Mercado ao vivo: Bolsa opera em baixa puxada por Vale, siderúrgicas e Petrobras
Confira as movimentações do pregão desta quinta-feira, 18
Em um dia marcado pela queda acentuada nos preços do minério de ferro e do petróleo, a Bolsa de Valores opera em baixa no pregão desta quinta-feira, 18. Às 14h26, o Ibovespa caía 0,45%, aos 102.481 pontos, puxado pela desvalorização das ações da Vale, siderúrgicas e Petrobras.
O dólar, por sua vez, abriu em alta neste pregão e, no mesmo período, subia 0,51%, cotado a R$ 5,56. Segundo analistas do BTG Pactual, a moeda americana deve operar em terreno positivo ao longo do dia, porque mais tarde, às 15h, está agendado um leilão de títulos públicos nos Estados Unidos. Eles explicam que as operações tendem a mexer com a curva de juros americana, impactando também o preço do dólar frente a outras divisas.
Os títulos americanos são considerados os mais seguros do mundo e, com um aumento na cotação de juros futuros, os investidores tendem a migrar seus recursos para tais ativos. Para isso, há a retirada de dólar de outros mercados, como o Brasil, o que encarece a moeda no País.
Além disso, a economista da CM Capital, Ariane Benedito, destaca que os investidores seguem de olho no cenário fiscal brasileiro, com o avanço das negociações sobre a PEC dos Precatórios.
Commodities
Após a Evergrande anunciar que irá vender sua participação em uma produtora de filmes para gerar capital, o minério de ferro renovou sua mínima do ano, o que impacta as ações de exportadoras brasileiras que trabalham com a commodity. A crise financeira na gigante incorporadora chinesa reflete em todo o setor imobiliário do país, que é um dos maiores demandantes por minério no mundo.
Com a desvalorização do produto, os papéis da Vale já abriram o pregão em queda e às 14h28 caíam 2,17%. As empresas siderúrgicas também sentem o movimento e, no mesmo período, CSN, Usiminas e Gerdau recuavam 3,49%, 4,53% e 2,61%, respectivamente, estando entre as maiores baixas da Bolsa.
Já a queda no preço do petróleo, de acordo com analistas do BTG Pactual, está relacionada ao avanço dos casos de covid-19 pela Europa, principalmente na Áustria, Alemanha e Bélgica. Esses países já começaram a adotar, uma vez mais, algumas medidas restritivas para conter o aumento no número de casos da doença, o que pode gerar uma desaceleração econômica no continente europeu, diminuindo a demanda por petróleo.
Além disso, no Brasil, a fala de Paulos Guedes, ministro da Economia, na véspera, de que o Brasil tem um histórico de interferências regulatórias e em preços em anos eleitorais, pode pesar sobre as ações das petroleiras ao longo do dia.
Os papéis da Petrobras operam com bastante volatilidade nesta manhã, oscilando entre leves altas e baixas. Às 14h29, a petroleira registrava queda de 0,90%.
PEC dos Precatórios: uma nova proposta
No cenário interno, a atenção do mercado permanece com a questão da PEC dos Precatórios. Os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE), José Aníbal (PSDB-SP) e Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) apresentaram uma proposta alternativa ao texto já aprovado em dois turnos na Câmara dos Deputados - e que, agora, depende da aprovação no Senado.
O novo texto propõe a retirada dos R$ 89 bilhões em pagamento de dívidas judiciais do alcance do teto de gastos em 2022. A proposta, no entanto, mantém a reformulação do teto de gastos a partir da inflação acumulada em 12 meses de janeiro a dezembro do ano anterior. Hoje, o teto de um ano é calculado com base na inflação acumulada de junho a junho do ano anterior.
Pela emenda dos três senadores, o espaço fiscal aberto em 2022 seria de R$ 89 bilhões, exatamente o montante de despesas com precatórios, que ficariam fora do teto no ano que vem. Desse valor, R$ 64 bilhões seriam destinadas ao Auxílio Brasil, e o restante a outras despesas com seguridade social. As emendas de relator seriam extintas pelo texto.
Sobre a proposta, Guedes considera um "grande erro" a ideia de retirar o pagamento dos precatórios da regra do teto. Para ele, a proposta colocaria em risco a arquitetura fiscal, tendo como consequência provável a elevação dos prêmios de risco cobrados por investidores para financiar a dívida pública.
“Alguns senadores falam em tirar os precatórios do teto. É um grande erro por deixar as ordens judiciais como gastos incontroláveis. Os prêmios de risco subirão”, disse, ao participar de fórum do Bradesco BBI.
Sobe e desce da Bolsa
Recuperando as quedas expressivas da véspera, a Lojas Americanas e o Grupo Natura sobem 1,37% e 2,82%, às 14h32, no pregão da Bolsa. Na esteira de altas, outras empresas que recuaram bastante nos últimos pregões, impactadas pela deterioração nas perspectivas macroeconômicas brasileiras, também avançam, com os investidores aproveitando o valuation atraente - o que tem segurado uma queda mais expressiva da Bolsa.
No mesmo horário, a varejista Méliuz e a construtora MRV avançavam 7,53%, 0,79%, nesta ordem.
Já no campo das baixas, para além das empresas ligadas às commodities, destaque também para os bancos. Às 14h32, Itaú, Bradesco e Santander caíam 2,41%, 1,84% e 0,55%, na sequência. Vale ressaltar que o setor financeiro é a principal porta de entrada dos investidores estrangeiros para a Bolsa brasileira pela liquidez de seus papéis.
Cenário político: ano eleitoral
No campo das preocupações do governo com o ano eleitoral, um novo capítulo na história de Bolsonaro com o PL, partido ao qual o presidentes deve se unir para lançar sua candidatura à reeleição ao cargo de presidente da República. O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, informou ter recebido "carta branca" dos diretórios estaduais, nesta quarta-feira, 17, para mexer em alianças regionais e facilitar a filiação de Bolsonaro ao partido.
Um dos principais pontos de divergência entre a cúpula do PL e Bolsonaro é justamente São Paulo, o maior colégio eleitoral do País. Foi por causa da aliança do PL com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e também pela disposição do partido em apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Estados do Nordeste que Bolsonaro decidiu adiar a filiação à sigla comandada por Costa Neto.
O PL compõe a base aliada que dá sustentação a Doria na Assembleia Legislativa e tem cargos importantes na área de infraestrutura. Integrante do Centrão, o partido tem compromisso de apoiar o vice-governador Rodrigo Garcia, pré-candidato do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes, mas Bolsonaro quer lançar para essa cadeira, em 2022, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.
Em reunião realizada nesta quarta-feira, 17, com dirigentes dos diretórios estaduais e parlamentares, Costa Neto comunicou que a configuração dos palanques nos Estados sofrerá mudanças. Segundo o senador Wellington Fagundes (MT), o presidente do PL disse que o apoio ao PSDB paulista "pode ser revisto de acordo com as condições de agora".
Mesmo assim, ainda não há definição sobre quais arranjos estaduais serão mudados. "O partido definiu, homologou e entregou carta branca ao presidente Valdemar para que, em nome do diretório nacional, junto com os membros do diretório, possa ver caso a caso", disse Fagundes.
Lá fora: Europa e Estados Unidos
As bolsas europeias operam majoritariamente em baixa nesta quinta-feira, refletindo a cautela dos investidores com o avanço dos casos de covid-19 pelo continente. A preocupação dos investidores, conforme explicam analistas do BTG, é de que o crescimento econômico do bloco seja impactado pela adoção de novas medidas restritivas para conter a doença.
Nos Estados Unidos, os mercados financeiros abriram majoritariamente em alta, após a divulgação de novos dados de emprego no país. O número de pedidos de auxílio-desemprego na semana encerrada em 13 de novembro foi de 268 mil, segundo dados com ajustes sazonais publicados nesta quinta-feira pelo Departamento do Trabalho americano, uma redução de mil em relação à última semana.
O resultado ficou acima da expectativa de analistas consultados pelo Wall Street Journal, que previam 260 mil solicitações. O total de pedidos da semana anterior foi ligeiramente revisado para cima, de 267 mil a 269 mil. Já o número de pedidos continuados apresentou recuo de 129 mil na semana encerrada em 6 de novembro, a 2,080 milhões. Esse indicador é divulgado com uma semana de atraso.
Os índices S&P 500 e Nasdaq 100 operavam em alta de 0,41% e 1,05%, na sequência, às 14h33. Já a Dow Jones apontava leve recuo, de 0,05%.
Do outro lado do mundo
Os mercados acionários da Ásia tiveram pregão em geral negativo, nesta quinta-feira. No mercado chinês, ações de incorporadoras voltaram a recuar, enquanto o dia na bolsa japonesa também foi negativo.
Na China, a Bolsa de Xangai fechou em baixa de 0,47%, em 3.520,71 pontos, e a de Shenzhen, de menor abrangência, caiu 0,65%, para 2.575,12 pontos. Ações de incorporadoras caíram, após dados modestos do setor relativos a outubro.
Já empresas ligadas à produção de lítio estenderam ganhos recentes, com a expectativa de maior demanda pelo componente, diante do quadro global de se tentar avançar rumo à neutralidade nas emissões de carbono na atmosfera. Tianqi Lithium subiu 6,3% e Chengxin Lithium, 5,3%.
Na Bolsa de Tóquio, o índice Nikkei caiu 0,30%, a 29.598,66 pontos. Ações de energia e transporte marítimo se saíram mal. Inpex teve queda de 7,1% e Nippon Yusen, de 4,3%.
Já Eisai registrou perda de 9,0%, diante da menor chance de aprovação na Europa de um medicamento dela contra o Alzheimer. Investidores aguardam notícias sobre eventual estímulo fiscal no Japão e também por outras iniciativas do premiê Fumio Kishida.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng caiu 1,29%, a 25.319,72 pontos. Há expectativa nesse mercado pelo dia 6 de dezembro, quando será anunciada revisão no índice. A China Galaxy International afirma que o Hang Seng poderá incluir mais ações da área de saúde, tecnologia da informação e consumo.
Na Coreia do Sul, o índice Kospi terminou com queda de 0,51% em Seul, em 29.589,66 pontos. Ações de montadoras e de empresas ligadas ao consumo influenciaram negativamente. Hyundai Motor teve baixa de 1,0% e Kia, de 1,1%.
Em Taiwan, o índice Taiex foi na contramão da maioria e subiu 0,44%, a 17.841,37 pontos. O índice chegou a oscilar em baixa durante parte do dia, mas confirmou ganhos.
Na Oceania, o S&P/ASX 200 fechou em alta de 0,13%, em 7.379,20 pontos, na Bolsa de Sydney, com recuperação modesta após sequência de perdas recentes. Commonwealth Bank caiu 1,5%, prolongando fraqueza dos últimos dias, mas algumas empresas ligadas a matérias-primas se saíram bem.
Nufarm subiu 5,2%, recuperando-se após queda forte no pregão anterior, e Evolution avançou 9,7%. Várias mineradoras de ouro também subiram nesta quinta no mercado australiano. / com Agência Estado