KPMG: investimento em venture capital no Brasil cai pela metade no primeiro trimestre de 2022

Após obter um recorde de US$ 3 bilhões no terceiro trimestre, o investimento em venture capital caiu para US$ 1,5 bilhão no Brasil no primeiro trimestre de 2022, segundo a pesquisa Venture Pulse Q1 2022 produzido pela KPMG e divulgado recentemente pela consultoria.

Apesar disso, segundo o estudo, esse foi o período com o terceiro maior nível de investimento neste mercado que o País já registrou, apontando que o mercado segue forte se comparado com tendências históricas.

“Embora o investimento total em venture capital continue forte, o número de negócios caiu consideravelmente em função de incertezas globais decorrentes de fatores geopolíticos e econômicos. Além da guerra na Ucrânia, a inflação, as taxas crescentes de juros, a turbulência no mercado de capitais e os desafios na cadeia de suprimentos contribuíram para a desaceleração desse mercado”.

Diogo Garcia, sócio-diretor líder de emerging giants da KPMG no Brasil

Já no ecossistema de startups, a capacidade de escalar sempre foi e continuará sendo importante na busca por capital, destaca Jubran Coelho, sócio-líder de private enterprise da KPMG no Brasil

"Com os juros em novos patamares, que há muito tempo não se viam no Brasil, a cobrança por retorno certamente começa a pesar um pouco mais na conta dos pitches”, ressalta.

Investimento global também recua

O investimento global em venture capital caiu 24,5% no primeiro trimestre de 2022 – de US$ 191,9 bilhões no quarto trimestre de 2022 para US$ 144,8 bilhões, segundo dados da pesquisa

Desse montante, os Estados Unidos responderam por US$ US＄ 70,7 bilhões desses investimentos no primeiro trimestre de 2022, contra US＄ 95,4 bilhões nos três meses imediatamente anteriores.

Na Ásia, a queda foi de US$ 55,2 bilhões para US$ 32,6 bilhões entre os trimestres analisados pela KPMG.

A pesquisa da KPMG destacou ainda que a Europa registrou um leve aumento nesses investimentos no primeiro trimestre de 2022, atraindo US＄ 31,7 bilhões contra US＄ 31,5 bilhões em 2.705 negócios no quarto trimestre de 2021.

Empresas de sete países atraíram os dez maiores negócios neste trimestre, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Índia, China, Turquia e Estônia.

“Os mercados de capitais em todo o mundo apresentaram um início de ano turbulento, o que inviabilizou a maioria das operações de IPO e a reciclagem de capital de gestores em geral. Entretanto, o montante de capital disponível nos fundos é significativo e a quantidade de boas oportunidades de negócios no país é grande”.

Rodrigo Guedes, líder de assessoria em mercados de capitais da KPMG no Brasil

Investimento deve permanecer estável em 2022

Apesar da incerteza significativa que assola o mercado global de venture capital, a publicação da KPMG destaca ainda que a expectativa é que o investimento em venture capital permaneça relativamente estável no segundo trimestre de 2022 considerando uma quantidade significativa de dry powder - volume disponível para investimentos.

“Os investidores desse mercado provavelmente continuarão cautelosos e estarão concentrados em empresas mais maduras, o que pode preocupar startups que procuram financiamento pela primeira vez ou estão nos estágios iniciais de crescimento”, conclui a KPMG.

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