Bolsa fecha em queda e volta ao patamar dos 120 mil pontos com cenário doméstico; dólar sobe a R$ 5,25
Investidores seguem atentos aos acontecimentos que mexem com o cenário fiscal e político do País
A Bolsa fechou em queda de 1,11% nesta quinta-feira, 12, aos 120.700,98 pontos. A última vez que o Ibovespa fechou no patamar dos 120 mil pontos foi no pregão de 13 de maio, há três meses.
O dia foi marcado pela tensão nos cenários político e fiscal do País, que afetou o mercado e puxou o índice para baixo. Com destaque para as ações dos bancos, que juntas respondem por cerca de 17% da carteira teórica da B3. Além disso, hoje muitas empresas com papeis negociados em pegão tiveram quedas acentuadas após a divulgação dos balanços corporativos trimestrais.
Em relação ao risco fiscal, Paulo Guedes, ministro da economia, sinalizou que o governo não tem condições de pagar o valor de R$ 90 bilhões de precatórios previstos para o próximo ano, sob o risco de cometer crime de responsabilidade fiscal.
Com mais lenha na fogueira, o presidente Jair Bolsonaro pretende aprovar um aumento de 50% para o Bolsa Família, no novo projeto de renda Auxílio Brasil, o que tende a pressionar os gastos, aumentando as preocupações do mercado.
"Em mais um pregão de alta dos DIs por conta das indefinições com relação ao fiscal - com a curva de juros precificando a Selic ligeiramente acima de 8% no ano que vem - o Ibovespa recuou mais de 1% com destaque negativo para as ações da B3, após mudanças sobre uma dívida bilionária", explica Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou em evento que "o Brasil tem uma dívida muito elevada", com o mercado sendo sensível a qualquer notícia que possa afetar a trajetória fiscal.
Neste cenário de incertezas, as ações dos bancos caíram. Itaú, Bradesco e Santander registraram queda de 1,87%, 1,41% e 0,55%, respectivamente.
Sobe e desce da B3
Nesta quinta-feira, após trafegar em queda, as ações da Petrobras mudaram o sinal e fecharam em alta de 1,50%. Mesmo assim, não foi o suficiente para manter o Ibovespa no azul.
Com a queda do preço do minério de ferro, as siderúrgicas fecharam no negativo. Vale, CSN, Usiminas e Gerdau reportaram desvalorização de 0,06%, 1,09%, 1,41% e 1,37%, na sequência.
Após a divulgação de seus números trimestrais na noite do dia anterior, a Ultrapar, B3, Via (antiga Via Varejo) e JBS também ficaram no vermelho na Bolsa. As ações da Ultrapar lideraram as quedas do dia, com forte recuo de 12,33%. Via, B3 e JBS caíram 7,30%, 7,71% e 5,85%.
A Qualicorp contabilizou mais um dia de desvalorização de seus papéis. Na véspera, as ações caíram mais de 15% e hoje registraram recuo de 4,68%. Nesta manha, a companhia anunciou a compra do grupo Elo por R$ 129,5 milhões.
Depois de apresentar seus números do segundo trimestre, que apontaram um crescimento de 439% no lucro líquido no período - R$ 2,5 bilhões - as ações da Eletrobras mudaram de sinal e caíram 1,98%, acompanhando o mau humor do mercado.
Ainda hoje, após o fechamento do mercado, serão divulgados os números do período do Magazine Luiza, Lojas Renner, BRF, Cyrela, entre outras.
Dólar estável
O dólar fechou em alta de 0,67% nesta quinta-feira, cotado a R$ 5,255. O ajuste de alta frente ao real acompanha o fortalecimento do dólar ante outras divisas emergentes.
Reforma do IR: votação adiada
Empresários, representantes do mercado financeiro, governadores e prefeitos fizeram uma articulação bem-sucedida na Câmara para barrar a votação da proposta de reforma do IR, que faz parte da reforma tributária. Foram tantas manifestações ao longo do dia que o presidente da Câmara, Arthur Lira, adiou a votação do projeto.
No lugar, Lira colocou em discussão a reforma eleitoral. Não foi definida uma data para que o texto do IR seja analisado pelos deputados.
A pressão de última hora pegou o presidente da Câmara de surpresa - ele considerava que o projeto já estava "azeitado". O novo parecer não modificou a proposta do governo para o IRPF (pessoa física), que ainda prevê aumento da faixa de isenção e limite para o uso de declaração simplificada.
CPI da Covid: Ricardo Barros
O colegiado da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado ouve o líder do governador na Câmara, Ricardo Barros, que foi convidado ao invés de intimado pelo presidente da comissão, Omar Aziz, a dar seu depoimento.
Barros é acusado de atuar no favorecimento de contratos no Ministério da Saúde sob suspeitas. O parlamentar foi citado pelo deputado Luís Miranda (DEM-DF) como envolvido em suposto esquema de propina para a compra de vacinas contra a covid-19.
Na véspera, a comissão colheu o depoimento do diretor-executivo da Vitamedic, Jailton Batista, uma das fabricantes da ivermectina no Brasil.
A comissão decidiu que ainda convocará o dono da companhia, José Alves, para falar sobre os ganhos com a venda do medicamento durante a pandemia. O remédio não tem eficácia comprovada contra a doença e o uso foi incentivado pelo presidente Jair Bolsonaro.
NY: bolsas em alta
No ambiente externo, os contratos negociados nas bolsas de Nova York fecharam em alta, com os investidores repercutindo dados econômicos divulgados durante a manhã. O índice S&P 500 subiu 0,30%, Dow Jones valorizou 0,04% e Nasdaq 100 registrou avanço de 0,41%.
O número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos teve queda de 12 mil na semana encerrada em 7 de agosto, a 375 mil, segundo dados com ajustes sazonais publicados pelo Departamento do Trabalho americano.
O resultado da semana passada veio em linha com a expectativa dos analistas. O total da semana anterior foi revisado para cima, de 385 mil para 387 mil pedidos.
O número de pedidos continuados, por sua vez, apresentou recuo de 112,8 mil na semana encerrada em 31 de julho, a 2,817 milhões. Esse indicador é sempre divulgado com uma semana de atraso.
Outro comunicado importante foi o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) do país, que registrou alta de 1,0% em julho na comparação com junho, após ajustes sazonais, informou nesta quinta-feira, 12, o Departamento do Trabalho. Analistas previam um crescimento menor, de 0,6%.
O núcleo do PPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, também subiu 1,0% na mesma comparação. A expectativa, nesse caso, era de alta de 0,5%.
O índice cheio do PPI repetiu assim a alta de 1,0% vista em junho. O PPI teve em julho avanço de 7,8% na comparação anual, a alta mais forte em 12 meses desde que essa série histórica começou, em novembro de 2010, aponta o relatório.
Bolsas asiáticas fecham em queda
Os mercados acionários da Ásia terminaram o pregão desta quinta-feira em queda, 12. As baixas foram em geral modestas, mas a Bolsa de Seul registrou a sexta queda consecutiva, ante temores sobre o impacto da variante delta da covid-19 na atividade da Coreia do Sul. Já na Oceania, a Bolsa de Sydney renovou recorde histórico de fechamento, ao registrar alta modesta.
Na Bolsa de Tóquio, o índice Nikkei recuou 0,20%, aos 28.015,02 pontos. A praça japonesa chegou a subir, mas perdeu fôlego durante o pregão, com ações de operadoras de ferrovias e do setor de eletrônico ofuscando os ganhos do setor financeiro
Na China, a Bolsa de Xangai registrou baixa de 0,22%, aos 3.524,74 pontos, e a de Shenzhen, de menor abrangência, caiu 0,35%, aos 2.593,26 pontos. Papéis relacionados ao consumo puxaram o movimento, entre eles de companhias de bebidas alcoólicas, enquanto o setor automotivo subiu.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng recuou 0,53%, asod 26.517,82 pontos. Ações de tecnologia e seguradoras tiveram sinal negativo.
Na Coreia do Sul, o índice Kospi terminou em queda de 0,38% na Bolsa de Seul, aos 3.208,38 pontos, na sexta queda consecutiva, em meio a preocupações com os impactos negativos na atividade da variante delta da covid-19 no país. Em Taiwan, o índice Taiex registrou baixa de 0,04%, aos 17.219,94 pontos.
Na Oceania, o índice S&P/ASX 200 da Bolsa de Sydney fechou em alta de 0,05%, aos 7.588,20 pontos, o suficiente para novo recorde histórico. / com Tom Morooka e Agência Estado