Marfrig registra lucro líquido de R$ 109 milhões no 1º trimestre, queda de 61% ante 2021
Empresa enfatizou que retração no resultados refletiu um efeito do investimento da companhia na BRF
A Marfrig encerrou o primeiro trimestre de 2022 com lucro líquido de R$ 109 milhões, queda de 61,1% ante a soma de R$ 279 milhões registrada em igual período do ano passado, informou a companhia no início da noite desta terça-feira, 3.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado teve avanço anual de 60,9%, para R$ 2,749 bilhões, ante R$ 1,708 bilhão em igual período do ano anterior.
Além disso, a margem Ebitda da Marfrig ficou em 12,3%. A receita líquida aumentou 29,6% nos primeiros três meses do ano, de R$ 17,236 bilhões em 2021 para R$ 22,341 bilhões em 2022.
De acordo com a empresa, a dívida líquida subiu 19,3%, de RS 17,747 bilhões para RS 21,168 bilhões no período. Dessa forma, a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado da Marfrig passou de 1,76 vezes no primeiro trimestre de 2021 para 1,36 vez de janeiro a março deste ano.
Em entrevista, o CFO Tang David disse que a queda no lucro líquido no trimestre reflete um efeito do investimento da companhia na BRF.
"Esse é o principal fator", aponta. Em janeiro, a companhia acompanhou o follow on da BRF e manteve sua participação de 33,27%, o que representou um novo investimento de R$ 1,8 bilhão em novas ações.
América do Norte
A operação América do Norte da Marfrig, capitaneada pela National Beef, foi, novamente, o destaque. O segmento alcançou nova marca histórica. De acordo com a companhia, em razão do incremento de 26,9% no preço médio total e do crescimento de 2,9% no volume de vendas no período.
A unidade americana registrou receita líquida de R$ 15,8 bilhões (US$ 3 bilhões) no primeiro trimestre, avanço de 30,6% em relação a igual período do ano passado, quando a receita foi de R$ 12,7 bilhões.
O Ebitda ajustado ficou em RS 2,2 bilhões (US$ 453 milhões), alta de 63,4%. Além disso, o lucro bruto avançou 59,5% ante o ano anterior, para US$ 538 milhões (R$ 2,8 bilhões).
A National Beef ainda representa 71% da receita líquida total da Marfrig e de 87% a sua participação no Ebitda consolidado.
"Vivemos um trimestre de crescimento robusto. A demanda permanece forte e o cenário é de aumento do preço também no mercado internacional".
Tim Klein, diretor presidente da Operação América do Norte da Marfrig
América do Sul
A Operação América do Sul da Marfrig, que engloba Brasil, Argentina, Uruguai e Chile, registrou receita líquida de R$ 6,5 bilhões na região, avanço de 41,2% na comparação anual.
A empresa destaca que o desempenho é consequência do maior preço médio total de vendas em 27,2% e no aumento do preço médio de exportações, que, mesmo medido em dólares, avançou 37,1% entre os períodos.
"Os indicadores mostram sinais de recuperação do mercado, tanto em volume quanto em preços", afirma o CEO da América do Sul, Miguel Gularte. "Estamos preparados para capturar todas as oportunidades que surgirem no cenário", ressaltou.
O Ebitda ajustado do segmento avançou 94,9%, de R$ 211 milhões para R$ 410,5 milhões. A margem subiu 175 pontos-base na mesma base comparativa, para 6,4%.
O que o mercado pensa sobre o balanço da Marfrig?
Para os analistas da XP, a Marfrig apresentou mais um trimestre forte, com destaque para o recorde de lucro da unidade da América do Norte, enquanto mostrou recuperação significativa na América do Sul.
"Os resultados consolidados ficaram em linha com nossas estimativas, uma vez que a empresa apresentou receita líquida de R$ 22,3 bilhões e Ebtida ajustado de R$ 2,7 bilhões, com preços e volumes mais altos impulsionados pela demanda resiliente mais do que compensando os maiores custos, tanto na América do Norte quanto na América do Sul. O lucro líquido diminuiu 61%, por conta da marcação à mercado das ações da BRF e resultados sem efeito caixa ".
XP, em relatório sobre os resultados da Marfrig
Olhando para frente, os especialistas da casa de análise projetam uma acomodação das margens nos Estados Unidos e um cenário desafiador na América do Sul, considerando a deterioração do cenário macro.
"No entanto, continuamos otimistas com a capacidade da empresa de navegar em águas tão turbulentas. Então reiteramos nossa recomendação de compra com preço-alvo de R$ 34,80 por ação", destacam.
Leia mais
Selic em 12,75% vai permitir retorno acima de 1% ao mês na renda fixa (maisretorno.com)
Selic: mercado espera 12,75%, mas diverge sobre novos aumentos (maisretorno.com)
Bolsa recua em dia de decisão monetária no Brasil e EUA; dólar sobe (maisretorno.com)
Carteira de maio tem a Vale como a mais recomendada pelas casas (maisretorno.com)