Fed mantém juros dos EUA no piso ‘pelo tempo que for necessário’ e dólar fecha o dia valendo R$ 5,362
A decisão do Fed (banco central americano) de manter inalterada a taxa de juros ajudou a derrubar as cotações do dólar pelo mundo, e também aqui…
A decisão do Fed (banco central americano) de manter inalterada a taxa de juros ajudou a derrubar as cotações do dólar pelo mundo, e também aqui no Brasil. A moeda ficou cotada a R$ 5,362, com queda de 1,82% em relação ao fechamento do dia anterior. Nível mais baixo desde o dia 2 de fevereiro, quando a moeda foi comercializada a R$ 5,3548.
Na tarde desta quarta-feira, 28, a moeda rompeu sua sustentação ao nível de R$ 5,40 e transitou a maior parte do dia na faixa dos R$ 5,39, mas chegou a bater nos R$ 5,35.
O grande responsável pelo movimento é o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Ele afirmou hoje que não é hora de começar a falar de retirar estímulos da economia. Ao contrário, prometeu apoiar uma aceleração da atividade, por meio de sua política monetária, "pelo tempo que for necessário".
Como resultado, as bolsas de Nova York reagiram com forte alta, sinal de que o investidor que esperava algum retorno maior com títulos do governo americano, resolveu partir para a renda variável.
Esse é um movimento que tem impactos em todo o mundo e aquece moedas de outros países, que passam a ser procuradas pelo aplicador, já que a ordem do dia é ampliar um pouco o apetite pelo risco.
Assim, o DXY, índice que compara o dólar frente outras seis moedas fortes do mundo, caia 0,35% às 16h, aos 90,567 pontos. Antes do discurso de Powell, ele cedia apenas 0,01%.
E o real se beneficia. No mês, a valorização da moeda brasileira, uma das que mais vem sofrendo desde o início da pandemia, já é de 6,14%. No ano, porém, ela inda cede 1,82%, na comparação com o dólar.
Cenário interno
Também contribuíram para queda do dólar frente o real hoje a fala do ministro da economia, Paulo Guedes, ao se referir a "excelentes notícias no front da economia", destacando a criação de empregos no País.
A economista Carla Argenta, da CM Capital Markets, afirma que a moeda reage com baixa, ainda, diante dos discursos dovish, manutenção dos juros e estímulo à economia, da presidente do BCE, Christine Lagarde, diante do nível de atividade europeia e americana aquém do período pré-pandemia e porque a inflação ainda não está pressionada nesses países.
"Como a política monetária será feita, se virão mais pacotes de estímulos na zona do euro e EUA, essas dúvidas é que estão ditando o ritmo do dólar antes dos comentários dessas autoridades", avalia a economista.
Além disso, ela analisa que esta no radar também a decisão de juros do Banco Central brasileiro, na próxima semana. "Com manutenção de juros nos EUA e Europa, a aposta em alta de 0,75 ponto da Selic favorece o diferencial de juros para o Brasil, em relação ao exterior. A diferença pode atrair investidores estrangeiros em meio à farta liquidez internacional, a despeito do risco fiscal interno", comenta.
Aponta ainda que captações externas e o IPO da Caixa Seguridade ajudam também no movimento de queda de curto prazo, bem como o Caged de março, com criação de emprego pouco acima das expectativas, em um mês marcado pelas medidas de restrição à mobilidade por causa da segunda onda da Covid-19 no País.
O mercado de trabalho formal brasileiro registrou um saldo positivo 184.140 carteiras assinadas em março, acima da mediana positiva de 150.000 postos de trabalho, mas dentro do intervalo das projeções do mercado (fechamento líquido de 300.000 vagas a abertura de 275.000 vagas em março)./Agência Estado