Economia

Campos Neto, presidente do BC, fala sobre preços alto da energia, inflação e equilíbrio fiscal no País

Os preços da energia têm subido no mundo todo, e no Brasil estão no pico

Data de publicação:01/10/2021 às 03:00 - Atualizado 3 anos atrás
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira, em webinar do Morgan Stanley, que os preços de energia têm subido ao redor do mundo, e no Brasil estão no pico. Segundo ele, porém, o problema deve ser mais persistente em países emergentes. Ele comentou também sobre a queda recente do preço minério e disse que isso tende a impactar a balança comercial do Brasil.

Campos Neto ainda repetiu que as commodities não estão se comportando mais na mesma direção.

Presidente do Banco Central do Brasil (BC), Roberto Campos Neto. - Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Avaliou, no entanto, que há um início de estabilização dos preços de commodities e que a maior probabilidade é de que isso continue. "É difícil dizer se é um novo processo ou se teremos novo aumento, mas acho que é mais provável uma estabilização", disse, comentando que a estabilização do crescimento da Ásia e da China tem um efeito nessa direção.

Campos Neto reconheceu que a moeda brasileira não "reagiu" para absorver o choque de commodities, mas que isso foi visto também em outros países. "Prêmios de risco criaram situação de fraqueza para algumas moedas", afirmou, acrescentando que a desvalorização do real foi maior em 2020 do que em 2021.

Fontes que alimentam a inflação

O presidente do BC afirmou também que a visão de que a inflação seria temporária já foi ultrapassada no mundo, mas que há diferença no passo de normalização monetária entre os países.

Segundo ele, o Brasil tem feito mais para normalizar a taxa de juros. "Brasil teve choques específicos que impactam País de forma diferente". Mas Campos Neto argumentou que os preços de serviços no Brasil ainda estão mais baixos do que os vistos nos outros países, em meio ao processo de normalização do consumo de bens para serviços.

O presidente do Banco Central afirmou que há clara diferenciação entre a recuperação dos países avançados e os emergentes, com melhor desempenho dos países desenvolvidos. Ponderou, no entanto, que, um ano e meio após o início da pandemia de covid-19, a maioria dos países está perto do nível anterior à covid.

O presidente do BC ainda repetiu que a recuperação global tem desacelerado na margem e destacou o desempenho da Ásia, que tem sofrido com a variante delta e também citou "outros fatores" sem detalhar.

Condições para o crescimento sustentável

Campos Neto repetiu que controlar a inflação é a melhor maneira de criar crescimento sustentável, especialmente em um país com memória inflacionária como o Brasil, em linha com o mandato secundário da autoridade monetária, incluído na lei de autonomia este ano.

Ele argumentou ainda que o impacto sobre a economia não depende apenas do que ocorre com a Selic, mas de como isso se propaga na curva. "Você pode aumentar a Selic e produzir condições financeiras mais frouxas. É preciso ter credibilidade no processo de estabilização de preços."

O presidente do BC também comentou que a inflação brasileira sofreu uma sequência de choques, com os alimentos, combustíveis e energia, que começam a ser repassados no processo de reabertura da economia. Mas ponderou que é difícil modelar esse repasse de custos em um momento inédito como o atual, de recuperação da pandemia de covid-19. "Repasse de custos não ocorre de maneira linear."

Sobre a inércia, Campos Neto disse o BC está avaliando constantemente, mas que as evidências indicam que o nível é o mesmo do passado. "Não temos evidência de aumento de inércia inflacionária."

O presidente do BC afirmou que a credibilidade da política monetária é chave no Brasil para atingir a meta de inflação. "Estamos dizendo de maneira bem forte que faremos o que for necessário para cumprir a meta de inflação."

Ao mesmo tempo que pregou a credibilidade da política monetária, o presidente do Banco Central reforçou que a autoridade monetária não está "ajustando os objetivos" em meio à inflação alta. "Sempre há uma meta móvel. Não estamos mudando nossos objetivos porque a inflação está alta. Tentamos ser o mais transparente possível nas nossas comunicações. Precisamos atingir a meta de inflação", disse.

Campos Neto ainda repetiu que, na visão do BC, o nível final da Selic é mais importante que o ritmo de alta para alcançar a meta de inflação. "Acreditamos que o passo e o instrumentos que temos agora são compatíveis com o cumprimento da meta.

Ruídos com equilíbrio fiscal

O presidente do BC repetiu que os ruídos relacionados ao fiscal têm trazido apreensão. Em meio ao debate de nova rodada de auxílio emergencial e ampliação do Bolsa Família, o presidente do BC afirmou que há dúvidas se o programa social será temporário ou permanente e como será financiado. "Muitas perguntas sobre programa social ainda não foram respondidas."

Campos Neto, porém, repetiu que, "virada essa página", a perspectiva é de melhora. O presidente do BC citou novamente a melhora nos dados fiscais e destacou que não se deve apenas à inflação.

O presidente do BC ainda destacou que o crescimento do crédito no Brasil é saudável, com baixa inadimplência. "Tivemos um dos maiores crescimentos de crédito entre emergentes em 2020", lembrou. /Agência Estado

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