Fed eleva taxa de juros em 0,75% e sinaliza que pode haver novos aumentos
Em comunicado, Fomc destacou que está ‘fortemente comprometido a trazer a inflação de volta para a meta de 2%’
O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou que irá elevar a taxa básica de juros dos Estados Unidos em 0,75% ponto porcentual para uma faixa de 1,5% a 1,75%, em comunicado divulgado na tarde desta quarta-feira, 15.
A elevação nesta magnitude era esperada pelo mercado, após o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) de maio ter surpreendido os analistas com um avanço além das expectativas na última sexta-feira, 10.
O ajuste de 0,75 p.p foi o primeiro adotado pela autoridade monetária no ciclo atual - anteriormente foram duas altas de 0,50% - no ciclo de aperto monetário e o mais acentuado desde 1994.
Além disso, o Fed sinalizou que novos aumentos nos juros dentro da faixa-alvo “serão apropriados” e seguirá reduzindo a compra de ativos.
“Além disso, o comitê continuará reduzindo suas participações em títulos do Tesouro e em títulos lastreados em hipotecas, conforme descrito nos planos para a redução do tamanho do balanço do Fed emitidos em maio”.
Fomc, em comunicado divulgado ao mercado nesta quarta-feira
O colegiado reconheceu que a inflação "permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de energia e pressões mais amplas sobre os preços”, mas reforçou seu compromisso de trazê-la de volta “ à meta de 2%”.
Projeções para os próximos anos
No comunicado, o Fomc também divulgou as projeções atualizadas para o Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês), indicador de inflação preferido do Fed para balizar as decisões de política monetária americana.
De acordo com o documento, a expectativa é de um PCE na casa dos 5,2% para este ano, 2,6% para 2023 e 2,2% para 2024.
Em relação ao crescimento dos EUA, o Fed projeta alta de 1,7% para este ano, 1,7% para 2023 e 1,9% para o ano seguinte.
Perspectivas econômicas
O Fomc enfatizou que “continuará monitorando as informações que possam impactar nas perspectivas econômicas para ajustar a orientação da política monetária americana”.
Entre os assuntos mencionados nesse sentido pelo comitê do Fed foram a guerra da Ucrânia e os lockdowns na China.
“A invasão e os eventos relacionados estão criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e estão pesando sobre a atividade econômica global. Além disso, os bloqueios relacionados à covid-19 na China provavelmente intensificarão as interrupções na cadeia de suprimentos. O comitê está altamente atento aos riscos inflacionários”, destacou.
O que pensa o mercado sobre a alta de 0,75 p.p?
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, diante da realidade inflacionária, o Fed deve promover mais uma elevação de 0,75 na taxa básica de juros do país, "principalmente quando consideramos a declaração de que o comitê está fortemente comprometido com o retorno da inflação para o patamar de 2%".
Entretanto, segundo Sanchez, apesar do discurso do Fomc, as projeções apontam para o core do PCE em 2,7% em 2023 e em 2,3% em 2024, "mesmo ao considerar um PIB que não consegue superar os 2%, o que significa que a retórica difere da ação".
Para Marcelo Oliveira, fundador da Quantzed, o Fed acredita que o desemprego está "muito baixo", mas mesmo com uma projeção de aumento do emprego para 2023, "isso não será suficiente para parar a autoridade monetária".
"Aguardamos informações no discurso do Powell (Jerome Powell, presidente do Fed) para definir a projeção de política monetária, mas tendo em vista que a autoridade vem cedendo à realidade mais severa, nossos modelos sugerem que a Fed Funds Rate deverá ser conduzida até 3,75% e 4,00% ainda esse ano, com o Fed subindo juro em 75bps na próxima reunião, +50bps nas duas reuniões seguintes e +25bps nas duas últimas reuniões do ano", conclui Sanchez.
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