Economia

Inflação avança 1,62% em março, atinge maior patamar em 28 anos e soma 11,30% nos últimos 12 meses, aponta IBGE

Resultado mensal foi o maior para o mês desde 1994, antes da implantação do Plano Real

Data de publicação:08/04/2022 às 10:16 - Atualizado um ano atrás
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A inflação de março, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 1,62% em março, ante 1,01% em fevereiro, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 8.

No ano, o indicador acumula alta de 3,20% e, nos últimos 12 meses, de 11,30%, acima dos 10,54% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Para o mês de março, esse foi o maior resultado desde 1994 – 42,75% - antes da implantação do Plano Real.

Inflação sobe 1,62% em março, acima da projeção do mercado de 1,3%, atingindo maior patamar para o mês desde o Plano Real - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O avanço da inflação mensal vem de encontro às estimativas dos economistas de um IPCA mais acentuado em 2022. Segundo o último Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, a projeção para o indicador deste ano subiu de 6,59% para 6,86%. O objetivo a ser perseguido pelo BC em 2022 é de 3,50%, com tolerância de 2,0% a 5,0%.

Principais impactos: combustíveis

No período, de acordo com o IBGE, os principais impactos na alta da inflação vieram dos grupos de transportes (3,02%) e de alimentação e bebidas (2,42%), que, juntos, contribuíram com cerca de 72% do índice de março.

Em transportes, a alta foi puxada, principalmente, pelo aumento nos preços dos combustíveis (6,70%), com destaque para gasolina (6,95%), que teve o maior impacto individual (0,44 p.p.) no indicador geral.

“Tivemos um reajuste de 18,77% no preço médio da gasolina vendida pela Petrobras para as distribuidoras, no dia 11 de março. Houve também altas nos preços do gás veicular (5,29%), do etanol (3,02%) e do óleo diesel (13,65%). Além dos combustíveis, outros componentes ajudam a explicar a alta nesse grupo, como o transporte por aplicativo (7,98%) e o conserto de automóvel (1,47%). Nos transportes públicos, tivemos também reajustes nas passagens dos ônibus urbanos em Curitiba, São Luís, Recife e Belém”.

Pedro Kislanov, gerente do IPCA

Alimentos e bebidas

No grupo dos alimentos e bebidas, a alta de 2,42% decorre, principalmente, dos preços dos alimentos para consumo no domicílio (3,09%).

“Foi uma alta disseminada nos preços. Vários alimentos sofreram uma pressão inflacionária. Isso aconteceu por questões específicas de cada alimento, principalmente fatores climáticos, mas também está relacionado ao custo do frete. O aumento nos preços dos combustíveis acaba refletindo em outros produtos da economia, entre eles, os alimentos”.

Pedro Kislanov

Alta em habitação

O grupo habitação (1,15%) teve aumento por conta do gás de botijão (6,57%), cujos preços subiram devido ao reajuste de 16,06% no preço médio de venda para as distribuidoras, em março.

A alta de 1,08% da energia elétrica também contribuiu para o resultado do grupo, principalmente por causa do reajustes de 15,58% e 17,30% nas tarifas de duas concessionárias de energia no Rio de Janeiro.

Alta em todas as regiões pesquisadas

O levantamento do IBGE apontou que todas as áreas pesquisadas tiveram alta em março. A maior variação ocorreu na região metropolitana de Curitiba (2,40%), onde pesaram as altas da gasolina (11,55%), do etanol (8,65%) e do ônibus urbano (20,22%). Já a menor variação foi registrada no município de Rio Branco (1,35%), onde houve queda nos preços das passagens aéreas (-11,33%) e do frango inteiro (-2,10%).

INPC foi de 1,71% em março

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 1,71% em março, acima do resultado do mês anterior (1,00%). Essa é a maior variação para um mês de março desde 1994, quando o índice foi de 43,08%. O INPC acumula alta de 3,42% no ano e 11,73% nos últimos 12 meses, acima dos 10,80% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

O que pensa o mercado sobre a inflação de março?

Para Fabiano Braun, private banker e sócio da Matriz Capital, o IPCA de março subiu além do esperado – mediana positiva de 1,3% - o que deve gerar uma maior pressão para o aumento da Selic, taxa básica de juros, que atualmente está em 11,75% ao ano. De acordo com o Focus, os economistas projetaram o indicador a 13% ao ano para o fim de 2022.

Braun destaca ainda que o ministro Paulo Guedes anunciou na véspera que a conta de luz dos brasileiros vai cair 18% no próximo mês, “sem ‘canetada’ e sem impor riscos financeiros às empresas do setor, o que pode ajudar a trazer um pouco de alívio para a inflação.

Fábio Astrauskas, economista da Siegen, ressalta que a persistente inflação em alta, combinada com a queda de renda do trabalhador, traz um cenário de recessão para o mercado. "Isso impacta na confiança do investidor e, portanto, perda de apetite na Bolsa".

Sobre o autor
Julia ZilligA Mais Retorno é um portal completo sobre o mercado financeiro, com notícias diárias sobre tudo o que acontece na economia, nos investimentos e no mundo. Além de produzir colunas semanais, termos sobre o mercado e disponibilizar uma ferramenta exclusiva sobre os fundos de investimentos, com mais de 35 mil opções é possível realizar analises detalhadas através de índices, indicadores, rentabilidade histórica, composição do fundo, quantidade de cotistas e muito mais!