Mercado reage com aprovação aos indicados à Petrobras
José Mauro Coelho e Marcio Weber são alinhados com o governo e defensores da atual política de preços da estatal
Os nomes indicados pelo governo para os principais cargos da Petrobras foram bem recebidos pelo mercado financeiro, que respirou aliviado na véspera, depois de o governo indicar para a presidência da empresa José Mauro Coelho, ex-secretário do Ministério de Minas e Energia (MME), e para a presidência do conselho de administração o conselheiro Marcio Weber, ex-diretor da Petroserv.
Ambos executivos estão alinhados com o governo e são defensores da atual política de preços da estatal. Na Bolsa, tanto os papéis preferenciais quanto os ordinários da Petrobras subiram mais do que 5%, confirmando a aprovação dos novos nomes, que terão de passar pela Assembleia-Geral Ordinária da estatal, na próxima quarta, 13.
Além de técnicos e conhecedores do setor de petróleo e gás, a percepção é de que os escolhidos não terão tempo de alterar as regras do jogo, ou seja, a política de preços dos combustíveis da companhia, de paridade com o preço de importação (PPI), e que se tornou a maior dor de cabeça para a reeleição do presidente Bolsonaro.
"São nomes que parecem atender aos requisitos técnicos da Lei das Estatais e também o estatuto da própria empresa, além de terem experiência no setor".
Gabriel Brasil, analista de riscos políticos do escritório Cone-Sul da consultoria Control Risks
Perfil técnico dos escolhidos agradou
A indicação de José Mauro Coelho para a presidência e de Marcio Weber para o conselho de administração da Petrobras significa a escolha por decisões técnicas, na avaliação de analistas.
O consultor João Frota, da Senso Investimentos, diz que ambos estão alinhados com as práticas de boa governança da companhia e agradam ao mercado por afastar o viés político de decisões, sobretudo na questão da paridade internacional de preços.
"A eleição se aproxima, e esses nomes devem perdurar até completar esse ciclo. Ou seja, não vão inventar moda nesta altura do campeonato. O contraponto é que se trata da terceira gestão em apenas um mandato de governo (Bolsonaro), o que não é bom, principalmente em uma empresa com o porte da Petrobras".
João Frota, da Senso Investimentos
Para Carlos Castrucci, sócio-fundador da HOA Asset Management, Coelho e Weber tendem a manter a companhia no rumo que ela vem trilhando desde o mandato de Pedro Parente, que implantou a atual política de preços de paridade com a importação.
Desafios
O Itaú BBA também considerou positivas as indicações, mas pondera que a companhia deve continuar enfrentando desafios no contexto de preços elevados do petróleo.
Também o analista Pedro Galdi, da Mirae Asset, prevê que os novos dirigentes devem manter a política de preços e dar continuidade à estratégia de desinvestimentos.
Após as indicações, o UBS BB reiterou sua visão positiva para a Petrobras. "Acreditamos que as nomeações e o processo destacam a governança da empresa e independência e reiteramos nossa visão positiva sobre a Petrobras, vendo o risco fortemente inclinado para o lado positivo, com rendimentos de dividendos trimestrais de 5% a 7%", destacam em relatório do UBS os analistas Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos.
O Bradesco BBI observa que até as eleições haverá pouco tempo para tentar implementar quaisquer mudanças na política de preços.
O analista Ilan Arbertman, da Ativa Investimentos, destaca que, "além de perfil técnico, o indicado para a presidência da Petrobras, José Mauro Coelho, dispõe de boa interlocução com o Executivo, detendo bom relacionamento com o ministro Bento Albuquerque (de Minas e Energia)".
Ele considerou o desfecho "o melhor dos mundos", por ser simples e não ameaçar a política de preços da companhia. / com Agência Estado