Semana será crucial para entender se dólar cai para baixo de R$ 5 no longo prazo
As reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), dos Estados Unidos, serão determinantes para que…
As reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), dos Estados Unidos, serão determinantes para que possamos compreender a trajetória da cotação do dólar frente ao real nos próximos meses.
Se tudo caminhar como o projetado pelo mercado, com juros subindo aqui e se mantendo por lá, o real tende a se valorizar. Acrescida à agenda positiva com a vacinação aqui no Brasil, a cotação da moeda americana poderia, enfim, vir abaixo dos R$ 5, o que não acontece desde meados do ano passado.
Sobe e desce
A cotação do dólar frente ao real segue abaixo de R$5,20 e em breve poderá (observe, ainda não é um cenário dado como certo!) reverter a tendência de alta de longo prazo, que tem um gatilho de reversão em R$5,187 (mais detalhes no artigo da semana passada).
Como previsto, após quase bater R$5,00, o dólar subiu para o meio da região entre R$5,10 e R$5,20, alvos apontados na semana passada.
Esta alta até o momento é normal e previsível e pode durar mais alguns dias, mas acreditamos na reversão da tendência de longo prazo e em cotações mais baixas para o dólar em relação ao real nos próximos meses.
Os eventos desta semana serão muito importantes para a confirmação deste cenário e, além disso, o avanço da vacinação no Brasil, como a antecipação feita por São Paulo, é ótimo para os nossos ativos.
Até o momento, os fundamentos melhores da economia brasileira pouco fizeram efeito. Observe no gráfico abaixo (entre outubro do ano passado até o dia 11 de junho) que a cotação do dólar frente ao real está muito próxima da cotação do Dollar Index. Esperamos um descolamento positivo para nossa moeda nos próximos meses:
O relatório Focus deve começar a divulgar projeções mais baixas para o dólar em relação ao real e alguns bancos já rebaixaram nos últimos dias as projeções para o final deste ano: Bradesco (de R$5,60 para R$5,10), Itaú BBA (de R$5,30 para R$4,75) e Goldman Sachs (de R$5,10 para R$4,65 em seis meses – ou seja, a partir de novembro/2020).
Retrospectiva: CPI americano divulgado em 10 de junho
O dado mais importante divulgado na semana passada foi o CPI, que mede a inflação ao consumidor, mas não é o índice utilizado pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano), que é o PCE, divulgado sempre no final do mês.
Os Estados Unidos sempre divulgam as suas medidas de inflação com base mensal e anual, inflação “cheia” e “core”, que é o núcleo excluído os preços de alimentos e combustíveis, considerados mais voláteis.
Os índices mensais de maio vieram abaixo dos índices mensais de abril, apesar de terem superado as expectativas (o gráfico abaixo contém do índice cheio).
Além disto, a inflação refletiu basicamente - e novamente - a alta de preços relacionados a itens da reabertura econômica, em especial aluguel de carros (7,3%), valor dos carros usados (12,1%) e preços das passagens aéreas (7%).
O gráfico abaixo, elaborado pela Pictet Asset, decompõe o núcleo da inflação no mês de maio. Observe que, excluindo o efeito base e retirados os itens sensíveis à abertura econômica (como carros usados e passagens aéreas), o núcleo da inflação está bem comportado, em 1,6%.
Assim, ainda há sinais de que a inflação atual pode ser transitória e, se isto for confirmado nos próximos meses, a política monetária do Fed seguirá acomodatícia e deixará o Dollar Index mais fraco.
Próximos eventos relevantes:
- 16/06 – Super Quarta/reunião do Fomc (Copom americano): será divulgado o “gráfico de pontos” com as novas projeções para a economia. O que mais os investidores irão observar é a projeção para a taxa de juros
- 16/06 – Super Quarta/reunião do Copom
- Final de agosto: Simpósio Jackson Hole, organizado pelo Fed de Kansas City. Em diversas vezes o evento foi palco de importantes discursos sobre política monetária. (https://www.kansascityfed.org/research/jackson-hole-economic-symposium/economic-symposium-conference-proceedings/)
Sobre a reunião do Fomc
Devemos estar atentos a dois pontos: indicação se houve ou não o início da discussão para a redução do volume mensal de compras de ativos e o gráfico de pontos - reproduzimos abaixo o referente da reunião de março, o último disponível (é atualizado a cada 90 dias ou a cada duas reuniões do Fomc).
Em relação ao gráfico de pontos será essencial observamos o que pensam os membros do Fed (não do Fomc) em relação à taxa de juros básica em 2022, 2023 e no longo prazo.
Quanto mais membros aderirem aos círculos roxos, que indicam juros mais altos, mais o Dollar Index tenderá a se valorizar. Note que o gráfico a seguir não aponta quais membros admitem juros mais altos, o que dificulta a análise porque somente os membros do comitê podem votar.
Sobre a reunião do Copom
A taxa de juros Selic subirá de 3,50% para 4,25% a partir desta quinta-feira. O importante será a mensagem, que deverá ser favorável a taxa de juros mais elevada devido à inflação mais resistente.
Relembrando que a inflação brasileira está muito contaminada pelo dólar alto e commodities elevadas, fatores que pressionam o preço dos alimentos e dos combustíveis. Juro mais alto está relacionado a dólar mais baixo, e quanto mais o Copom indicar que subirá o juro para o território neutro (em torno de 6,5% atualmente) mais a nossa moeda irá se valorizar.
Desejo a todos uma ótima semana e bons negócios!
*Este artigo não expressa necessariamente a opinião do portal Mais Retorno.