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Economia

Histórico de recessão no Brasil e no mundo: entenda o que e quando aconteceu

Nem parece que 2020 tinha uma expectativa tão promissora para a economia brasileira. Com a menor taxa de juros da história do país, as manchetes apontavam…

Data de publicação:18/07/2022 às 05:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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Nem parece que 2020 tinha uma expectativa tão promissora para a economia brasileira. Com a menor taxa de juros da história do país, as manchetes apontavam um período promissor para diversos segmentos.

economia
Problemas com a produção na pandemia estão no pano de fundo da crise atual - Foto: Agência Brasil

Desde então, pouco mais de dois anos depois, já enfrentamos uma pandemia, o crescimento acelerado da inflação, desvalorização do real em relação ao dólar e, mais recentemente, a explosão de uma guerra na Europa entre Rússia e Ucrânia.

Em função desse cenário econômico turbulento e desafiador, que também afetou de forma significativa outros países do planeta, as discussões se voltaram para uma eventual recessão. Esse é sempre um bom momento para visitar o passado e compreender como lidar com uma crise. É justamente o que faremos no artigo de hoje.

O que é recessão?

Para começar, é importante explicar que a recessão representa um período em que há uma contração da economia de um país. Isto é, quando o seu PIB (Produto Interno Bruto), que é a representação de tudo que é produzido e consumido, apresenta uma queda por pelo menos dois semestres consecutivos.

Isso acontece, geralmente, como reflexo de um cenário econômico de alta da inflação, que torna tudo mais caro para o consumidor. Por sua vez, as pessoas deixam de ter confiança na economia e passam a poupar mais do que gastar, visando uma proteção financeira, algo que impacta as empresas negativamente.

Esse cenário econômico gera mais consequências. As empresas, ao verificarem uma queda nos níveis de receitas, precisam cortar custos. Isso leva ao aumento do desemprego e, por consequência, à redução da renda familiar. Por sua vez, com menores ganhos mensais, os brasileiros deixam de consumir e a economia despenca.

Esses fatores, em conjunto, representam um cenário de recessão, que também é conhecido popularmente como "crise econômica". Vamos aproveitar para relembrar como foram as últimas recessões econômicas vividas pelo Brasil e pelo mundo na tentativa de se preparar para um novo ambiente de turbulência.

Qual foi a última recessão do Brasil?

Quando falamos sobre mercado financeiro, é bem comum reforçarmos a necessidade de diversificação de ativos — algo que envolve, inclusive, investir de forma global, expondo o seu capital a outros países. Isso acontece por conta do famoso "risco Brasil". Isto é, os desafios especiais que temos por aqui.

Uma das razões para essa preocupação é que o Brasil é um país em desenvolvimento, algo que representa uma maior exposição ao ciclo econômico diante de países mais estáveis, como Estados Unidos, Japão ou Europa, por exemplo.

Outro fator que justifica essa preocupação são as nossas crises políticas e econômicas, com as quais precisamos lidar com uma frequência relativamente alta. Um estudo realizado pelo professor Michael Viriato, por exemplo, indicou que os brasileiros com mais de 50 anos passaram aproximadamente um terço de suas vidas em crises econômicas.

E nem é preciso ser tão experiente para lembrar da nossa última recessão, que ocorreu entre o segundo trimestre de 2014 e se estendeu até o final de 2016. Nesse período, o PIB do Brasil caiu em 8,6%, marcando um momento extremamente desafiador para a nossa população.

O que aconteceu no Brasil entre 2014 e 2016?

Toda crise tem uma origem e, no caso da última recessão brasileira, ela se inicia com uma queda no ciclo das commodities. Como sabemos, o Brasil é um país que tem uma economia voltada para a exportação e, no momento em que os preços caem, isso gera um impacto negativo no PIB nacional e também na entrada de capital estrangeiro.

Na oportunidade, houve também um erro estratégico do governo que exagerou no incentivo, com redução na taxa de juros, e no intervencionismo de preços. Com a elevação do risco-país, os investidores globais passaram a temer o perfil de crédito do governo brasileiro e isso se converteu em problemas locais, iniciando o cenário de recessão econômica.

O ambiente político também foi bastante conturbado no período. A Operação Lava Jato, por exemplo, expôs um grande esquema de corrupção envolvendo uma das maiores empresas brasileiras: a Petrobras. A eleição presidencial de 2014 foi marcada por uma grande polarização entre Dilma Rousseff e Aécio Neves. Pouco depois, entretanto, Dilma acabou sofrendo processo de impeachment, sendo substituída por Michel Temer.

CDI vs. Ibovespa em uma crise econômica

No gráfico abaixo, separamos o período da última recessão prolongada vivida pelo Brasil, desconsiderando o primeiro semestre de 2020, na medida em que ele foi impactado pela pandemia e ainda não podemos considerar essa crise recente como encerrada.

Note como há uma elevação da curva de juros, representada pelo CDI, enquanto que a bolsa de valores do país sofreu bastante no período, representada pelo Ibovespa. Perceba como em 30 de junho de 2016, data marcada no gráfico, a renda fixa se valorizava doze vezes mais do que a renda variável — um resultado típico de recessão econômica.

Gráfico de rentabilidade comparando CDI X Ibovespa | Fonte: Mais Retorno

Mesmo com a recuperação da bolsa na reta final de 2016, como reflexo de uma melhora no cenário econômico do país, ainda não foi suficiente para empatar com o CDI no período. Isso é normal na medida em que, durante uma recessão, o investidor passa a ser mais receoso em relação aos mercados de risco e tende a preferir algo mais seguro, especialmente com a elevação das taxas de juros.

Qual foi a última recessão global?

De forma exclusivamente técnica, isto é, olhando apenas para a queda do PIB global, a última crise econômica ainda está em curso. Estamos falando, afinal, da explosão de uma pandemia que obrigou todo o planeta a adotar medidas de isolamento. Assim como mencionamos para o Brasil, entretanto, trata-se de um evento recente e em curso.

E antes de 2020? Qual foi a grande turbulência enfrentada pela economia mundial? Neste caso, temos que olhar para a grande crise financeira que ocorreu entre 2008 e 2012. Esse período foi batizado como Crise do Subprime, pois esse era o nome de um empréstimo de alto risco imobiliário.

O que aconteceu nos Estados Unidos em 2008? 

Um pouco antes da explosão do problema, a economia global vivia um momento muito positivo. Na expectativa de surfar essa onda, muitos bancos passaram a relaxar a análise de crédito e financiar imóveis sem quaisquer garantias de pagamento. Quando a economia se deteriorou, com aumento de desemprego, muitos títulos se tornaram inadimplentes.

Com a falta de pagamento desses títulos em grande volume, muitos bancos sofreram para manter a sua saúde financeira. O caso mais emblemático foi o gigantesco Lehman Brothers, uma das cinco maiores instituições financeiras americanas, que não resistiu aos efeitos da crise e acabou falindo.

Ibovespa vs. S&P 500 durante a Crise de 2008

Por ser considerada como a principal economia global, a crise nos Estados Unidos acabou afetando todos os países do mundo. No Brasil, a queda do Ibovespa, o nosso principal índice acionário, chegou a bater 43%. O gráfico abaixo ilustra um pouco desse período turbulento, comprando três ativos: S&P 500 (principal índice de ações americanas), Ibovespa e dólar.

Gráfico de rentabilidade com comparação entre S&P x Ibovespa e Dólar | Fonte: Mais Retorno

Perceba como, no momento da explosão da Crise de 2008, há um efeito negativo muito claro nas bolsas de valores. Por outro lado, o dólar apresenta uma forte valorização que é esperada em períodos desafiadores. Esse movimento é chamado de Fly to Quality (voo para a qualidade), marcado pela busca de economias confiáveis.

O ponto mais curioso da Crise do Subprime é que o seu centro foi justamente a principal economia global. Isto é, os Estados Unidos. Portanto, veja como a nossa bolsa apresenta uma recuperação mais rápida do que a bolsa americana, algo raro no mercado financeiro. Além disso, o dólar, após um momento inicial de alta, tem uma queda significativa em função do receio com o futuro da economia global.

Gostou de conhecer um pouco mais sobre as crises econômicas? Feliz ou infelizmente, a história financeira é cíclica e sempre vamos lidar com momentos de bonanças alternados com outros de crise. É importante compreender isso para não se empolgar em um ciclo otimista, nem se desesperar diante de uma recessão.

Sobre o autor
Stéfano Bozza
Formado em Administração pela PUC-SP. Trabalhou em empresas do segmento financeiro (Itaú BBA) e varejo (BRMALLS) até 2016, quando iniciou a jornada de produção de conteúdo para a internet com foco em finanças.