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Juros alto
Economia

Juros vão continuar elevados e por mais tempo nos EUA; como isso pode afetar o Brasil e o seu bolso?

Volatilidade mais acentuada é um dos efeitos, segundo economista da Rico

Data de publicação:29/08/2022 às 05:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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Mais do que o andamento do processo eleitoral no Brasil, o mercado se pautou muito mais pelos eventos econômicos nos Estados Unidos nos últimos dias. Além da divulgação de vários dados econômicos - como inflação e PIB - o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) realizou o simpósio anual de Jackson Hole, evento que reuniu a nata dos banqueiros centrais.

Um dos momentos mais aguardados foi o discurso do presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, que seguiu com uma postura mais dura sobre o ciclo de aperto monetário para trazer a inflação para a meta de 2%. Powell já avisou que isso vai acarretar um período de baixo crescimento para a maior economia do mundo, com reflexos em outros países. Um recuo dos indicadores inflacionários em julho não foi suficiente para o Fed rever sua postura.

Powell
Powell se manteve firme na postura dura de aumentar os juros para trazer a inflação para a meta de 2% - Foto: Reprodução

" Meu foco se estreita na minha mensagem de que estamos direcionando o foco abrangente do Comitê Federal de Mercado Aberto agora para trazer a inflação de volta a 2%", disse.

"Sem estabilidade de preços na economia não funciona para ninguém em particular, sem estabilidade de preços não alcançaremos um período sustentado de condições de mercado de trabalho fortes", ressaltou.

Jerome Powell, durante o simpósio de Jackson Hole

O que isso significa para o Brasil?

Trazendo esse cenário para o Brasil, a questão é: quais serão os reflexos da continuidade de um ciclo monetário apertado americano para o País?

Rachel Sá, chefe de economia da Rico Investimentos, aponta que um dos primeiros efeitos já está sendo sentido, que é uma volatilidade mais acentuada no mercado financeiro, não somente para o Brasil, como no mundo todo.

"Primeiro, porque juros mais altos significam maiores custos de financiamento no longo prazo para empresas, além da redução do preço considerado justo para ações, especialmente de empresas com grande parte do seu crescimento esperado no futuro".

Rachel Sá, da Rico

Além disso, o receio de que o processo de alta de juros acabe levando a maior economia do mundo para uma recessão tem ganhado força. "Afinal, juros mais altos têm o objetivo de frear a inflação, mas o efeito colateral é um freio na própria economia", destacou Sá.

Menor liquidez

O aumento dos juros americanos se traduz em menor liquidez para o mercado brasileiro. "Para um país onde mais de 50% dos investidores na Bolsa são estrangeiros, a situação fica mais desafiadora".

Em um contexto marcado pela incerteza, a economista destaca que os investidores ficam mais avessos ao risco, se afastando de investimentos mais arriscados - como é o caso de países emergentes, incluindo o Brasil - e afetando moedas como o real, que perdem valor com a saída de capital estrangeiro.

Isso ocorre devido à redução do diferencial de juros, de acordo com Sá, que é uma comparação de quanto um investidor ganharia investindo aqui no Brasil – considerando a taxa básica de juros local como base para retornos – e quanto ganharia tendo como referência a taxa básica de juros dos EUA, onde o risco é considerado um dos menores do mundo.

"Em bom português: com juros maiores lá, investidores pensam um pouco mais sobre investir aqui ou em outros países emergentes, onde o risco é maior".

Desvalorização cambial e inflação

Com a atração de capital voltada para os Estados Unidos, as moedas mundiais se desvalorizam, incluindo o real brasileiro.

O dólar passou a ficar mais forte após as sinalizações do Fed, de acordo com a economista da Rico, "com destaque para os países emergentes, que sofrem também com a recente perda de força das commodities, e são considerados mais arriscados, ampliando o efeito".

De acordo com Sá, a desvalorização do real impacta a inflação no País, "já que precisamos de 'mais reais' para comprar produtos em dólares, como farinha de trigo".

"Deste modo, o rumo dos juros nos EUA também impacta o rumo dos nossos juros aqui", ressalta.

Juros: remédio amargo contra a inflação

Com a inflação atingindo patamares históricos globalmente, os principais BCs do mundo mudaram de caminho, reduzindo estímulos à economia com o objetivo de esfriar a atividade econômica e, com isso, tirar a pressão dos preços de bens e serviços.

O Brasil foi o primeiro país a puxar a fila dessa estratégia, levando a taxa Selic de 2% a 13,75% ao ano em menos de 18 meses. Já nos Estados Unidos, o ciclo de aperto monetário ganhou força no começo deste ano, amparado principalmente pelos efeitos da guerra na Ucrânia e a intensificação dos lockdowns na China.

"Isso deixou claro que os preços altos de insumos básicos, como alimentos e petróleo, não cederiam tão cedo"

Rachel de Sá, no relatório da Rico

Ao mesmo tempo em que estava com a inflação em alta, a economia americana mostrava sinais de superaquecimento. Com esse quadro, o Fed começou a subir a taxa básica de juros, que estava no patamar entre 0% e 0,25% durante a pandemia, e já atingiu 2,25% e 2,50% ao ano.

Para a economista da Rico, com a desaceleração recente da inflação e a economia já mostrando os primeiros sinais de perda de força, a expectativa é de que os juros básicos nos EUA subam ainda mais em 2022, chegando a 3,25% ao ano, "e sigam nesse patamar por algum tempo".

No simpósio de Jackson Hole, na última sexta-feira, Powell afirmou que o compromisso com a estabilidade de preços nos EUA é "incondicional".

Apesar de destacar que a disparada na inflação reflete um cenário de demanda elevada e oferta restrita, o presidente do Fed enfatizou que nada atenua a responsabilidade da autoridade de alcançar a estabilidade de preços.

James Bullard, presidente da distrital de St.Louis, fez coro com Powell e disse que o ritmo do aperto monetário é importante, mas destacou que seria prudente antecipar os aumentos de juros para elevar a taxa básica a um patamar "defensável", entre 3,75% e 4,00% até o fim deste ano.

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