Gestores de fundos de crédito foram às compras em abril, segundo XP
XP ressalta postura compradora de gestores, que aproveitaram oportunidades para adquirir ativos de qualidade a preços favoráveis
Em relatório publicado na última sexta, 19, a XP buscou visões de gestores para realizar uma atualização sobre fundos de crédito, levando em consideração os recentes episódios envolvendo a Light.
Na análise foram abordados aspectos como o desempenho recente dos fundos de crédito privado e outros dados como carrego, duration e nível de caixa das carteiras dos fundos de crédito em abril, em especial comparando com outros meses e com o ano anterior.
A amostra analisada pela XP contou com 68 fundos de investimento, classificados como renda fixa crédito liquidez e crédito high grade. De acordo com o relatório, os fundos possuem liquidez de até D+33 e estão abertos para investir.
“Da amostra coletada, apenas 6 fundos apresentam retornos acima do CDI no ano de 2023 (até 10/05/2023), mas quando comparados aos principais índices de crédito, 88% dos fundos estão acima do IDA-DI (reflete espelha o comportamento de uma carteira de dívida privada, mais especificamente das debêntures) e todos os fundos estão com performance acima do IDEX-CDI (criado pela JGP, acompanha o crédito privado)”, conta o relatório.
Na analise alongada para 24 meses, os retornos foram excedentes ao CDI.
“Em relação aos spreads de crédito medidos pelo Idex DI, estes se encontram em patamares mais elevados agora do que estavam em dezembro do ano passado, tornando o carrego dos ativos mais atrativos no geral”, diz a corretora, que retirou os dados referentes à Americanas da amostra.
A explicação para não analisar os dados envolvendo a varejista nos fundos de crédito foi que se trata de um “caso atípico” e que há, atualmente, tanto um processo de responsabilização do evento quanto da reestruturação da empresa.
Outro ponto destacado pela corretora foi a diminuição de caixa apresentado pelos gestores em abril, com caixa mediano de 20% no mês em comparação à 22,43% apresentado em março. Isso se deu pela movimentação de compra maior, aproveitando oportunidades que surgiram com bons preços.
Consensos entre gestores
Entre os pontos que são consenso entre os gestores consultados pela corretora, estão as trocas nas carteiras, para garantir melhor carrego e a qualidade dos ativos escolhidos, a expectativa de normalização de spreads, chegando a patamares atrativos; e o aumento do fluxo no mercado secundário de crédito.
“Em resumo, apesar da cautela do cenário atual em relação a manutenção da taxa de juros, possível piora em relação aos fundamentos das empresas, e volatilidade recente no mercado de crédito, os gestores buscaram aproveitar o movimento de aumento de spreads nos ativos de boa qualidade de crédito para melhorar o carrego e qualidade da carteira do fundo.
Além disso, outro fator que pode ser muito positivo na visão dos gestores, é a possibilidade de ganho de capital na volta desses spreads à normalidade”, explica o relatório.
Light
Sobre a Light, a corretora faz a ressalva que a elaboração do relatório é anterior ao pedido de recuperação judicial por parte da empresa. Contudo, a situação da concessionária já era bem conhecida pelo mercado, o que permite algumas observações da XP.
“A princípio, no geral, as debêntures da Light foram marcadas a cerca de 69% do valor de face em grande parte dos administradores dos fundos no dia 02/02. Em seguida, houveram alguns ajustes de marcação no papel, de forma que estes estavam sendo negociado entre 30-40% do valor de face na grande maioria dos fundos no inicio do mês de abril", conclui a XP.