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Mercado Financeiro

Humor do mercado azedou de vez com incertezas fiscais e com a inflação

Dívida de R$ 90 bilhões com precatórios alimenta a preocupação dos investidores

Data de publicação:13/08/2021 às 05:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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O humor do mercado financeiro parece ter azedado de vez diante de um cenário em que crescem as incertezas fiscais e pioram as expectativas de inflação. O mal-estar dos investidores ficou estampado na véspera na queda mais forte da Bolsa de Valores e na nova alta do dólar.

Foto: Envato
Pagamento de precatórios e aumento do Bolsa Família ameaçam as contas públicas e azeda o humor do mercado financeiro - Foto: Envato

As preocupações com o rumo das contas públicas aumentam com os debates sobre como o governo vai lidar com os precatórios (dívidas decorrentes de decisões judiciais). Uma conta de R$ 90 bilhões que o governo tem com vários tipos de credores e terá de quitar no próximo ano, sob o risco de cometer crime de responsabilidade fiscal.

Enquanto procura uma fonte de recursos para pagar essa conta, uma ala do governo, tendo à frente o presidente Bolsonaro, tenta emplacar um aumento de pelo menos 50% no valor do Bolsa Família, que será substituído pelo Auxílio Brasil.

Uma nova marca do programa social do governo com um valor mais elevado que, para o mercado, reforçam as preocupações com o compromisso de equilíbrio das contas públicas.

As incertezas fiscais alimentadas pela perspectiva de que as despesas adicionais do governo venham a ultrapassar a linha do teto de gastos são um dos fatores que têm contribuído para as seguidas revisões também nas expectativas de inflação e de taxa básica de juros, a Selic.

Mercado reavalia projeções

Pessimista, o mercado já estima um piso de 7% para o juro básico no fim do atual ciclo de ajustes, uma estimativa que foi fortalecida após a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que subiu um ponto porcentual a Selic.

Especialistas afirmam que as dúvidas sobre o controle das contas públicas só fazem endurecer a política monetária do Banco Central, o que se traduz em juros mais elevados. E, à medida que o juro sobe, o investidor se sente com menos apetite por ações, preferindo a proteção do patrimônio no mercado de renda fixa ou no dólar.

Com a queda do dia anterior, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, passou a transitar em terreno negativo, com desvalorização de 0,90% no mês, até o momento. O dólar acumula valorização de 0,96%.

Um evento que tende atrair a atenção do mercado financeiro nesta sexta-feira é a divulgação, pelo Banco Central, do Ibc-Br de junho. O anúncio está previsto para as 9h e o indicador, considerado uma prévia da evolução do PIB, está estimado pelo mercado ao redor de 1,15%.

PEC dos precatórios: irregularidades

A proposta do governo para parcelar dívidas judiciais e abrir espaço no Orçamento em ano eleitoral chegou ao Congresso crivada de críticas.

De um lado, advogados veem trechos que afrontam a Constituição e já foram alvo de debate no Supremo Tribunal Federal (STF).

De outro, a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, um dos principais órgãos de vigilância das contas públicas, alerta que a medida abre caminho a um "orçamento paralelo" e piora a percepção de risco fiscal sobre o Brasil.

O governo apresentou a PEC como solução para a fatura de R$ 89,1 bilhões em precatórios (valores devidos após sentença definitiva), prevista para 2022.

Sob o argumento de imprevisibilidade desse gasto, que cresceu 61% em relação a este ano, a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, quer permitir o pagamento de parte dessas dívidas em até dez anos.

Para evitar uma "bola de neve", o governo propôs um fundo de liquidação de passivos, com recursos de venda de imóveis, privatizações, dividendos de estatais e partilha de recursos de petróleo do pré-sal.

O diretor-executivo da IFI, Felipe Salto, afirma que a PEC é um "combo antirresponsabilidade fiscal" ao flexibilizar regras fiscais, parcelar despesa obrigatória, criar um fundo paralelo ao Orçamento e evidenciar o "tiro n’água" que foi a PEC emergencial, que prometia ajustar as contas quando as despesas obrigatórias chegassem ao nível crítico de 95% do total, o que não aconteceu nem mesmo com os precatórios.

CPI da Covid: Barros na mira

Na véspera, após encerrar reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o presidente do colegiado, senador Omar Aziz, voltou a criticar o líder do governo, Ricardo Barros por suas declarações durante seu depoimento.

"O tucunaré morre pela boca", disse Aziz, que junto com o relator da comissão, Renan Calheiros, reafirmou que o líder do governo será chamado novamente à CPI, dessa vez como convocado.

Declarações de Barros de que os trabalhos da CPI estariam afastando empresas vendedoras de vacina do Brasil foi o que desencadeou a reação do comando do colegiado. "Convocação a gente faz para quem a gente perde o respeito, para quem desrespeita a comissão", disse Aziz.

"O gran finale dele foi querer fazer uma narrativa que a CPI está atrapalhando a compra de vacinas. A própria empresa chinesa já desmentiu, em dois minutos depois que ele falou já foi desmentido", afirmou o presidente da comissão.

O vice-presidente de Negócios Internacionais da farmacêutica chinesa CanSino, Pierre Morgon, negou as declarações de Barros de que os trabalhos da CPI estariam afastando empresas como a dele de fazer negócios com o País.

Segundo Morgon, a empresa continua interessada nas negociações com o Brasil, e ela decidiu trocar a empresa representante do laboratório no país por questões de compliance.

Em críticas ao líder do governo, Aziz afirmou que Barros já está no radar de todo mundo que vende vacina por intermediação. "Fora os outros crimes que ele cometeu em relação à imunização de rebanho, em relação ao negacionismo", afirmou o presidente do colegiado.

NY: futuros estáveis

Em Nova York, os contratos futuros negociados nas bolsas de Nova York operam estáveis com os investidores de olho no avanço da inflação e da variante delta do coronavírus pelo mundo.

O pano de fundo global é suficiente para que alguns estrategistas prevejam uma estabilidade inflacionária, conforme se confirma os dados de recuperação econômica.

Os últimos dados dos Estados Unidos mostraram que os preços pagos aos produtores subiram em julho, sugerindo que os custos mais altos de commodities e os gargalos de oferta ainda estão aumentando as pressões inflacionárias para as empresas.

Os pedidos iniciais de desemprego caíram pela terceira semana e os preços das casas aumentaram para um novo recorde.

Bolsas asiáticas fecham em queda

Os mercados acionários da Ásia tiveram um pregão negativo nesta sexta-feira, embora as quedas em Tóquio e Xangai tenham sido modestas. A Bolsa de Seul seguiu em foco, na sétima baixa consecutiva, diante dos temores com o avanço da covid-19 na Coreia do Sul.

Na Bolsa de Tóquio, o índice Nikkei fechou em baixa de 0,14%, aos 27.977,15 pontos. Recuos em ações do setor de energia e de companhias aéreas provocaram o quadro negativo, mesmo com alguns ganhos em siderúrgicas.

Na China, a Bolsa de Xangai terminou em queda de 0,24%, aos 3.516,30 pontos, e a de Shenzhen, de menor abrangência, caiu 0,39%, aos 2.583,20 pontos. Ações de companhias de eletrônicos e tecnologia da informação estiveram pressionadas, enquanto algumas petroquímicas subiram.

Na Bolsa de Seul, o índice Kospi fechou em baixa de 1,16%, aos 3.171,29 pontos, na sétima queda consecutiva e na maior queda semanal do índice em seis meses.

Temores persistentes com a covid-19 na Coreia do Sul pressionam a bolsa local, diante do avanço da variante delta pelo país. A cautela com a perspectiva para os preços de semicondutores também prejudica o sentimento, levando estrangeiros a vender papéis.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng teve queda de 0,48%, aos 26.391,62 pontos. Ações de tecnologia e incorporadoras estiveram em território negativo. Em Taiwan, o índice Taiex teve recuo de 1,38%, aos 16.982,11 pontos.

Na Oceania, o índice S&P/ASX 200 destoou do quadro na Ásia e teve alta de 0,54%, em 7.628,90 pontos, no quarto recorde consecutivo de fechamento da Bolsa de Sydney. A maioria dos setores exibiu ganhos, puxados por saúde, consumo, concessionárias e tecnologia. / com Júlia Zillig e Agência Estado

Sobre o autor
Tom Morooka
Colaborador do Portal Mais Retorno.

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