Economia

Haddad: Grau de investimento pode levar alguns anos, mas é inevitável

Haddad, aproveitou o anúncio da revisão pela S&P Global da perspectiva do rating BB- do Brasil, de estável para positiva, para voltar a cobrar do Banco Central a redução da Selic, atualmente em 13,75%

Data de publicação:15/06/2023 às 08:00 - Atualizado um ano atrás
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira, 14, que o Brasil vai retomar o grau de investimento e que não há cabimento o País ter avaliação pior do que a de outros países latino-americanos, pois a situação local é mais favorável.

"Não tem cabimento esse País não ter grau de investimento pelas riquezas que tem, começando pelo seu povo, que tem mais de US$ 300 bilhões de reservas cambiais, não deve um dólar no exterior, é credor internacional, tem inflação menor que a da Europa e Estados Unidos. Como é que esse País não vai ter grau de investimento? É um processo", disse.

Mudança de rating do País de estável para positiva é apenas um processo, diz Haddad - Foto: Reprodução

Para ele, a mudança na perspectiva de rating do Brasil da S&P Global, de estável para positiva, é o início desse processo, que tende a se consolidar com a reforma tributária.

"Com a aprovação da reforma tributária vai vir uma mudança de degrau, vamos subir um degrau. O absurdo é nós não termos. Um País como o Brasil tem de ter. Compare a economia brasileira com a de qualquer país da América Latina. Tem três ou quatro países latino-americanos com grau de investimento em uma situação que eu não desejaria estar. E o Brasil, com tudo que tem, vai deixar de ter?", ponderou.

O ministro disse que o processo de degradação política do País nos últimos dez anos influenciou a avaliação de risco do Brasil. "A crise econômica é consequência dessa deterioração política. Nossa última crise econômica foi nos anos 1980. De lá para cá, é de outra natureza. Não é uma crise econômica. Vivemos por dez anos uma desarmonia entre os Poderes, que resultou nesse embaraço do qual nós estamos saindo", disse.

Haddad reiterou que a questão institucional e a harmonização entre os Poderes fará o País recuperar o grau de investimento. "Pode levar alguns anos? Pode, mas é inevitável se nós trabalharmos juntos", disse.

Só falta o BC

Haddad, aproveitou o anúncio da revisão da perspectiva do rating BB- do Brasil, pela S&P Global, de estável para positiva, para voltar a cobrar do Banco Central a redução da Selic, atualmente em 13,75%. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na próxima semana.

"Penso que a harmonia entre os Poderes tem contribuído para os resultados. Está faltando o BC se somar a esse esforço, mas quero crer que estamos prestes a ver isso acontecer", afirmou Haddad, na portaria do edifício sede do ministério.

Haddad se pronunciou ao lado de seus principais secretários, incluindo o secretário-executivo da Pasta, Gabriel Galípolo, indicado para a Diretoria de Política Monetária do BC.

"Acredito na harmonia entre as políticas fiscal e monetária. Tudo concorre agora para que essa harmonização ocorra mais rapidamente do que previsto. Há seis meses ninguém diria que estaríamos nessa situação. Temos uma oportunidade de ouro", disse o ministro.

Mais uma vez, Haddad comparou o alto nível dos juros brasileiros com os juros dos Estados Unidos e da Europa. "Eles estão muito mais longe da meta de inflação que nós, muito mais. No entanto, as taxas de juros são muito mais modestas", enfatizou. "Todos nós somos contra a inflação. Temos um sistema de metas que foi criado há mais de 20 anos. Ninguém pensa em mudar o regime de metas, podemos aperfeiçoá-lo, mas o seu arcabouço está consolidado", completou.

Ele relatou ainda que 70% da reunião de hoje entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e empresário do Instituto para Desenvolvimento do Varejo foi sobre crédito e juros. Os executivos estiveram nesta semana com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e também o pressionaram pela redução da Selic./A

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