competidoras. As vendas da empresa devem subir 34%, a US$ 23,7 bilhões. Spotify, Ford, Boeing e Qualcomm também divulgam números neste dia.
Já na quinta-feira, Amazon deve anunciar um aumento de 39% em suas receitas, para mais de US$ 104 bilhões. Seria o segundo trimestre consecutivo com o indicador passando de US$ 100 milhões.
A companhia se beneficiou da forte demanda por e-commerce na pandemia e também dos seus negócios de computação em nuvem, com empresas comprando serviços de software e capacidade em servidores. Neste mesmo dia, as empresas Mastercard, Comcast e Caterpillar também trazem
Na sexta-feira, duas gigantes do setor de energia, Exxon Mobil e Chevron trazem seus resultados ao mercado. As duas companhias estão tentando superar um dos anos mais complicados na história da indústria do petróleo e gás.
A pandemia deprimiu a demanda por combustíveis fósseis em um momento no qual o setor enfrenta desafios como a escalada dos automóveis elétricos, a proliferação de energia renovável e o aumento nas preocupações sobre os impactos ambientais de suas operações.
As receitas das empresas que compõem o S&P 500 devem crescer 33,8% na comparação anual, de acordo com estimativas da FactSet.
A porcentagem seria o maior crescimento desde o terceiro trimestre fiscal de 2010. No entanto, a comparação agora é mais favorável, uma vez que ano passado as empresas foram prejudicadas com a pandemia. Já o lucro no trimestre deve aumentar 7,5%, na comparação anual, segundo a FactSet.
Pandemia na Índia: Estados Unidos sinalizam ajuda
Além do Brasil, a Índia também está enfrentando dias difíceis com a pandemia da covid-19. Segundo dados do ministério da Saúde do país, foram registradas 2.624 mortes por causa da doença nas últimas 24 horas.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse no último final de semana, por meio de sua conta no Twillter, que o país dará apoio à Índia no combate à covid-19.
O total de infectados no país subiu para mais de 16 milhões e as mortes já somam mais de 189,5 mil.
Bolsas asiáticas fecham sem sinal único
As ações asiáticas encerraram o pregão desta segunda-feira sem direção única, a exemplo dos futuros americanos e os recém-abertos mercados da Europa.
O japonês Nikkei subiu 0,36% em Tóquio hoje, aos 29.126,23 pontos, enquanto o sul-coreano Kospi avançou 0,99% em Seul, aos 3.217,53 pontos, e o Taiex se valorizou 1,57% em Taiwan, aos 17.572,29 pontos.
Na China, os mercados se enfraqueceram nesta segunda, à medida que ações de siderurgia e de energia renovável foram alvos de realização de lucros, após fortes ganhos na semana passada. O Xangai Composto registrou baixa de 0,95%, aos 3.441,17 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto recuou 0,75%, aos 2.281,30 pontos.
O dia foi de perdas também em Hong Kong, onde o Hang Seng caiu 0,43%, aos 28.952,83 pontos, pressionado por papéis de montadoras. A preocupante situação da covid-19 na Ásia, em especial na Índia e no Japão, também inspira cautela.
Na Oceania, a bolsa australiana encerrou a sessão em baixa moderada, após oscilar entre pequenos ganhos e perdas. O S&P/ASX 200 cedeu 0,21% em Sydney, aos 7.045,60 pontos. / com Tom Morooka e Agência Estado