Fed fará o que for necessário para retomar equilíbrio da economia, diz dirigente
Risco é de uma elevação exagerada dos juros que possa provocar uma recessão
Presidente da distrital de Minneapolis do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Neel Kashkari disse que a autoridade monetária dos EUA vai "fazer tudo o que for necessário" para retomar o equilíbrio da economia do país, que passa por um choque inflacionário movido pela alta demanda interna.
Parte do aumento dos preços deve reduzir por conta própria, ressaltou o banqueiro central. Entretanto, a taxa anual de inflação não deve voltar à meta de 2%, mas estará à caminho de atingir o objetivo com as mudanças na política monetária, disse.
Kashkari afirmou que o Fed vai monitorar os indicadores nos próximos seis meses para garantir que a inflação estará na trajetória "correta".
Segundo o dirigente, que não tem direito a voto nas reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) este ano, o Fed tem capacidade de apertar as condições financeiras ao subir a taxa de juros, o que pressionaria a demanda. Os problemas na cadeia de suprimentos, porém, não podem ser resolvidos pela política monetária, explicou.
Kashkari avalia que ainda "levará algum tempo" até que a cadeia de suprimentos volte a operar normalmente e toda a força produtiva nos EUA retorne ao mercado de trabalho.
Risco de recessão
Neel Kashkari alertou contra a possibilidade de provocar um cenário de recessão e baixa inflação nos Estados Unidos, caso o BC suba o juro de forma "muito agressiva". A afirmação foi realizada durante evento online nesta quarta-feira, 16.
Ainda que seja necessário subir o juro para controlar a alta inflação no país e evitar um descontrole das expectativas para os preços, Kashkari afirmou que não se pode ignorar os riscos de que um aperto monetário excessivo pressionaria demais a demanda americana.
"Vejo mais risco de acabar em um ambiente de baixa inflação em alguns anos", disse o banqueiro central, que não tem direito a voto.
Ata do Fomc
Ainda nesta tarde, o Comitê Federal de Mercado Aberto irá divulgar a ata de sua última reunião com possíveis indicações sobre os próximos passos da autoridade monetária.